Neste domingo, China anuncia permissão para fundos de pensão investirem em ações

Publicado em 23/08/2015 20:34

XANGAI - A China autorizou, neste domingo, os fundos de pensão geridos por governos locais a investir nos mercados acionários pela primeira vez, o que cria a possibilidade de centenas de bilhões de yuans entrarem nas Bolsas locais, que têm sofrido quedas intensas nas últimas semanas. A medida vinha sendo discutida pelo governo desde 30 de junho, durante o pior momento da recente crise do mercado acionário.

Apesar de uma série de medidas para apoiar o mercado, a confiança dos investidores ainda é reduzida devido aos sinais frequentes de desaceleração da segunda maior economia mundial.

O Conselho de Estado, o gabinete chinês, publicou as regras definitivas neste domingo, logo após a forte queda de 12% das ações na semana passada, a pior desde junho.

Os fundos de pensão poderão, a partir de agora, investir até 30% de seus ativos líquidos em ações, fundos acionários e fundos mistos, de acordo com as normas publicadas no site do Conselho de Estado. Até então, os fundos de pensão só podiam investir em depósitos bancários e títulos do tesouro. Juntos, os fundos administram ativos de mais de 2 bilhões de yuans (US$ 322 bilhões) o que significa que, em teoria, até 600 milhões de yuans poderiam migrar para os mercados de ações, segundo estimativas da imprensa oficial chinesa.

De acordo com as novas regras, os fundos de pensão podem investir também em títulos do mercado financeiro, títulos do mercado futuro chinês e nos principais projetos de infraestrutura do país.

MUDANÇA NA POLÍTICA CAMBIAL

No início de agosto, o governo chinês alterou as regras de câmbio, permitindo uma variação de 2% para cima ou para baixo do yuan. Em nota a clientes, o Investec Economics, instituição global especializada em gerenciamento de investimentos, disse que “todos os olhos estarão voltados para as autoridades chinesas por novos passos na política monetária”.

Os especialistas também acreditam que o Banco Popular da China (o banco central chinês) vá aumentar a liquidez dos bancos chineses nas próximas semanas como forma de estimular o crédito e permitir que a economia cresça 7% em 2015. O Standard Chartered, por sua vez, lembrou que a injeção de recursos, por meio da redução de recursos que os bancos precisam manter ter em caixa, deve ocorrer em duas semanas. Neste ano, o governo já reduziu esse patamar três vezes.

Diretor do FMI diz que é ‘prematuro’ falar em crise na China

A desaceleração econômica da China e a forte queda de seu mercado de ações não anunciam uma crise mas um “ajuste necessário” da segunda maior economia mundial, disse neste sábado um alto funcionário do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Nova evidência de que o crescimento da China está desacelerando derrubou as bolsas mundiais e provocou a maior queda diária de Wall Street em quase quatro anos.

“As políticas monetárias têm sido muito expansivas nos últimos anos por isso um ajuste é necessário”, disse Carlo Cottarelli, diretor-executivo do FMI que é representante em países como Itália e Grécia.

 
 

“É absolutamente prematuro falar em uma crise na China”, afirmou durante entrevista coletiva neste sábado.

Cottarelli reiterou a previsão de um crescimento de 6,8% para a China neste ano, abaixo dos 7,4% registrados em 2014.

“A economia real da China está desacelerando, mas é perfeitamente normal que isto ocorra (...) o que tem acontecido recentemente é um choque nos mercados financeiros que é natural”, acrescentou.

Neste ano, as ações chinesas já caíram aproximadamente 30%. A atividade no setor industrial da China recuou no maior ritmo em quase seis anos e meio em agosto, com fraqueza na demanda doméstica e por exportações, mostrou a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) preliminar do Caixin/Markit, dando força a preocupações sobre possível desaceleração forte da segunda maior economia do mundo.

Fonte: Reuters

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