Legado de Lula ameaçado, Temer cansado, Marcha dos Pixulecos e o novo roteiro para o impeachment de Dilma

Publicado em 21/08/2015 19:01
na Reuters e VEJA

A jornal alemão, Dilma reconhece que não cumpriu promessas e pede 'mais tempo'

Presidente afirmou que espera recessão por, no máximo, mais doze meses. Mas que o caminho será duro e ninguém passará por ele sem ajustes dolorosos (em VEJA.COM):

 

 

A presidente Dilma Rousseff: ajustes serão dolorosos(Antônio Cruz/Agência Brasil)

Em entrevista concedida ao jornal alemão Handelsblatt, a presidente Dilma Rousseff reconhece que - nove meses depois de assumir seu segundo mandato - não entregou o que prometeu na campanha. Imersa em uma grave crise política e diante do risco de ver instaurado um processo de impeachment, a petista pede "mais tempo" para alcançar as expectativas.

Dilma falou ao jornal por ocasião da visita de Estado da chanceler alemã Angela Merkel ao Brasil. À publicação especializada em economia, a presidente afirmou que espera que a recessão no país persista por mais "seis ou, no máximo, doze meses", mas que a estrada adiante será dura e "ninguém passará por ela sem ajustes dolorosos". Pesquisa Focus divulgada na segunda-feira indica que analistas do mercado econômico ouvidos pelo Banco Central projetam dois anos de encolhimento da economia brasileira - menos otimistas, portanto, do que a petista.

Diante desse cenário, a presidente afirma que o ritmo de redução da pobreza no Brasil será mais lento. Não vamos progredir tão rápido como na década passada", afirmou, em referência ao mandato de seu antecessor.

Sobre o escândalo de corrupção na Petrobras, a presidente repetiu o discurso de que os responsáveis devem ser punidos, mas as empresas não. "Nós não queremos criminalizar as empresas ou puni-las coletivamente. Nosso modelo é o dos Estados Unidos, que punem os responsáveis e as empresas seguem em frente", afirmou.

 

Na REUTERS: Legado de Lula é ameaçado à medida que crise aumenta

 

Por Paulo Prada e Asher Levine

SÃO PAULO (Reuters) - Uma crise política e econômica em curso mais uma vez ameaça derrubar a principal liderança política do país: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Seu legado, que já havia sido chamuscado pelo escândalo do mensalão envolvendo compra de votos no Congresso, está de novo no olho do furacão com a turbulência econômica e política que levou o índice de aprovação da presidente Dilma Rousseff, sua sucessora escolhida a dedo, para um dígito.

    Com a ampla investigação de corrupção da operação Lava Jato, envolvendo a Petrobras e assessores e colaboradores-chave de governos petistas, mais uma vez o Partido dos Trabalhadores, agora em seu 13º ano no poder, volta ao centro de um novo escândalo.

    Embora Lula não tenha sido acusado de nenhum crime --e é cedo para descartar um líder que esteve à frente da política brasileira por mais de uma década-- o amor ao homem que foi chamado por Barack Obama de "o político mais popular do planeta" está minguando.

    A Polícia Federal prendeu novamente neste mês seu ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no caso do mensalão. O Ministério Público vem fechando acordos de delação premiada com executivos das maiores empreiteiras do país, uma delas próxima a Lula, acusadas de envolvimento no esquema de corrupção com a Petrobras.

Isso tudo combinado significa que mesmo aliados de longa data estão vacilando.

"Na minha opinião e na opinião de muitos, o governo do Lula foi o melhor da história democrática do Brasil... Mas agora está se vendo que as bases que deixou não são tão fortes assim", disse Frei Betto, ex-assessor de Lula.

O desencanto sinaliza a maior mudança na política brasileira desde 2002, quando eleitores, uma vez desconfiados de Lula como radical de esquerda, decidiram confiar a ele o que atualmente é a maior economia da América Latina.

    Isto também mostra o quão rapidamente suas realizações como presidente, como a retirada de 40 milhões de pessoas da pobreza, começaram a sofrer abalos. Após um boom de uma década, o Brasil agora passa por uma contração econômica, com desemprego e inflação em alta e com dois em cada três brasileiros querendo o impeachment da sucessora de Lula, segundo pesquisa de opinião.

    Até o sólido apoio que Lula desfrutou entre eleitores de mais baixa renda está vulnerável.

    "Tudo está ficando pior e pior", disse Marta Marques, gari de 39 anos, no centro de São Paulo. "Tinha fé em Lula no início, mas isto tudo mudou."

    A mudança na maré atinge a esperança de seguidores que acreditavam que Lula, cujo carisma e lendária habilidade de negociação que o tornaram até agora politicamente indestrutível, pudessem sacudir o partido e levá-lo a um quinto mandato consecutivo, em 2018.

        PERSONIFICAÇÃO DO PARTIDO

    No momento, seu maior risco são esforços da mídia e adversários políticos em ligar Lula à corrupção da Petrobras, que começou durante seu mandato e envolveu bilhões de dólares em propinas de empreiteiras para executivos da empresa e operadores do partido em troca de contratos.

    Muitos acreditam que um testemunho em qualquer acordo de delação premiada que venha a ser feito por Marcelo Odebrecht, presidente preso da Odebrecht, um dos vários empreiteiros manchados pelo escândalo, seria particularmente preocupante.

    A maior construtora da América Latina também é uma das diversas empresas da qual Lula recebeu dinheiro por palestras pagas após deixar o poder.

    Em um caso separado, procuradores estão investigando se Lula, em viagens ao exterior depois de deixar a Presidência, usou de forma imprópria sua influência para ajudar a manter os contratos da Odebrecht.

    Em aparições públicas e notas oficiais, Lula tem negado repetidamente ilegalidades e classificado os ataques contra ele como investidas contra a classe trabalhadora.

    Seus advogados estão processando o jornal O Globo e a revista Veja por reportagens que dizem ser caluniosas.

    Verdade ou não, a especulação deu mais munição a críticos do PT.

    "Ele personifica o próprio PT. O desgaste do PT é imensurável nessas denúncias de corrupção", disse Antônio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP), deputado da oposição.

Em manifestações pelo Brasil no último domingo, mais críticas do que nunca, quando centenas de milhares de pessoas pediram o impeachment de Dilma, o nome de Lula foi colocado na fogueira.

    Em Brasília, um boneco inflável gigante representando o ex-presidente em roupa de presidiário passava por cima da multidão e rapidamente virou assunto na internet.

    Embora Lula não tenha abordado recentemente a possibilidade de uma candidatura em 2018, projeções iniciais com ele na disputa sugerem que perderia para o senador Aécio Neves (PSDB-MG), derrotado por Dilma em 2014.

    Ainda assim, analistas políticos alertam que Lula não pode ser descartado, a não ser que sejam apresentadas provas que o liguem à corrupção. Quando o esquema de compra de votos derrubou figuras próximas e quase acabou com seu primeiro mandato, Lula se mostrou hábil ao ser afastar do escândalo, conseguindo a reeleição enquanto outros levaram a culpa.

    "Ainda não há outro líder no Brasil tão capaz de comunicar e agregar as pessoas", disse Mauro Paulino, diretor do instituto de pesquisas Datafolha.

 

 

Denúncia contra Cunha e incertezas sobre Temer podem atrapalhar governo

Por Leonardo Goy e Eduardo Simões

BRASÍLIA/SÃO PAULO (Reuters) - A denúncia contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e as crescentes especulações sobre a permanência do vice-presidente Michel Temer à frente da articulação política podem atrapalhar o governo da presidente Dilma Rousseff.

Apesar de, em tese, a denúncia do Ministério Público Federal contra Cunha por corrupção e lavagem de dinheiro enfraquecer o presidente da Câmara, observadores da cena política lembram que não é do feitio do deputado amainar os ânimos após ser atingido e que, por isso, a tendência é ele manter a temperatura elevada ou subir ainda mais o tom.

"Acho que o apelido que ele carrega, de homem-bomba, é cada vez mais atual. À medida em que se enfraquece, que é o que está em curso, dentro da tática agressiva, ele pode tentar ativar mais algumas pautas-bomba e teremos de administrar isso", disse o vice-líder do PT na Câmara Henrique Fontana (RS).

Fontana é um dos parlamentares que, na quinta-feira, defenderam o afastamento de Cunha da presidência da Câmara, logo após ser formalizada a denúncia contra ele no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposto envolvimento nas irregularidades investigadas pela operação Lava Jato.

Na mesma linha, uma fonte próxima à área de articulação política do governo disse, sob condição de anonimato, que a denúncia contra Cunha no STF pode tornar a situação do governo na Câmara mais "conturbada". Segundo essa fonte, Cunha "age com o fígado" e costuma "se defender atacando".

A percepção de que a denúncia contra Cunha não alivia a vida do governo também existe do outro lado do Congresso Nacional, no Senado.

"Claro que as denúncias contra o presidente da Câmara vão criar mais dificuldades (para o governo), não tenha dúvidas disso", disse à Reuters o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE).

Em nota divulgada após ser denunciado na quinta-feira, o presidente da Câmara voltou a acusar o governo de atuar em conjunto com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para torná-lo o primeiro político denunciado na Lava Jato, que apura uma esquema bilionário de corrupção em estatais. Ele também disse estranhar que nenhum membro do governo ou parlamentar petista tenha sido denunciado.

Nesta sexta, ao participar de evento da Força Sindical em São Paulo, Cunha negou, entretanto, que fará qualquer retaliação por conta da denúncia, mas adotou tom desafiador ao negar que renunciará ao comando da Câmara.

IMPEACHMENT

A principal retaliação que Cunha pode realizar contra o governo seria dar seguimento a um processo de impeachment contra a presidente. Para Ricardo Ribeiro, analista político da MCM Consultores Associados, no entanto, o parlamentar fluminense perdeu força para fazer esse movimento após ser denunciado por corrupção.

"Perde legitimidade um processo de impeachment contra Dilma com as digitais de Eduardo Cunha", avaliou o analista.

Para Ribeiro, no entanto, Cunha deve manter a agressividade contra o governo, mesmo correndo agora o risco de tornar-se réu em uma ação penal da Lava Jato. "A guerra que ele já tinha com o governo, ele vai manter. Ele está em campo aberto de batalha", disse.

TEMER CANSADO

Além das dificuldades que podem vir da Câmara, o governo terá ainda de administrar nas próximas semanas as sinalizações cada vez mais frequentes de que o vice-presidente da República, Michel Temer, quer deixar as funções de principal articulador político do governo.

Aliados e pessoas ligadas ao vice afirmam que uma eventual saída dele da articulação não deve acontecer "por enquanto" e que Temer não tomará medidas que provoquem o agravamento da crise. Reconhecem, entretanto, que o vice tem encontrado obstáculos para exercer suas funções e que tem "desabafado" sobre o assunto com pessoas próximas.

"Falei com o Michel (Temer) ontem (quinta) umas duas vezes, estive com ele antes de ontem (quarta). O que o Michel está dizendo é que ele terminou um papel importante que ele tinha a fazer que era a questão do ajuste fiscal", disse Eunício à Reuters.

"Ele enfrenta dificuldade no governo, coisas internas... o problema é que ajusta as coisas e depois as coisas não caminham, deve ter chateado", disse o líder, ressalvando que não recebeu "absolutamente nada" do vice no sentido de que ele deixará a articulação.

De acordo com a fonte próxima à articulação política do governo, entre as dificuldades enfrentadas por Temer estão a incompreensão que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tem do processo político, o que atravanca a liberação de emendas parlamentares a aliados, e a atuação do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que tem, segundo essa fonte, represado a nomeação de cargos.

Uma fonte do PMDB na Câmara com conhecimento das queixas de Temer, que também preside o PMDB, disse que o vice-presidente de fato tem se dito "bastante cansado" com a tarefa e manifestou que gostaria de atuar numa articulação "mais macro".

Na mesma linha, um senador petista afirmou que Temer, por ser vice-presidente, "pode cuidar dos grandes temas e agir apenas em questões pontuais quando for preciso".

Uma eventual saída de Temer da articulação criaria "um estresse", segundo Ribeiro, da MCM, por sinalizar o afastamento do governo de uma parcela importante do partido. Geraria ainda, segundo ele, um aumento das especulações sobre a posição do vice em relação a um eventual afastamento de Dilma.

(Reportagem de Maria Carolina Marcello, com reportagem adicional de Luciana Otoni em Brasília)

 

 

Algumas considerações sobre os supostos pretos e pobres da Marcha dos Pixulecos… Ou: Mentir para um pesquisador pode ser parte de um valor ideológico

Mistérios rondam alguns números das manifestações. O cardápio já está pronto para brincar de luta de classes nível “Massinha 1”. O Datafolha fez pesquisa entre os que foram às ruas no domingo, defendendo o impeachment de Dilma, e os que marcharam nesta quinta, contra o impedimento.

Não estou desconfiando dos números do instituto — se estivesse, diria. Mas há muito tenho escrito que em tempos de crispação ideológica, a gente precisa se preparar para a hipótese de as pessoas mentirem para os pesquisadores, respondendo o que lhes indica a metafísica influente, não o que realmente pensam ou o que realmente são.

Não há exemplo maior disso do que as ciclofaixas. A imprensa é esmagadoramente a favor. As TVs tratam ciclistas como pensadores. Há até um articulismo que já desistiu de andar sobre dois pés e escolheu as ruas rodas. “Você é favorável a ciclofaixas e ciclovias?”. O “Sim” vai lá para as alturas. Na hora de avaliar o desempenho do prefeito que desistiu de ter apenas os dois pés no chão, é o que se sabe…

Aliás, um dos segredos da militância politicamente correta — e, em larga medida, das esquerdas — é justamente este: transformar as soluções em abstrações boas para a humanidade, de modo que ninguém possa se dizer contra “o bem”. Mas volto às manifestações e ao Datafolha.

Há números interessantes. No ato petista, 52% disseram ter curso superior; no antipetista, 60%. São números muito acima da média. No Brasil, em 2013, 11% declararam ter chegado à universidade. Nos dois casos, estaríamos falando, então, de minorias, certo?

Quando se vai verificar a grana, no entanto, algo curioso acontece: no ato petista, pessoas de famílias com renda até dois mínimos somariam 24%; no antipetista, apenas 6%; com ganhos acima de 20 mínimos, 5% entre manifestantes vermelhos e 17% entre verde-amarelos. Estranho. Vai ver existe universitário “companheiro” ganhando dois mínimos. Deve ser por pura incompetência, não?, num país em que há tão poucas pessoas com o terceiro grau. Infiro que, nos protestos anti-Dilma, ter um salário baixo não é um valor ideológico; nos atos petralhas, é.

Mais: dá para fazer outra brincadeirinha ainda mais perigosa: luta racial nível “Massinha II”. No domingo, os pardos e pretos somariam 20%; nesta quinta, 49%. O Datafolha segue o critério da autodeclaração. Eu vi de perto as duas manifestações. Fora a cor das bandeiras, a diferença visível é nenhuma. Até o formato do crânio é o mesmo — se é que entendem a ironia… Digam-me: em que grupo ser “negro” passou a ser um valor ideológico? Ah, sim: eu sou, fazendo uma conta resumida, pelo menos 60% índio. Apesar de tanta brancura. Mas decidi ser vermelho no IBGE — só na pele que não tenho, bem entendido.  E na esperança de uma dia reivindicar todo o litoral norte de São Paulo pra mim. Já nem chamo aquele satélite da Terra de “Lua”. É “Jacy”.

Está na hora de o Datafolha fazer uma espécie de “Esquadrão Secreto” para avaliar a qualidade das respostas. Sei que mecanismos parecidos já existem. É o caso de aprimorá-los. Até porque, convenham, quando se cotejam essas respostas com a avaliação que se faz do governo Dilma, um raio ilumina a qualidade e a veracidade das respostas. Segundo o instituto, nada menos de 54% — sim, isso mesmo!!! — dos que foram às ruas na quinta acham o governo Dilma ótimo ou bom; só 20% consideram “ruim ou péssimo”.

Convenham: é evidente que se trata de uma resposta orientada pela escolha política, pela ideologia, pelo alinhamento partidário. Houve um tempo em que, com efeito, só quem projetava a situação para anos vindouros percebia a baixa qualidade do governo. Hoje em dia… Quem são essas pessoas que reconhecem as virtudes superiores da gestão Dilma? Vai ver são os pretos e pardos, com ensino universitário, cujas famílias têm renda de até dois mínimos….

Em momentos assim, a gente diz lá em Dois Córregos: “Não orna!!!”.

Finalmente, tenho outra curiosidade; segundo o Datafolha, 35% dos que estavam na Marcha dos Pixulecos eram assalariados. É mesmo? Mataram o trabalho nesse dia? Vai ver é por isso que não conseguem convencer seus patrões a lhes pagar uma salariozinho melhor…

Tenha paciência!

Por Reinaldo Azevedo

 

A classe petralha vai ao paraíso!

Esse negócio de fazer algum esforço para chegar a manifestações é coisa daqueles a quem os petistas chamam “coxinhas”. Com Os vermelhos, não! A classe petralha à moda PT realmente chegou ao paraíso.

Um leitor deste blog flagrou este ônibus no Centro de São Paulo, no Largo do Arouche, recolhendo a companheirada depois da patuscada desta quinta.

Chique pra chuchu! Dois andares, ar-condicionado, Wi-Fi, bar a bordo e outros prazeres burgueses e mundanos. Abrigava o sofrido povo que se dizia… contra o golpe!

Escreve o leitor: “Presenciei a turma enrolando suas bandeiras e dando início aos festejos, etilicamente embalados com o doce sabor da gratuidade, após suas intensas atividades”. Pois é…

Por Reinaldo Azevedo

 

 

Dilma é o Felipão do Planalto

O governo que morreu sem ter nascido acha que será ressuscitado pelo enfraquecimento do deputado Eduardo Cunha. Essa fantasia apenas confirma que os idiotas estão no poder. Se for culpado, o presidente da Câmara apenas ampliará o número de envolvidos na ladroagem do Petrolão, o mega-escândalo que Lula pariu e Dilma amamenta. Mais: Cunha já deixou claríssimo que afundará atirando. Os alvos prioritários estão homiziados na cúpula do PT e do Executivo.

Como constata o comentário de 1 minuto para o site de VEJA, as primeiras escavações nas catacumbas da Eletrobras, do BNDES e do Ministério do Petrolão avisam que a Operação Lava Jato terá de prolongar por alguns meses a temporada de caça aos corruptos. Quando as investigações forem concluídas, Dilma e sua turma turma estarão na cova rasa dos condenados à morte política.

A presidente agonizante fica grávida de otimismo ao topar com qualquer coisa que possa adiar a derrota inevitável e desmoralizante. Naqueles 7 a 1 contra a Alemanha, o técnico Felipão mostrou-se no fim do primeiro tempo tão aliviado quanto a supergerente de araque com a entrada em campo de Eduardo Cunha. O intervalo da goleada no Mineirão apenas interrompeu por 15 minutos a chuva de gols. A crise política, econômica e moral continuará do mesmo tamanho.

Dilma é o Felipão do Planalto.

(por Augusto Nunes)

 

Veja o roteiro do impeachment, acertado pela oposição (por FELIPE MOURA BRASIL)

Fernando Rodrigues, do UOL, confirmou a retomada do roteiro de impeachment de Dilma Rousseff, de que faleiaqui no início do mês.

O “nó tático” de Eduardo Cunha e da oposição contra o governo do PT foi acertado ontem (quinta, 20), após a denúncia contra o presidente da Câmara.

1) Para não parecer que está retaliando, Cunha arquivará todos os pedidos de impeachment;

2) Um deputado anti-Dilma apresentará um recurso contra o arquivamento;

3) O recurso será levado ao plenário;

4) Bastará maioria simples dos presentes para aprovar o recurso: 257 dos 513 deputados;

5) Com apenas 129 votos, portanto, terá início o processo de impeachment.

Detalhe: a oposição deseja que o recurso seja apresentado já na semana que vem, mas, antes, haverá uma reunião, que contará com parlamentares do PMDB e deverá resultar em declaração de união em torno da saída de Dilma.

Na avaliação dos técnicos da Câmara, 2 ou 3 pedidos de impeachment entre os já apresentados atendem a todos os requisitos técnicos, de modo que um deles será escolhido para ser debatido no plenário.

Quando o impeachment for de fato apreciado, serão necessários então 342 votos: dois terços dos votos dos 513 deputados para que Dilma seja impedida –afastada do cargo até que o Senado julgue o processo em definitivo.

Repito o que escrevi no início do mês, antes dos protestos de 16 de agosto:

“Para que o teatro de Eduardo ‘Não Fui Eu’ Cunha funcione, convém à população brasileira pressionar os deputados amarelões.

Se tudo correr bem, cada manifestante poderá gritar: ‘Fui eu!'”

Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

 

PMDB marca para o dia 15 de novembro Congresso que o distanciará do petismo (por Josias de Souza, do UOL)

Num instante em que o vice-presidente Michel Temer dá por encerrada sua missão como articulador político do governo, o PMDB marcou para 15 de novembro o congresso partidário no qual se distanciará da aliança política com o PT. A data está impregnada de simbolismos. Festeja-se nesse dia a proclamação da República, que derrubou em 1889 o imperador Pedro II. Foi também num 15 de novembro que Joaquim Barbosa, ainda na pele de relator do mensalão, mandou para a cadeia em 2013 os condenados do mensalão.

Durante o seu Congresso, o PMDB atualizará o estatuto, aprovará um novo programa e formalizará sua decisão de lançar um candidato à Presidência em 2018, quebrando um jejum de eleições presidenciais que já dura 21 anos. “Vamos apresentar a nossa proposta”, diz o ex-ministro Moreira Franco, hoje presidente da Fundação Ulysses Guimarães, que organiza o encontro. “Não dá mais para o PMDB ficar num papel subalterno, resolvendo problemas dos outros. Com nossa experiência acumulada, queremos apresentar um projeto para o Brasil.”

Estima-se que participarão do Congresso algo como 4 mil peemedebistas de todo país. Qualquer um poderá reivindicar a votação de moções. Conforme já noticiadoaqui, o presidente do diretório da Bahia, Geddel Vieira Lima, deseja, por exemplo, que o partido se afaste do governo. “Não dá mais para uma banda do PMDB, cujos interesses não coincidem com a vontade das ruas, ficar falando como se fosse o PMDB inteiro. Isso não representa o partido. Falam pelos plenários do PMDB até que eles se rebelem. […] Aguardamos o Congresso do partido.”

Na Câmara, um grupo de dissidentes do PMDB já discute a hipótese de se juntar à oposição num movimento suprapartidário pelo afastamento de Dilma da Presidência da República. Algo que guindaria o vice Michel Temer à poltrona de presidente. Mas os organizadores do Congresso evitam vincular o encontro à agenda dos defensores do impeachment. O blog perguntou a Moreira Franco se a hipotética ascenção de Temer alteraria os planos do PMDB. Ele disse que não costuma raciocinar com base em hipóteses.

Ante a insistência do repórter, Mareira respondeu assim: “Em política só se deve trabalhar com fatos. E o fato hoje é os seguinte: vamos ter eleições municipais no ano que vem e eleição nacional em 2018. E o PMDB trabalha para ter um bom desempenho nesss duas eleições. Ponto. Aí você levanta uma hipótese. O que posso te responder, objetivamente, é que uma coisa como essa [o impeachment e a consequente substituição de Dilma por Temer] teria consequências em toda a vida politica do país. Mas não tenho como dizer o que vai acontecer.”

Moreira diz trabalhar com coisas concretas: “Nossa pauta agora é eleição municipal de 2016, a disputa nacional de 2018, o programa, o estatuto, a organização do Congresso e o restabelecimento de canais de comunicação com a militância. Vamos coibir um hábito que está transformando o partido, em muitos lugares, num grande cartório, com comissões Executivas provisórias. Vamos preparar o partido.”

O partido presidido por Temer enxerga 2016 como um degrau para 2018. Equipa-se para lançar candidatos próprios nas capitais e nas cidades de porte médio. Hoje, o partido governa apenas duas capitais: Rio e Boa Vista. “É pouco para quem quer ter candidatura competitiva à Presidência da Republcia”, raciocina Moreira Franco. “Queremos candidaturas próprias, com a cabeça de chapa do PMDB.”

Indagado sobre a aliança com o PT, Moreira Franco evocou uma resposta de Juscelino Kubitschek a um repórter: “Quando foi candidato a presidente, Juscelino deu aos jornalistas que lhe perguntaram se ele aceitava votos de comunistas a seguinte resposta: ‘Eu estou preocupado em saber quem terá o meu voto. Quem vota em mim é porque me considera a melhor alternativa.”

Fonte: Reuters + VEJA

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