China encolhe e dispara receio de desaceleração global. Petróleo cai ao menor nivel e derruba Bolsas
China e receio de desaceleração global derrubam petróleo e Bolsas
Enfraquecimento da indústria chinesa, pelo sexto mês, motiva apreensão dos mercados
No Brasil, Bolsa cai 1,99% e dólar volta para R$ 3,497; petróleo bate no menor valor desde a crise de 2009
As preocupações crescentes em relação à desaceleração da economia chinesa, a segunda maior do mundo, derrubaram nesta sexta (21) os preços de commodities, moedas e Bolsas globais.
A derrocada foi motivada pelo enfraquecimento da produção industrial na China, cujo indicador de atividade recuou em agosto para o menor nível desde o auge da crise de 2009.
O chamado PMI (índice dos gerentes de compras) do grupo Caixin/Markit caiu de 47,8 para 47,1 pontos de julho para agosto. Leituras abaixo de 50 pontos indicam contração da atividade industrial. Foi a sexta vez seguida que o indicador ficou abaixo de 50.
"O PMI evidencia que a desaceleração na China é maior do que mostra o PIB oficial", disse Marco Aurélio Barbosa, da CM Capital Markets.
"A situação pode levar a nova depreciação do yuan", disse Ignácio Rey, da Guide.
O dado reforçou a apreensão dos investidores com o impacto para os demais países, especialmente os emergentes. Na semana passada, os mercados já tinham sido sacudidos pelas sucessivas desvalorizações do yuan.
Em julho, as Bolsas de Xangai e de Shenzen tiveram sucessivas panes devido à suspensão dos negócios com ações em queda livre. A baixa foi, em parte, contida por restrições do governo à venda de ações, além do aumento do crédito para o pagamento de garantias nas Bolsas.
O petróleo chegou a ser negociado em Nova York abaixo de US$ 40 o barril, menor valor em seis anos, mas encerrou a US$ 40,45. Desde junho, a baixa chega a 35% devido à previsão de consumo menor e excesso de oferta.
Nos EUA, a Bolsa de Nova York teve baixa de 3,12% no índice Dow Jones e de 3,19% no Standard & Poor's 500. Na semana, as baixas acumuladas foram de 5,82% e de 5,77%, as maiores desde setembro de 2011. As ações da Apple recuaram 4,6%. A China é vista como um mercado-chave para e empresa.
No Brasil, a Bolsa teve baixa de 1,99% no Ibovespa, principal termômetro dos negócios com ações, que encerrou a semana marcando 45.719 pontos. É o menor nível desde março de 2014.
O dólar à vista, referência no mercado financeiro, subiu 1,03% e fechou em R$ 3,497. Na semana, a moeda teve leve alta de 0,71%, enquanto no ano o avanço é de 30%. O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, subiu 0,98% e voltou a R$ 3,495. A alta na semana foi de 0,3%; no ano, soma 31,3%.
Das 24 principais moedas emergentes, 17 se desvalorizaram em relação ao dólar, segundo a Bloomberg.
Bolsas dos EUA têm pior semana em quase 4 anos com crise na China
A perspectiva de desaceleração na China voltou a causar turbulências nos mercados mundiais nesta sexta-feira (21). Nos Estados Unidos, os índices Dow Jones e S&P 500 acumularam desvalorização de mais de 5% na semana. Foi a maior perda semanal de ambos desde setembro de 2011.
O Dow Jones, que reúne as ações mais negociadas da Bolsa de Nova York, encerrou a sexta-feira com queda de 3,12%, para 16.459 pontos —o menor nível desde 20 de outubro do ano passado. Na semana, o índice cedeu 5,82%, no maior tombo desde a semana encerrada em 23 de setembro de 2011, quando a desvalorização somou 6,41%.
O S&P 500, que abrange as ações das 500 maiores empresas da Bolsa de Nova York, caiu 3,19%, para 1.970 pontos, o menor patamar desde 27 de outubro do ano passado. A queda semanal foi de 5,77%, também a maior para o período desde a semana terminada em 23 de setembro de 2011, quando o tombou chegou a 6,54%.
O dia foi ruim também para o índice da Bolsa de tecnologia Nasdaq, que fechou com desvalorização de 3,52%, para 4.706 pontos. Na semana, a desvalorização chegou a 6,78% —a maior desde a semana encerrada em 5 de agosto de 2011, quando o índice acumulou baixa de 8,13%.
Na China, a atividade no setor industrial recuou em agosto no maior ritmo em quase seis anos e meio, afetada pela fraqueza na demanda doméstica e por exportações, mostrou a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) preliminar do Caixin/Markit.
O dado reforça a apreensão com uma desaceleração forte da China. O PMI caiu para 47,1 em agosto, abaixo do resultado final de julho, que foi de 47,8. A leitura foi a pior desde março de 2009, no ápice da crise financeira global. Foi a sexta consecutiva que o indicador ficou abaixo dos 50 pontos, nível que separa crescimento da atividade e contração em base mensal.
A surpreendente desvalorização do yuan na semana passada e o quase colapso das Bolsas de valores vêm provocando temores sobre a economia do país, levando os mercados financeiros a derrapar.
"O PMI evidencia o quadro de desaceleração da economia chinesa em patamares superiores aos que aparecem no PIB oficial", avalia, em relatório, o analista Marco Aurélio Barbosa, da CM Capital Markets. "Intervenções ontuais do governo nas áreas monetária e cambial parecem não estar surtindo efeitos práticos no que tange a retomada da confiança dos agentes de mercado."
As turbulências na China também derrubaram os índices europeus. O índice da Bolsa de Londres fechou em baixa de 2,83%, enquanto a Bolsa de Paris teve desvalorização de 3,19% e a de Frankfurt, caiu 2,95%. A Bolsa de Madri caiu 2,98%, e a de Milão encerrou com perda de 2,83%. Em Lisboa, a Bolsa teve queda de 2,73%.
"A preocupação com o crescimento chinês tem impacto sobre os emergentes, principalmente para quem exporta commodities, como o Brasil, e traz também uma maior aversão a risco", afirma Ignácio Rey, economista da Guide Investimentos.
"Mas as Bolsas de países desenvolvidos também sofrem. Isso porque a expectativa de desaceleração na China pode levar a novas rodadas de depreciação do yuan. Isso encareceria produtos de empresas europeias e americanas, prejudicando o lucro dessas companhias."
JUROS
Outro fator que pesa principalmente sobre as economias da Europa e dos Estados Unidos é a inflação. Os preços baixos de commodities como petróleo e minério de ferro —pressionados também pela menor demanda da China— dificulta que a inflação da zona do euro e dos EUA se aproxime da meta de 2% ao ano estabelecida pelo BCE (Banco Central Europeu) e pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano).
Hoje, os preços do petróleo negociado nos Estados Unidos caíram abaixo de US$ 40 o barril. A queda no indicador de atividade industrial na China e o aumento da produção de sondas nos EUA e na Arábia Saudita pressionaram as cotações em baixa.
A inflação é um dos componentes considerados pelo Fed para normalizar sua política monetária —hoje, a taxa de juros nos EUA está entre zero e 0,25%. "Nesta semana, o Fed mencionou na ata de sua reunião de julho que a desaceleração da China é um dos fatores que está avaliando", diz Rey. "Com as turbulências recentes, o Fed deve postergar o aumento dos juros para dezembro."
Para os emergentes em geral, o aumento dos juros nos EUA deixaria os títulos do Tesouro americano -cuja remuneração acompanha essa taxa e que são considerados de baixíssimo risco- mais atraentes. Isso provocaria uma saída de recursos desses países. Com a menor oferta de dólares, a cotação da moeda seria pressionada para cima.
BRASIL
Aqui, o Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, fechou com queda de 1,99%, para 45.719 pontos, menor nível desde 17 de março de 2014.
No mercado cambial brasileiro, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, encerrou o dia com valorização de 1,03%, para R$ 3,497. Na semana, a moeda teve leve alta de 0,71%, enquanto no ano o avanço é de 30%. Já o dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, subiu 0,98%, para R$ 3,495. A valorização na semana foi de 0,3%, e no ano já está em 31,3%.
A moeda americana seguiu o exterior nesta sessão, marcada pela desvalorização das divisas emergentes em relação ao dólar. Das 24 principais moedas emergentes, 17 se desvalorizaram ante a divisa americana.
As ações da Petrobras fecharam em baixa pelo sétimo pregão seguido. Os papéis preferenciais —mais negociados— caíram 4,93%, para R$ 8,30. Os ordinários —com direito a voto— tiveram baixa de 5,06%, para R$ 9,20. As ações da mineradora Vale também fecharam em baixa. Os papéis preferenciais caíram 2,61%, para R$ 13,45, e os ordinários perderam 2,74%, para R$ 16,70.
REUTERS: Petróleo nos EUA cai mais de 2% e toca menor nível desde crise financeira de 2009
NOVA YORK (Reuters) - Os preços do petróleo nos Estados Unidos foram negociados abaixo de 40 dólares o barril pela primeira vez desde a crise financeira de 2009 nesta sexta-feira, e fecharam em queda de 2 por cento por sinais de excesso de oferta nos EUA e fraca atividade industrial na China, registrando a mais longa série de perdas semanais em quase três décadas.
O petróleo nos EUA despencou abaixo de 40 dólares por barril seguindo dados semanais que mostraram que as empresas de energia norte-americanas adicionaram duas sondas de petróleo na última semana, o quinto aumento seguido.
O aumento no número de sondas após uma calmaria nos preços no segundo trimestre está elevando as preocupações de que a produção de óleo de xisto nos EUA está se mostrando lenta para responder à queda nos preços, prolongando o excesso de oferta global.
"Todo mundo ainda está olhando para isso e dizendo: 'Uau, você ainda não está com a produção em queda", disse Tariq Zahir, fundador da Tyche Capital em Laurel Hollow, Nova York.
Os contratos futuros de petróleo nos EUA para outubro encerraram em baixa de 0,87 dólar, ou 2,1 por cento, a 40,45 dólares por barril, tendo tocado a nova mínima de seis anos e meio a 39,86 dólares por barril.
O petróleo Brent teve queda de 1,16 dólar, ou 2,5 por cento, a 45,46 dólares por barril, após atingir mínima de 45,07 dólares por barril e ameaçar quebrar a barreira de 45 dólares pela primeira vez desde março de 2009.
FOLHA: Petróleo nos EUA é cotado abaixo de US$ 40 com China e excesso de oferta
Os preços do petróleo nos Estados Unidos caíram nesta sexta-feira (21) abaixo de US$ 40 o barril e o Brent recuou para uma mínima desde 2009, com uma forte queda na atividade industrial da China elevando as preocupações sobre a saúde econômica da nação que mais consome energia no mundo.
Dados apontando um aumento da produção de duas sondas de petróleo nos EUA —a quinta alta semanal consecutiva— e um recorde da produção na Arábia Saudita também pressionaram os preços.
Às 14h01 (horário de Brasília), o petróleo nos Estados Unidos caiu para US$ 39,86, o menor nível desde março de 2009. Às 15h, o preço havia se recuperado para US$ 40,10. Desde o pico do dia 10 de junho deste ano, as perdas são de cerca de 34%.
O petróleo nos EUA caminha para encerrar a oitava semana consecutiva de perdas nesta sexta-feira, maior sequência de baixa desde 1986.
Também às 14h01, o Brent recuava quase 3%, para US$ 45,25, o menor preço desde o início de março de 2009 e uma queda de cerca de 33% na comparação com o pico atingido no dia 6 de maio deste ano.
A desaceleração na atividade no setor industrial da China afeta a demanda pela commodity. A atividade no setor industrial do gigante asiático recuou em agosto no maior ritmo em quase seis anos e meio, afetado pela fraqueza na demanda doméstica e por exportações, mostrou a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) preliminar do Caixin/Markit.
Os indicadores decepcionantes da economia chinesa, somados à recente insegurança causada pela inesperada desvalorização do yuan também contribuíram para que a Bolsa de Xangai caísse 11,5% na semana.
Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês)
OPEP NÃO PLANEJA DIMINUIR PRODUÇÃO
Liderados pela Arábia Saudita, membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) no Golfo Pérsico deram uma guinada na estratégia do grupo no ano passado, permitindo uma queda nos preços do petróleo para desencorajar o crescimento de oferta de concorrentes.
A Arábia Saudita ampliou sua produção para o recorde de 430 mil barris por dia em junho, reafirmando a estratégia.
Agora, no entanto, alguns membros da Opep estão preocupados com o nível recente da queda, que não era esperado, disseram delegados da entidade. Apesar disso, há poucas chances de o grupo mudar a estratégia de defender fatia de mercado.
Membros da Opep vindos Golfo que pediram à agência de notícias Reuters para não ser identificados, afirmaram que a China ainda está comprando e estocando petróleo e que esperam que uma recuperação da demanda global possa impulsionar as cotações para perto de US$ 60 por barril no próximo ano.
"Há uma preocupação com a saúde da economia chinesa, mas, como os números têm mostrado, a necessidade de importação de petróleo está aumentando", disse um delegado de um país do Golfo membro da Opep.
"Os preços do petróleo continuarão voláteis (...) mas eles vão se recuperar", disse o delegado, acrescentando que ele não espera que o grupo adote nenhuma medida agora "devido à incerteza" no mercado.
Petróleo recua a níveis de 2009, e analistas põem pré-sal em xeque
Barril fica próximo do mínimo considerado pela Petrobras para viabilizar projetos na camada
Em Nova York, commodity chega a ser cotada abaixo de US$ 40; ações da estatal sofrem queda de 5%
NICOLA PAMPLONADO RIO
Sob efeito da desaceleração da economia chinesa, do possível retorno do Irã ao mercado e do aumento de sondas de exploração em atividade nos Estados Unidos, o petróleo não para de despencar.
Nesta sexta-feira (21), o barril WTI, referência no mercado americano, rompeu a barreira de US$ 40 por barril pela primeira vez desde 2009, ao ser negociado a US$ 39,86 durante a tarde. Com uma pequena recuperação no fim do dia, a cotação fechou o pregão em US$ 40,45, queda de 2,1% ante a do dia anterior.
Em Londres, o petróleo do tipo Brent caiu 2,5% e fechou em US$ 45,46 por barril. Durante a tarde, chegou perto de romper a barreira dos US$ 45, atingindo os US$ 45,07.
Sob reflexo da queda do petróleo, as ações da Petrobras fecharam em baixa pelo sétimo pregão seguido. Os papéis preferenciais –mais negociados– caíram 4,93%, para R$ 8,30. Os ordinários –com direito a voto– tiveram baixa de 5,06%, para R$ 9,20.
Segundo projeção do Citi, a cotação norte-americana pode chegar a US$ 32 ainda neste ano. O petróleo texano está em queda há oito semanas consecutivas, o que não ocorria desde 1986.
O preço do Brent se aproxima do piso de US$ 41 considerado pela Petrobras para viabilizar os projetos do pré-sal. Em junho, a estatal calculava que o custo de produção do pré-sal variava de US$ 41 a US$ 57 por barril, dependendo do campo e da necessidade de investimento em infraestrutura.
Questionada nesta sexta, a empresa não quis fazer uma nova estimativa. Disse apenas, em nota, que a alta produtividade dos poços e a redução de custos na indústria lhe permitem elevar a capacidade de produção "de modo economicamente viável".
INSUSTENTÁVEL
"Esse preço atual não é sustentável. Muitos projetos de expansão hoje têm custos acima de US$ 40 por barril", comentou Walter de Vitto, da consultoria Tendências.
Para ele, as cotações permanecerão baixas no curto prazo, mas tendem a se recuperar a partir do ano que vem.
"Estamos vivendo uma 'bolha do petróleo', com capacidade muito superior à demanda. Mas algumas reservas vão se esgotar e o mercado precisará de preços maiores para colocar óleo novo", afirmou de Vitto.
Neste momento, a expectativa é pela redução da produção de reservas não convencionais nos Estados Unidos, que têm custo bem mais alto, acima dos US$ 70 por barril.
"Todo o mundo ainda está olhando para isso e dizendo: 'Uau, você ainda não está com a produção em queda'", disse Tariq Zahir, fundador da Tyche Capital em Laurel Hollow, Nova York.
COMBUSTÍVEIS
No curto prazo, a queda dos preços pode trazer alívio ao caixa da Petrobras, com o aumento da margem de lucro sobre a venda de combustíveis no país.
O mercado não espera reduções de preços ainda neste ano. "A Petrobras precisa recuperar o tempo que ficou com preços abaixo de custo", diz o analista da Tendências.
Analistas temem impacto chinês na atividade global
Falta de transparência levou a especulações sobre nova política cambial
Para pesquisador do do centro de estudos Brookings, porém, país asiático deve fechar ano com alta de 7% no PIB
MARCELO NINIODE WASHINGTON
Após a inesperada decisão do governo chinês de desvalorizar sua moeda, o yuan, o pânico inicial dos mercados financeiros deu lugar à cautela. Permanece a preocupação de que a desaceleração da segunda economia do mundo é mais aguda do que se pensava.
Analistas voltaram a se perguntar se é hora de reduzir as projeções de crescimento global para este ano em razão de um enfraquecimento chinês mais acentuado.
Em relatório divulgado na terça (18), a agência de rating Moody's previu que o PIB (Produto Interno Bruto) mundial deve ter baixo crescimento neste ano, principalmente em consequência do esfriamento da economia chinesa.
A costumeira falta de transparência das autoridades chinesa deu margem a uma série de especulações sobre os motivos reais da mudança na política cambial de Pequim. Uma das mais frequentes foi a de que seria uma forma de estimular o setor de exportações, um dos principais motores de seu crescimento econômico nas últimas décadas. A opacidade também gerou rumores de que novas desvalorizações estariam a caminho, o que por enquanto não se concretizou.
"Não espero novas desvalorizações drásticas", disse à Folha o economista Damien Ma, pesquisador do Instituto Paulson, em Washington.
"O banco central [chinês] deixou claro que quer uma moeda estável e que a ação foi isolada. Toda essa narrativa de guerra cambial é um exagero."
MOEDA GLOBAL
Para ele, a mudança da política cambial para um regime mais flexível e sujeito às taxas do mercado faz parte do desejo do governo chinês de ver o yuan integrado à cesta dos Direitos Especiais de Saque (SDR, na sigla em inglês), a "moeda" internacional do FMI, composta atualmente do dólar americano, do euro, da libra esterlina e do iene. O FMI decidirá sobre a inclusão do yuan na cesta em novembro.
David Dollar, ex-emissário do Tesouro norte-americano para a China, acredita que há pessimismo excessivo em relação à economia chinesa e que não há motivos para duvidar de que a meta de crescimento do PIB estabelecida por Pequim para este ano, em torno de 7%, será atingida.
Na opinião de Dollar, do centro de estudos Brookings Institution, o ajuste cambial foi basicamente uma medida "técnica". Ele considera que a reação mundial negativa deveu-se em grande parte a um tropeço das autoridades de Pequim na execução da reforma.
"Criou-se a percepção de que a economia chinesa está bem pior do que parecia. As autoridades criaram essa confusão", disse Dollar à Folha. Embora acredite que a economia chinesa de forma geral "vai bem", Dollar entende que as quedas nas Bolsas nos últimos dias refletem um sentimento de que haverá um impacto negativo no crescimento global neste ano, reforçado pela desvalorização das moedas em outros países asiáticos, como Vietnã, Coreia do Sul, Malásia e Cazaquistão.
A mudança da política cambial é um dos elementos das reformas econômicas do governo chinês, que tem entre outros objetivos dar mais espaço às forças de mercado.
NOVO NORMAL
A transição para um modelo voltado para o consumo e menos centrado em investimentos e exportação foi batizada pelo governo chinês de "novo normal", em que há crescimento econômico menor, porém mais sustentável.
Isso significa uma desaceleração em setores que antes eram a locomotiva da economia chinesa, como construção e indústria pesada, enquanto outros crescem acima da média, como servi- ços e internet. Para a eco- nomia mundial, isso exige uma adaptação ao "novo normal", afirma Damien Ma, principalmente grandes exportadores de commodities, como o Brasil.
"Os mercados gostam dessa ideia abstrata de uma reforma bem-sucedida da economia chinesa, mas não gostam do processo necessário para chegar até lá, que é volátil, desordenado e confuso", diz Ma.