Desemprego no Brasil salta a 7,5% em julho, maior nível em mais de 5 anos

Publicado em 20/08/2015 13:20
Reuters, Folha, VEJA + blog de RODRIGO CONSTANTINO

Por Rodrigo Viga Gaier e Patrícia Duarte

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A taxa de desemprego no Brasil saltou para 7,5 por cento em julho, maior nível em mais de 5 anos, em consequência do aumento de quase 10 por cento da população desocupada, números que reforçam o quadro de recessão no país em meio ao cenário de inflação alta e instabilidade política.

O resultado do mês passado é o maior desde maio de 2010, quando também ficou em 7,5 por cento, e veio bem pior do que a mais elevada projeção em pesquisa Reuters, cuja mediana apontava para 7,05 por cento. Em junho, a taxa havia sido de 6,9 por cento.

Segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população desocupada cresceu 9,4 por cento em julho, na variação mensal, e 56 por cento sobre um ano antes, somando 1,844 milhão de pessoas que estão à procura de uma posição nas seis regiões metropolitanas analisadas pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME).

O aumento na comparação anual é o maior da série histórica da pesquisa, iniciada em 2003. Segundo o IBGE, a região de São Paulo foi a que mais sofreu quando se olham os números mensais, com aumento de 10,8 por cento da população desocupada.

"É uma procura crescente de trabalho que está sendo influenciada por pessoas que foram demitidas, mas também por pessoas que antes estavam inativas e saem dessa condição para tentar uma oportunidade. São duas frentes", afirmou a técnica do IBGE Adriana Beringuy.

Já a população ocupada ficou estagnada no mês passado frente a junho e recuou 0,9 por cento em base anual, a 22,755 milhões de pessoas.

O IBGE informou ainda que a renda média da população mostrou leve alta de 0,3 por cento em julho, chegando a 2.170,70 reais mensais. Sobre um ano antes, no entanto, houve queda de 2,4 por cento.

"Com inflação alta e demissões, o domicílio tem a renda comprometida e esse seria o principal motivo para que pessoas que estavam estudando passam agoura a fazer pressão sobre o mercado", acrescentou Adriana.

Os resultados de julho mostram a continuidade da deterioração do mercado de trabalho desde o fim do ano passado, depois de um longo período de desemprego na mínima histórica mesmo com a economia já então praticamente estagnada.

A piora do mercado de trabalho --que vinha sendo uma das principais bandeiras do governo da presidente Dilma Rousseff e embalou sua campanha pela reeleição-- é um componente importante da crise econômica e política pela qual atravessa o país.

Segundo a pesquisa Focus do Banco Central, economistas esperam que o Produto Interno Bruto (PIB) encolha 2 por cento neste ano e continue contraindo no ano que vem, na maior recessão em 25 anos. [nEMNF8B0SF]

Por outro lado, a expectativa de inflação neste ano ultrapassa 9 por cento pelo IPCA, o que levou o BC a elevar a taxa básica de juros a 14,25 por cento, maior patamar em nove anos, encarecendo os custos dos empréstimos e impactando o consumo.

"O mercado de trabalho hoje está bem mais desfavorável que em 2014, sejam em números, qualidade e rendimento", acrescentou a técnica do IBGE.

No mês passado,o número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado recuou 1,5 por cento na comparação mensal e 3,1 por cento no ano, para 11,3 milhões de pessoas.

(Edição de Alexandre Caverni)

 

 

Folha: Desemprego sobe para 7,5%, acima de previsões e o maior nível desde 2010

 

A taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país subiu acima das expectativas e foi a 7,5% em julho. Trata-se do sétimo avanço consecutivo e o maior patamar registrado desde março de 2010, que era de 7,6%. Para meses de julho, é a maior taxa desde 2009 (8%).

O aumento foi de 2,6 pontos percentuais na comparação com os 4,9% verificados no mesmo mês de 2014, indicando rápida deterioração do mercado de trabalho.

...

O desemprego cresce pela combinação de demissões na maioria dos setores da economia e o retorno ao mercado de trabalho de pessoas que tinham deixado de procurar emprego nos últimos anos.

Leia a reportagem na íntegra no site da Folha:

 

Veja: Desemprego atinge maior nível para julho desde 2009, diz IBGE

 

A taxa de desemprego alcançou 7,5% em julho, a maior para o mês desde 2009, quando atingiu 8%, segundo dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao considerar todos os meses do ano, é o maior valor desde março de 2010, quando ficou em 7,6%. Em junho deste ano, o índice ficou em 6,9% e, em julho de 2014, em 4,9%. A série histórica da Pesquisa Mensal de Emprego começa em março de 2002.

A população desocupada atingiu 1,8 milhão de pessoas, alta de 9,4% frente a junho e de 56% na comparação com julho de 2014. Já a população ocupada ficou estatisticamente estável, em 22,8 milhões de pessoas, nas duas comparações.

O rendimento médio real habitual dos trabalhadores chegou a 2.170,70 reais, praticamente sem variação na comparação com junho. No entanto, em relação ao mesmo mês do ano anterior, houve queda de 2,4%.

Na maioria dos setores pesquisados houve estabilidade no número de ocupados. Na contramão, os segmentos da Construção e da Indústria apresentaram declínio, de 5,2% e 4,0%, respectivamente. Já no setor de Educação, saúde, administração pública houve alta de 4,2%.

Leia a reportagem na íntegra no site da Veja:

 

Desemprego surpreende negativamente: era o pilar que faltava ruir, por RODRIGO CONSTANTINO

Em tempos de crise, mais gente precisa procurar trabalho, mas menos gente o encontra

A taxa de desemprego alcançou 7,5% em julho, a maior para o mês desde 2009, quando atingiu 8%, segundo dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao considerar todos os meses do ano, é o maior valor desde março de 2010, quando ficou em 7,6%. Em junho deste ano, o índice ficou em 6,9% e, em julho de 2014, em 4,9%. A série histórica da Pesquisa Mensal de Emprego começa em março de 2002.

A população desocupada atingiu 1,8 milhão de pessoas, alta de 9,4% frente a junho e de 56% na comparação com julho de 2014.Essa alta anual da população desocupada é a maior da série histórica. Isso representa uma adição de 622 mil pessoas à massa de desempregados. Em relação a junho, o aumento foi de 9,4% (ou 158 mil pessoas). Já a população ocupada ficou estatisticamente estável, em 22,8 milhões de pessoas, nas duas comparações. 

Escrevi em várias ocasiões que a taxa de desemprego seria o último pilar a ruir. Muitos analistas consideravam a baixa taxa de desemprego um paradoxo, e sem dúvida ela foi o grande trunfo do governo Dilma nas eleições. Mas como expliquei, o desemprego é mais um sintoma do que uma causa, e como é muito caro contratar, treinar e demitir no Brasil, as empresas postergam ao máximo a decisão de demitir.

Além disso, várias pessoas que estavam fora do mercado de trabalho, talvez porque a renda da família tinha aumentado, agora precisam voltar a procurar trabalho, para recompor a renda familiar, corroída pela inflação elevada e ameaçada pelo próprio risco de desemprego. Logo, muito mais gente está em busca de emprego, o que eleva a taxa de desemprego, medida justamente com base em quem quer, mas não encontra trabalho formal.

Tudo isso que está acontecendo, é importante notar, foi previsto por muitos liberais, inclusive este que vos escreve, e veementemente negado pelos petistas. Para eles, tudo estava uma maravilha até pouco tempo, e alguns ainda tentam negar a gravidade da situação, ou responsabilizar fatores externos. Mas em julho de 2013, por exemplo, eu já tinha escrito um artigo no GLOBO mostrando a “fatofobia” do governo, que fugia da realidade como o diabo foge da cruz:

O prognóstico não é nada bom. E quanto mais o governo fugir dessa dura realidade, tal como uma menina foge desesperada da barata, pior será o ajuste necessário depois. O governo não fez o dever de casa. Perdemos a incrível oportunidade que veio de fora. E bilhetes de loteria como este não aparecem o tempo todo. O que fazer agora?

A primeira coisa deveria ser aceitar os fatos como eles são. Como lembrou Aldous Huxley, os fatos não deixam de existir porque são ignorados. Isso demanda coragem, uma postura de estadista, que assume os erros passados para poder mudar o curso. Como não vejo isso acontecendo no atual governo, vou seguir com minha maldição de Cassandra, espalhando alertas pessimistas por aí.

Pois é: os alertas pessimistas se mostraram, no fundo, realistas, quiçá otimistas. A situação é grave e piora rapidamente a cada dia. E chega no mercado de trabalho, cobrando um alto preço dos brasileiros, angustiados com a perda acentuada de poder de compra da moeda e com o risco constante de ficar sem trabalho. Só há um culpado para tudo isso, e ele se chama PT!

Rodrigo Constantino

 

Fonte: Reuters + Folha + Veja

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