Economia brasileira está em recessão e vem recuando há 3 trimestres, indica BC

Publicado em 19/08/2015 10:55

Por Patrícia Duarte

SÃO PAULO (Reuters) - A economia brasileira está em recessão, com três trimestres seguidos de queda na atividade, mostrou nesta terça-feira o Banco Central, num ambiente de baixa confiança econômica e instabilidade política que indica um futuro ainda negativo.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), recuou 1,89 por cento no segundo trimestre deste ano se comparado com os três meses imediatamente anteriores.

Só em junho sobre maio, a contração foi de 0,58 por cento, de acordo com dados dessazonalizados, pior do que o esperado em pesquisa Reuters com economistas, que previam contração de 0,53 por cento.

No primeiro trimestre deste ano, o IBC-Br mostrou que a economia brasileira havia recuado 0,88 por cento sobre o último trimestre de 2014 que, por sua vez, teve contração de 0,45 por cento na mesma base de comparação.

Os resultados reforçam o caminho difícil a ser trilhado pela economia brasileira, que só deve voltar a crescer em 2017, segundo economistas consultados na pesquisa Focus, do BC, que ouve semanalmente uma centena de economistas. Pelo levantamento, o PIB brasileiro deve encolher 2,01 por cento neste ano e 0,15 por cento no próximo. Se confirmado, o país terá registrado a pior recessão em 25 anos.

A falta de ímpeto é tamanha que há quem acredite que o Brasil não voltará a crescer nos próximos anos dentro do seu potencial, de 1,5 a por cento.

Para o economista Roberto Padovani, do banco Votarantim, o PIB somente mostrará expansão em 2017, e de apenas 1 por cento.

"O viés é de uma economia mais fraca do que o esperado", afirmou ele, para quem a atividade vai encolher 2,5 por cento neste ano e 1 por cento em 2016. "O risco político pesa mais na economia atualmente."

Em 12 meses, o IBC-Br acumulou queda de 1,64 por cento, ainda segundo dados dessazonalizados. No segundo trimestre, comparado com igual período de 2014, o indicador encolheu 2,99 por cento.

Soma-se ao quadro negativo a inflação elevada e desemprego em alta, diante da grave crise política que atravessa o país, que tem contribuído para abater a confiança dos agentes econômicos e abalar a aprovação da presidente Dilma Rousseff.

As perspectivas sombrias para a atividade econômica convivem ainda com o ambiente de juro básico elevado, com a Selic a 14,25 por cento, maior patamar em nove anos, para tentar domar a escalada dos preços.

Em nota a clientes, o economista-chefe do banco Fator, José Francisco Gonçalves, informou que "por enquanto" projeta que o PIB do segundo trimestre --que será divulgado no próximo dia 28 pelo IBGE-- deve ter recuado 1,9% na comparação com os três primeiros meses do ano e 2,7% ante o mesmo período do ano passado.

O IBC-Br incorpora estimativas para a produção nos três setores básicos da economia: serviços, indústria e agropecuária, assim como os impostos sobre os produtos.

(Reportagem adicional de Bruno Federowski)

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Taxas de juros futuros voltam a subir com alta do dólar e dos rendimentos dos Treasuries
Receita do setor de mineração do Brasil cresce 8% no 1º semestre
Brasil tem fluxo cambial negativo de US$834 milhões em julho até dia 19, diz BC
Índices de ações na Europa terminam em baixa após balanços decepcionantes
Prejuízos por enchentes no Rio Grande do Sul superam US$ 2 Bilhões, aponta Aon
Banco Central não quer acabar com papel-moeda, diz Campos Neto