FHC diz que renúncia de Dilma seria gesto de grandeza
BRASÍLIA (Reuters) - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) endureceu o discurso contra a presidente Dilma Rousseff nesta segunda-feira e afirmou que uma renúncia da presidente seria um "gesto de grandeza", um dia após manifestações contra o governo que levaram multidões às ruas de diversas cidades do país.
"O mais significativo das demonstrações, como as de ontem, é a persistência do sentimento popular de que o governo, embora legal, é ilegítimo", escreveu FHC em sua conta oficial no Facebook.
"Falta-lhe a base moral, que foi corroída pelas falcatruas do lulopetismo. Com a metáfora do boneco vestido de presidiário, a presidente, mesmo que pessoalmente possa se salvaguardar, sofre contaminação dos malfeitos de seu patrono e vai perdendo condições de governar", acrescentou FHC, em referências ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao PT.
No domingo, multidões foram às ruas em cidades de mais de 20 Estados e no Distrito Federal para pedir o impeachment de Dilma, na terceira manifestação de alcance nacional contra o governo neste ano, após protestos semelhantes em março e abril.
Os protestos em mais de 200 cidades também foram marcados por palavras de ordem contra Lula, que quando governou o país chegou a ter popularidade na casa dos 80 por cento, e a favor do juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos relacionados à operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção envolvendo estatais, empreiteiras e políticos.
FHC, que vinha adotando um tom menos agressivo sobre uma eventual interrupção do mandato de Dilma, afirmou que "se a própria presidente não for capaz do gesto de grandeza (renúncia ou a voz franca de que errou, e saber apontar os caminhos da recuperação nacional), assistiremos à desarticulação crescente do governo e do Congresso, a golpes de Lava Jato".
No fim desta manhã, após reunião de coordenação política com Dilma, o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, disse que a avaliação do Planalto é de que as manifstações de domingo são um fato natural do regime democrático.
(Reportagem de Leonardo Goy)
FHC desce do muro… para a mureta.
Alckmin continua do lado do PT (por Felipe Moura Brasil, de veja.com):
Após protestos, ex-presidente sugere renúncia de Dilma Rousseff
1) O @lulainflado tirou até FHC de cima do muro.
Disse o tucano:
“Com a metáfora do boneco vestido de presidiário, a presidente, mesmo que pessoalmente possa se salvaguardar, sofre contaminação dos malfeitos de seu patrono e vai perdendo condições de governar.”
Para FHC, o sentimento popular é de que o governo, “embora legal, é ilegítimo”.
“Se a própria presidente não for capaz do gesto de grandeza (renúncia ou a voz franca de que errou, e sabe apontar os caminhos da recuperação nacional), assistiremos à desarticulação crescente do governo”.
O problema de FHC é que até quando muda o discurso e sugere a renúncia, ele dá a Dilma a chance de um mea culpa redentor.
É próprio do ex-presidente descer do muro para a mureta.
2) Já o quase petista Geraldo Alckmin disse que não irá se aproximar dos atos que pedem a queda de Dilma.
O governador, como se sabe, deseja se candidatar à presidência em 2018 e não quer Michel Temer nem Aécio Neves no governo antes dele.
Eu sugiro um Alckmin inflado com a estrela do PT.
Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
Uma nova entrevista coletiva desastrada da Comunicação de Dilma...
para o governo, os que protestam são um grande nada! A saída de Dilma é a porta de saída
O ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, ladeado pelos líderes do governo na Câmara e no Congresso, José Guimarães (PT-CE) e o senador José Pimentel, ambos do PT do Ceará, concederam uma entrevista coletiva nesta segunda sobre as manifestações de protesto deste domingo. Não tem jeito, não, gente! Eles são arrogantes demais para aprender com a realidade, mesmo quando estão, como agora, na pindaíba.
Escrevi nesta manhã um texto em que afirmei o seguinte:
“[Os esquerdistas] têm a ambição de conhecer o futuro da história e o futuro da humanidade. E delegam necessariamente a partidos e a entes de razão a tarefa de conduzir a luta e a revolução. Quando são obrigados a se confrontar com homens reais, com mulheres reais, com famílias reais, com aquelas pessoas que sustentam a máquina do estado — incluindo a sua (dos esquerdistas) boa vida —, então eles se revoltam e pespegam nos verdadeiros pilares da sociedade a pecha de “reacionários”, de ‘coxinhas’, de ‘golpistas’.”
Afirmei ainda mais, referindo-me aos esquerdistas:
“Esses teóricos da desgraça só aceitam como legítimos movimentos que consideram “disruptivos”, que provocam fratura e trauma na sociedade. A suposição de que reformas possam tornar o mundo melhor e de que se possa avançar também conservando valores é dolorosa para a sua pequena inteligência.”
Pois é… A entrevista concedida pela trinca me dá razão. Oh, sim, eles disseram respeitar os protestos, que são coisa da democracia e tal. À diferença dos petistas que estavam reunidos no Instituto Lula neste domingo, procuraram não minimizar o evento. Foi o combinado com Dilma em reunião prévia. Mas… Bem, o PT segue sendo o PT. Não é um partido socialista em sentido clássico, é evidente — a não ser pela socialização, entre eles, dos bens que são da população —, mas segue sendo autoritário.
Depois de atribuir as dificuldades a uma suposta crise internacional e a se negar a reconhecer erros, o ministro decidiu criticar o pessimismo, sempre reconhecendo, não me diga!, a importância das manifestações, mas deixou escapar esta pérola:
“O governo se preocupa, neste momento, muito mais com a construção de uma agenda para o país, de diálogo com o Congresso, com a sociedade, o empresariado e os movimentos sociais”.
Entenderam? Os mais de 600 mil que foram às ruas no domingo, números das PMs dos Estados, são “não pessoas”. Na categorização de Edinho Silva, não são o Congresso, não são empresariado, não são movimentos sociais, não são a sociedade. Os pagadores de impostos, que ocuparam pacificamente o país inteiro, sem um único incidente, estão fora do radar oficial. Não são nada!
Mesmo dizendo que respeita as manifestações — e ouso dizer que o ministro não está falando a verdade, ele procurou desqualificá-las, com a sua conversinha de cerca-Lourenço, buscando associá-las a grupos que pedem intervenção militar: “Parte dos movimentos assumiu uma conotação ideológica muito forte. Às vezes, fica até difícil a presidente conversar com as ruas, porque não tem uma pauta”. Bem, a pauta existe: é a saída de Dilma e o cumprimento da lei. Quanto à questão da intervenção militar, dizer o quê? Os que defendem essa proposta são uma minoria inexpressiva, irrelevante, sem importância no movimento de rua. Grave, isto sim, foi Vagner Freitas, companheiro de Edinho, ter pregado luta armada dentro do Palácio do Planalto.
Então ficamos assim, segundo o governo:
a: a crise por que passa o país veio de fora;
b: os milhares que foram às ruas são excrescências que não interessam ao poder de turno;
c: a pauta das ruas está ligada ao golpe.
Calma! Não acabou. Indagaram a Edinho se o governo pensava em pedir desculpas. Sabem o que ele respondeu? Isto:
“Eu penso que, se trabalhar para a manutenção dos empregos no Brasil, trabalhar pela renda da população, principalmente a mais marginalizada historicamente desse país, se trabalhar pela manutenção de programas sociais é um equívoco, então que se constate o equívoco”.
Viram?
Para Edinho Silva, na prática, os mais de 600 mil que foram às ruas estavam se manifestando contra a elevação de renda, contra o apoio aos marginalizados e contra os programas sociais.
Voltemos, então, ao ponto daquele texto desta manhã. Como é que se pode dialogar com alguém que tem a certeza de que o adversário é necessariamente movido a má-fé? Ou se está com eles, ou se está contra o povo. Ocorre que o governo, em nome do qual fala Edinho Silva, é aprovado hoje por apenas 7% dos brasileiros. Nada menos de dois terços da população querem o impeachment de Dilma. Ninguém representa o povo à força, não é mesmo?
A fala de Edinho, no entanto, revela uma das razões do desespero do PT. O partido nunca teve de lidar com a sociedade civil do outro lado, com o povo do outro lado. A sua experiência histórica é herdeira do bolchevismo — um bolchevismo de fancaria, mas é… Os petistas só reconhecem quadros partidários; só reconhecem militantes; só reconhecem companheiros. Só reconhecem os tais movimentos sociais.
Ora, peguem esse tal Guilherme Boulos, esse megacoxinha mimado pelas tias que acha que coxinhas são os outros. Ele apoia e ataca o governo na medida exata do interesse do seu movimento. O MTST vai ter algum benefício? Ele puxa o saco de Dilma. Não vai ter o que espera? Ele ataca. É a fisiologia de esquerda. Ele não é diferente de um deputado que vende o seu apoio em troca de uma emenda.
O povo que estava na rua neste domingo é gente autônoma. Não depende do governo pra nada — este, na verdade, só o atrapalha com a sua incompetência e com a roubalheira que acaba, direta ou indiretamente, patrocinando. Os que protestaram neste domingo não querem nada de Dilma, não esperam nada de Dilma, não se ajoelham para Dilma.
São indivíduos LIVRES. E o PT não reconhece o valor supremo da liberdade.
Precisamente por isso, Dilma não tem saída a não ser a porta de saída.
Por Reinaldo Azevedo