Depois dos protestos, receio de panelaço inspirou silêncio do Planalto

Publicado em 17/08/2015 09:18
Blog de Josias de Souza, do UOL

Após mais um domingo de protestos nacionais —o terceiro em menos de oito meses—Dilma Rousseff reuniu-se na noite de domingo (16) com quatro ministros petistas. Seguiu-se ao encontro um silêncio quebrado apenas por uma lacônica nota de uma linha da Secretaria de Comunicação Social da Presidência: “O governo viu as manifestações dentro da normalidade democrática''.

 

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Protestos de 16 de agosto pelo país126 fotos

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16.ago.2015 - Manifestantes erguem faixa gigante pedindo o impeachment da presidente Dilma Rousseff durante protesto na avenida Paulista, em São Paulo Leia mais Jorge Araújo/Folhapress

Incomodado com o mutismo do Planalto, um parlamentar governista tocou o telefone para um dos ministros que estiveram com Dilma. O silêncio de vocês pode ser confundido com abulia, reclamou. O auxiliar da presidente respondeu que pior seria se o governo fornecesse pretexto para um novo panelaço. De resto, disse que uma avaliação mais alentada será feita nesta segunda-feira, após reunião de Dilma com o vice Michel Temer e os membros da coordenação política do govenro.

Participaram da conversa noturna com Dilma os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), José Eduardo Cardozo (Justiça), Jaques Wagner (Defesa) e Edinho Silva (Comunicação Social). Para se livrar da curiosidade dos repórteres, entraram e saíram por um portão lateral do Palácio da Alvorada. Avaliaram que, diante das circunstâncias, a terceira onda de protestos não produziu abalos capazes de inibir os esforços do governo para tentar superar as crises política e econômica.

Celebrou-se no Alvorada o fato de as manifestações deste domingo terem levado ao meio-fio multidões menores do que as de 15 de março, mais próximas das de 12 de abril. Ruim para o PSDB, acreditam Dilma e seus ministros, já que o partido presidido por Aécio Neves veiculara comerciais no rádio e na tevê convocando as pessoas para as manifestações.

Mantido o script esboçado no Alvorada, as reações oficiais desta segunda-feira seguirão o manual: respeito ao direito do brasileiro de se manifestar pacífica e democraticamente, disposição do governo de trabalhar para superar as dificuldades políticas e econômicas e respeito ao resultado das urnas de 2014.

Não se ouvirá nada parecido com o que foi dito pelo ministro Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência) em 15 de março. Naquele dia, Rossetto provocara a ira das panelas ao dizer que os protestos eram coisa de eleitores que não votaram em Dilma. Acrescentara que “não é legítimo o golpismo, a intolerância, o impeachment infundado que agride a democracia”.

Neste domingo, o desejo de afastar Dilma do cargo ficou ainda mais nítido. Em São Paulo, informa o Datafolha, 85% dos manifestantes gostariam que a presidente facilitasse as coisas, renunciando ao cargo. A renúncia não virá. Mas Dilma poupará a platéia de uma nova entrevista de Rossetto. Quem for escalado para falar terá de caprichar na humildade.

Um tempinho para respirar (Lauro Jardim, de veja.com)

 

Manifestação na capital

As ruas encheram ontem. Mais do que em abril. E menos do que em março. Encheram, mas não transbordaram.

 

Se o Brasil tivesse realizado ontem sua maior jornada anti-Dilma desta temporada, a barulheira oposicionista iria justamente calar  e emparedar mais o governo.

 

Isso não aconteceu, mas não quer dizer, contudo, de maneira nenhuma, que o governo pode sair por aí cantando vitória.

 

Dilma ganhou  apenas um tempinho para respirar.

 

Assim como conseguiu um fôlego extra na semana passada com o apoio de Renan Calheiros e de parte do establishment empresarial.

 

Mas que ninguém se engane. O gás conseguido é curto.

 

Não tem poder para enfrentar a crise econômica, que só faz aumentar, e nem para barrar os ventos fortes que sopram a partir de Curitiba.

Por Lauro Jardim

 

Vale uma aposta?

por Ricardo Noblat

Nem que a vaca tussa, Dilma pedirá desculpas pelos erros que cometeu. Falta-lhe discernimento. Sobra-lhe arrogância.

É o defeito das mulheres sapiens.

 

 

O que um boneco não pode fazer...

17/08/2015 - 09h06

Pixuleco (Foto: Eduardo Jaime Seabra)

Ricardo Noblat

O boneco de Lula presidiário tirou Lula do sério. Pela primeira vez, um instituto de ex-presidente da República solta uma nota oficial a propósito de um boneco, embora sem citá-lo diretamente.

E tem gente que pensa que já viu tudo na vida!

O mito Lula está acabado; PT agora torce para que a Justiça não acerte as contas com o homem Lula (por REINALDO AZEVEDO)

Lula caracterizado como presidiário em manifestação no Distrito Federal (Foto: Cristiano Mariz/Veja.com)

Luiz Inácio Lula da Silva não compareceu à manifestação, no instituto que leva seu nome, promovida pela CUT e pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC — onde ele nasceu politicamente, quando ainda apenas de São Bernardo e Diadema. Por que não? Inexiste explicação lógica. É claro que, segundo a narrativa que se conta no petismo, ele deveria estar lá, não é mesmo? Não pode se exibir como um símbolo, uma abstração intangível, até entre os seus. É que o contraste seria vexaminoso para ele. A sociedade civil, sem estrelas da grandeza do poderoso Babalorixá de Banânia, pôs mais de 600 mil pessoas nas ruas, segundo as Polícias Militares. Lula sabe que seu PT agoniza. E tem claro que a sua imagem está se esfarelando.

Brasil afora, ele próprio não era menos alvo dos protestos do que Dilma Rousseff. Aquele que Gilberto Carvalho dizia ser, ainda em 2013, o “Pelé” que estava no banco de reservas do PT é hoje tratado como um perna de pau. Jilmar Tatto, secretário de Transportes e homem forte do prefeito Fernando Haddad, afirmou que o protesto só existe porque a oposição teme Lula em 2018.

Para começo de conversa, não é certo que esse governo se segure até lá. Mas também isso já foi. O Lula imbatível nas urnas é hoje coisa de um passado até recente no tempo, mas muito distante quando se considera o ritmo acelerado em que amadurece a sociedade brasileira. Ninguém mais cai na conversa.

Lula até tentou nos últimos 15 dias revitalizar aquele papo furado da luta do “nós” contra “eles”; das “elites” contra o “povo”. Sempre foi uma falsa questão, sempre foi uma boçalidade política. Mas tão mais distante se torna quando se constata que, fora do governo, só em palestras estupidamente bem pagas, amealhou R$ 27 milhões, boa parte delas contratadas e pagas por empresas investigadas na Lava-Jato.

O companheiro, que pretende ser o monopolista do povão, é hoje um milionário, não é mesmo? E não haveria mal nenhum nisso se a fortuna, essa que conhecemos, houvesse sido conquistada longe do poder e de interesses que se entrelaçam com dinheiro público. Mas também isso não bate com a realidade.

Os lulistas gostariam que fosse verdadeira a falsa tese de que é a ruindade do governo Dilma que contamina a imagem de Lula. Não é, não! Há até uma possibilidade, no terreno estritamente pessoal, de que seja o contrário. Não é difícil a gente ouvir por aí que Dilma pode até ser honesta, o problema está no fato de ser tutelada por Lula e pelo PT. Desconheço se alguém já fez algo parecido, e fica aqui a dica: institutos de pesquisa deveriam escolher algumas personalidades públicas para que a população avaliasse a sua honestidade, com notas de zero a 10. Aposto que Dilma receberia uma pontuação acima da de Lula.

Na Avenida Paulista — e, segundo sei, foi assim em toda parte —, Lula não apanhou menos do que Dilma e do que o PT propriamente. Aquele que era o Pelé do banco, a eterna reserva moral para opor o povo à Dona Zelite, hoje já não é  garantia de nada. Bonecos infláveis Brasil afora o caracterizavam como um presidiário.

E isso lança o PT num verdadeiro desespero. Os “companheiros” não sabem por onde recomeçar. Acusam conspirações as mais exóticas e variadas, mas nem eles acreditam seriamente em suas mentiras convenientes.

O mito Lula está acabado, e resta agora torcer para que a Justiça não resolva ajustar as contas com o homem Lula.

Texto publicado originalmente às 5h03

Por Reinaldo Azevedo

 

A Lava Jato é um estado de espírito, por GERALDO SAMOR

ara o brasileiro decente, que vive do suor (bíblico) de seu rosto e paga seus impostos, acordar a cada quinta ou sexta-feira com mais uma fase da Operação Lava Jato se tornou uma pequena grande recompensa, uma espécie de homenagem tardia que o Estado rende à honestidade.

As cenas dos agentes da PF efetuando as prisões e as entrevistas dos procuradores-ninjas explicando as investigações são um bálsamo para os cidadãos que se consideram os otários da República, dada a histórica impunidade usufruída por quem rouba para esconder fortunas na Suíça ou construir piscinas folheadas a ouro.

Para quem se sentia pequeno e indefeso contra a corrupção histórica, é reconfortante saber que os efeitos da Lava Jato — o medo que ela impõe aos que andam fora dos caminhos que mamãe recomendou — deixam sem dormir os empresários e os políticos que costumam conspirar contra a coisa pública. Alguns deles, inclusive, já refletem sobre o assunto por trás das grades e de prisões preventivas.

Os tempos estão mudando.

Se você é um reles funcionário do Detran cobrando um ‘por fora’ numa vistoria no Rio de Janeiro…

Se você ajuda alguém a fraudar o INSS sonhando em dirigir uma Range Rover…

Se você é um fiscal da Receita estadual que reduz uma multa aplicável por lei em troca de uma mochila cheia de papel pintado…

Se você é um deputado que cobra de grandes empresas para enfiar artigos em projetos de lei (ou retirá-los de lá)…

Se você é um banqueiro que fecha os olhos para as regras ‘know your client’ e aceita que o dinheiro sujo contamine a sua legítima operação bancária….

Cuidado. Muito cuidado.

Sua hora deve estar chegando.

Ontem, muitos brasileiros foram às ruas pedir a saída da Presidente da República mais impopular da história. A sociedade ainda debate se há base para um pedido de impeachment, se há materialidade suficiente nos fatos — seja na questão das pedaladas fiscais, seja na contaminação das contas de campanha.

Mas os brasileiros que foram à rua não se sentiam sozinhos. O Ministério Público Federal e um juiz obstinado estão apontando um novo caminho. Um caminho de tolerância zero.

Mais do que uma operação isolada ou um ponto fora da curva, a Lava Jato é um estado de espírito. É o espírito do tempo.

Cuidado.

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Fonte: Blog do Josias (UOL) + VEJA

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