Iuan pode se mover nas duas direções; mais ajustes são improváveis, diz BC chinês

Publicado em 17/08/2015 07:06

PEQUIM (Reuters) - A medida da China para enfraquecer o iuan na semana passada pode evitar outros “ajustes” similares, e o iuan deve provavelmente se mover nas duas direções enquanto a economia se estabiliza, disse neste domingo Ma Jun, economista-chefe do banco central.

O Banco do Povo da China chocou o mercado global ao desvalorizar o iuan em quase dois por cento em 11 de agosto. O banco chamou a medida de uma reforma de livre mercado, mas alguns a viram como o início de uma desvalorização a longo prazo da moeda para estimular exportações.

A queda do iuan na semana passada e a crescente flexibilidade da moeda podem ajudar “a reduzir bastante a possibilidade” de ajustes similares no futuro, disse Ma.

A curto prazo, é mais provável que haja uma “volatilidade para os dois lados”, ou valorização e desvalorização do iuan, afirmou Ma num comunicado de perguntas e respostas enviado por e-mail.

O banco central vai se mover somente em “circunstâncias excepcionais” para acalmar a “volatilidade excessiva” no câmbio, declarou ele.

Ma minimizou os temores dos mercado de que uma “guerra de câmbio” poderia ser provocada pela desvalorização chinesa, que arrastou outras moedas asiáticas para baixo.

“A China não tem a intenção e nem precisa participar de uma ‘guerra de câmbio’”, disse ele no comunicado.

"Não há razão para temer” outras intervenções do banco central no mercado enquanto a economia chinesa se estabiliza, declarou Ma.

"No futuro, mesmo que o banco central precise intervir no mercado, a ação pode ser nas duas direções”, afirmou.

Ma também declarou esperar que a economia cresça cerca de 7 por cento neste ano, como prevê a meta do governo.

(Reportagem de Matthew Miller)

FMI diz que reforma do iuan pode colocar China próxima de ter câmbio flutuante

Por Howard Schneider

WASHINGTON (Reuters) - Mudanças recentes na forma como a China gerencia a sua moeda podem levar o país a “ficar bem perto de ter um câmbio flutuante”, disse na sexta-feira uma autoridade do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Em teoria, o novo sistema permite que o valor da moeda flutue até 10 por cento por semana e chegue próximo da taxa de câmbio que os mercados estabelecem independentemente, disse Markus Rodlauer, chefe da missão do FMI na China.

Ele disse que as autoridades chinesas ainda estão propensas a intervir nos mercados cambiais, mas que a medida é “a base para maior flexibilidade”.

“Não esperamos um cambio flutuante amanhã. Ainda esperamos alguma intervenção do governo. Mas confiamos que isso levará a uma maior flexibilidade e um câmbio flutuante em dois ou três anos”, disse.

Segundo Rodlauer, até mesmo com a desvalorização do iuan ocorrida com esse novo sistema, o FMI sente que a moeda chinesa não está mais subvalorizada, o que é um importante reconhecimento em um tema que causou muitas tensões políticas entre Washington e Pequim.

Os comentários de Rodlauer foram feitos no momento em que o FMI lança o seu relatório anual sobre a economia chinesa. O documento foi finalizado antes de a nova política cambial chinesa ser anunciada, nesta semana.

O FMI escreveu que China deveria permitir que sua economia continuasse desacelerando no próximo ano. A entidade pressiona o país a adotar reformas eu seus sistemas financeiro e de crédito.

A China permanece vulnerável a um choque financeiro, segue mostrando um importante superávit de conta corrente e é uma ameaça ao crescimento mundial, se a transição para uma economia de mercado não for bem gerenciada, escreveu o FMI.

(Reportagem de Howard Schneider)

Fonte: Reuters

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