Inflação acumulada deve chegar ao pico neste trimestre, diz Tombini

Publicado em 14/08/2015 14:26
Presidente do Banco Central também destacou a necessidade de manter os juros altos para levar a inflação à meta em 2016 (Na Reuters +VEJA)

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou nesta sexta-feira que a inflação acumulada dos últimos doze meses deve atingir o pico no terceiro trimestre deste ano, para "depois iniciar trajetória de queda". Tombini explicou que o duplo ajuste de preços relativos (administrados ante livres e domésticos ante internacionais) mantém a inflação elevada no curto prazo e tende a permanecer assim ao longo deste ano.

"Para 2016 a mediana das expectativas recuou, a despeito do aumento significativo das projeções para 2015", afirmou em evento organizado pelo Banco Central, em São Paulo.

Tombini também reforçou que a política monetária pode e deve conter os efeitos do realinhamento de preços e que os resultados recentes mostram que a estratégia está no caminho certo. "Os ajustes de preços relativos têm colocado importantes desafios à política monetária, demandando determinação e perseverança", disse.

Juros - O presidente do BC também voltou a repetir que a taxa básica de juros deve manter o atual patamar - 14,25%, o maior em nove anos - por "período suficientemente prolongado" para a convergência da inflação à meta até o fim de 2016.

Em seu discurso, Tombini ainda afirmou que o mercado de trabalho tem mostrado distensão acelerada e que a demanda doméstica tem contido uma alta ainda maior da inflação. Por outro lado, lembrou que a recente alta do dólar e elevação dos preços administrados têm colocado "importantes desafios à condução da política monetária". Diante disso, afirmou que é preciso ter "determinação e perseverança" para impedir que a inflação seja transmitida para prazos mais longos.

Tombini reforçou que a política monetária pode e deve conter os efeitos de segunda ordem dos ajustes de preços relativos e que os resultados recentes mostram que a estratégia está adequada(Ueslei Marcelino/Reuters/VEJA)

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“Diante do que estamos vendo, a economia está se reequilibrando", disse Levy a empresários (Joel Silva/Folhapress)

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou nesta sexta-feira que a causa da atual crise econômica não é o ajuste fiscal, mas o conjunto de políticas econômicas adotadas em anos anteriores e a desaceleração dos dois principais parceiros comerciais do Brasil - China e Estados Unidos. "Dada a fragilidade da economia, nós apenas mudamos a direção. Se nós olharmos o superávit, que atualmente é um déficit, o balanço estrutural fiscal já vinha se deteriorando desde 2012, e o que fizemos foi estancar essa deterioração. Na verdade, a economia já vinha se desacelerando. Não foi o ajuste fiscal", disse. Segundo ele, a estratégia do governo de "jogar dinheiro dentro da economia para ver se pegava", contribui para a recessão da atividade. As afirmações foram feitas a uma plateia de empresários, em evento da Câmara Americana de Comércio (Amcham), em São Paulo.

O ministro ainda disse que o grande crescimento que o país teve em 2010 foi favorecido por um contexto "absolutamente único" - de alta do preço das commodities - e que, na época, "ninguém ia querer estragar a festa com uma coisa difícil".

Com tom otimista, Levy afirmou que os "três principais riscos" do início do ano, que abalavam a confiança dos empresários e consumidores, podem não ter sido eliminados completamente, mas já "retrocederam". São eles: os receios de que a Petrobras não conseguisse se recuperar com os desdobramentos da Operação Lava Jato; a possibilidade de uma crise energética devido ao longo período de estiagem e a falta de chuvas; e os temores do mercado quanto a uma possível perda do grau de investimento pelas agências de risco, o que - ainda - não aconteceu. "Diante do que estamos vendo, a economia está se reequilibrando. Os principais riscos, que existiam no começo, retrocederam", disse.

Segundo Levy, apesar da melhora, o governo continuará promovendo os ajustes fiscais no próximo ano. "Eu acho que ainda há muito trabalho a ser feito, tanto do lado das despesas como da receita. A deterioração fiscal dos últimos anos é muito significativa e não dá para brincar com isso. Se nós tropeçarmos na questão da dívida, os custos serão muito altos", ressaltou.

Com o intuito de passar uma mensagem de tranquilidade para os empresários, o ministro também afirmou que, com a alta do dólar e as possíveis mudanças no ICMS, a indústria brasileira tende a crescer nos próximos anos, diferentemente do que ocorreu no passado. Nesse sentido, o ministro também aposta que a retomada do parque fabril contribua para segurar o avanço do desemprego. "Eu acho que nós vamos ter aumento de emprego em outras áreas que ainda não tínhamos, como a de exportação e da indústria. É obvio que demora um pouco para as empresas se prepararem para essa nova situação, porque antes a lógica era diferente."

Em outro aceno aos empresários que o assistiam, Levy falou da necessidade de haver uma simplificação tributária e da entrada do capital privado no país. "Nós sabemos que cada vez mais vamos ter que usar o capital privado para ser mais produtivos. O que temos que fazer é simplicar e melhorar a vida das empresas, e conseguir leis que realmente criem um ambiente para isso", afirmou o ministro.

Ministérios - Questionado se concorda com um corte no número de ministérios, Levy tergiversou, dizendo que muitas pastas configuram-se muita mais como uma secretaria, com estrutura e despesas menores, do que como um ministério propriamente dito. Ele defendeu, no entanto, a revisão de programas de governo, sem citá-los nominalmente, para verificar se os gastos têm compensado os resultados obtidos. "Nós temos que melhorar a eficiência. Não dá para gastar por gastar. Será que todo programa que existe precisa ser daquele tamanho ou está alcançado o seu objetivo?", disse.

 

Lucro dos quatro maiores bancos do país sobe 17% no 2º tri

Bradesco, Santander, Itaú e BB lucraram, juntos, R$ 15,1 bilhões. Ganhos foram favorecidos pela elevação na taxa básica de juros, atualmente em 14,25%

 

O Itaú teve o maior ganho entre os maiores bancos, com lucro de R$ 5,98 bilhões(Eladio Machado/VEJA)

Os maiores bancos do Brasil - Bradesco, Santander, Itaú e BB - encerraram o segundo trimestre do ano com lucro líquido de 15,1 bilhões de reais, uma alta de 17% em relação ao mesmo período de 2014, segundo levantamento feito pelo jornal Valor Econômico.

O Itaú foi o que apresentou o maior ganho no segundo trimestre, com lucro de 5,98 bilhões de reais, alta de 22,1% em comparação com o mesmo período do ano passado. Em seguida, estão Bradesco, com 4,47 bilhões de reais, Banco do Brasil, com lucro de 3 bilhões, e Santander, com o menor lucro, de 1,65 bilhão.

De acordo com o levantamento, os ganhos foram diretamente influenciados pela elevação na Selic, a taxa básica de juros, que passou de 13,75% para 14,25% ao ano.

A reportagem mostra que as linhas de crédito ficaram mais caras de forma generalizada e os resultados de operações de tesouraria também avançaram. Os bancos também conseguiram garantir mais receitas com prestação de serviços e tarifas e continuaram a enxugar despesas.

(Da redação)

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Fonte: Reuters (+ VEJA)

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