Mudança nas intervenções no câmbio pode ser inócua, dizem economistas
A mudança no ritmo de intervenção no câmbio pelo Banco Central pode até conter o avanço do dólar nesta sexta (7), após seis dias seguidos de forte valorização, mas nada garante a eficácia da medida nos próximos dias diante de uma deterioração do quadro político, segundo economistas.
Também há dúvidas se o BC seguirá renovando 100% dos contratos de swap cambial (títulos que equivalem à venda de dólares) ou se trata apenas de uma correção temporária de rota até que os investidores se acostumem ao novo patamar de câmbio.
Para José Francisco de Lima Gonçalves, economistachefe do Banco Fator, só é possível afirmar, até o momento, que o dólar acima de R$ 3,50 "incomodou" o Banco Central a ponto de justificar uma mudança na rota. Mas esse incômodo, afirmou, pode estar mais ligado aos ruídos provocados pela escalada rápida da moeda.
"[Mexer na oferta de títulos] É um recurso que o Banco Central tem a mão e que sempre pode mudar. É uma porta aberta. Mas diria que o dólar a R$ 3,50 está condizente com as atuais perspectivas do país", disse Gonçalves.
O BC nunca deixou clara a sua política de intervenção no câmbio por meio de títulos. Desde o ano passado, o presidente do BC, Alexandre Tombini, sinaliza que os investidores não precisariam mais do mesmo patamar de hedge [proteção] cambial, oferecido por esses papéis.
Segundo Jason Vieira, economistachefe da Infinity Asset, a mudança no ritmo de intervenção no câmbio pode ser inócua em um cenário de crise política crescente, que motiva aversão dos investidores globais ao risco do país.
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