Reprovação de Dilma cresce, bate recorde e supera a de Collor em 1992, mostra Datafolha

Publicado em 06/08/2015 07:26

Com 71% de reprovação, a presidente Dilma Rousseff (PT) superou as piores taxas registradas por Fernando Collor (1990­92) no cargo às vésperas de sofrer um processo de impeachment, mostra pesquisa Datafolha feita entre terça e esta quarta-feira (5).

No levantamento anterior, realizado na terceira semana de junho, 65% dos entrevistados viam o governo Dilma como ruim ou péssimo.

O grupo dos que consideram a atuação da petista ótima ou boa variou para baixo, dentro da margem de erro de dois pontos percentuais. Em junho, 10% dos consultados pelo Datafolha mantinham essa opinião. Agora, são 8%.

REGIÕES

A reprovação à presidente Dilma Rousseff é homogênea em relação às regiões do país, com índices em patamares semelhantes em todas elas.

Nos locais em que seu partido, o PT, costuma ter mais reprovação, a presidente registrou taxas levemente piores. A maior taxa de reprovação foi registrada na região Centro-Oeste, 77%. No Sudeste e no Sul, 73% dos entrevistados disseram que o governo é ruim ou péssimo.

Mesmo no Nordeste, região do país onde o PT costuma ter melhor desempenho eleitoral, a aprovação de Dilma é baixa. Apenas 10% dos consultados pelo Datafolha afirmaram que o governo é ótimo ou bom. Outros 66% entendem que a administração é ruim ou péssima.

As taxas apuradas pelo Datafolha em relação à questão do impeachment também são consistentes independentemente da região do país.

No Centro-Oeste, 74% acreditam que o Congresso deveria fazer tramitar um pedido de afastamento. Sul e Sudeste registram 65%. No Nordeste, o percentual é maior, porém dentro da margem de erro, com 67%.

Também não há diferença relevante em relação a idade ou o sexo dos entrevistados. Os resultados tanto entre homens como entre mulheres repetem o percentual de reprovação geral, de 71%.

Dilma tem reprovação levemente inferior entre pessoas com mais de 60 anos (68%). Os resultados das outras faixas etárias variam pouco, sempre dentro da margem de erro.

O Datafolha entrevistou 3.358 pessoas com 16 anos ou mais em 201 municípios nas cinco regiões do país.

A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

O nível de confiança do levantamento é de 95% –se fossem realizadas 100 pesquisas com a mesma metodologia, os resultados estariam dentro da margem de erro em 95 ocasiões.

Leia a notícia na íntegra no site da Folha de S. Paulo

Na Reuters: Dilma bate recorde de impopularidade entre presidentes, mostra Datafolha

SÃO PAULO (Reuters) - A impopularidade da presidente Dilma Rousseff é recorde entre todos os presidente avaliados pelo Datafolha desde 1990, mostrou pesquisa do instituto publicada nesta quinta-feira.

Apenas 8 por cento dos entrevistados avaliam o governo Dilma como ótimo ou bom, ante 10 por cento em junho, enquanto 71 por cento acham a administração ruim ou péssima (ante 65 por cento). A margem de erro da pesquisa, realizada terça e quarta-feira, é de 2 pontos percentuais.

Para 66 por cento, o Congresso deveria abrir um processo de impeachment de Dilma, mas apenas 38 por cento acreditam que ela será afastada da Presidência.

O Datafolha ouviu 3.358 pessoas, em 201 municípios.

(Por Alexandre Caverni)

análise de ROGÉRIO GENTILE:

Os ex-otários

SÃO PAULO - Governo fraco e o mais impopular já registrado pelo Datafolha, economia em frangalhos, instabilidade no Congresso Nacional e um infindável escândalo de corrupção. É difícil respirar num cenário desses. Mas, em meio a tudo isso, há, sim, uma boa notícia no ar. O Brasil está deixando de ser um país de otários.

Pode parecer pouca coisa agora, considerando a confusão decorrente na política e os prejuízos inevitáveis para a economia, mas o tratamento quimioterápico intensivo que começou na investigação do mensalão e prossegue no caso Petrobras está, de uma forma ou de outra, aos poucos, mostrando que a velha definição de Bezerra da Silva para o "otário" –sujeito que tem só dois direitos, o de tomar tapa e o de não dizer nada– não vale mais para o Brasil.

O procedimento em curso tem impacto profundo e abrangente. Políticos importantes foram condenados. O ministro mais poderoso de um governo popular foi preso uma, duas vezes, sendo que na última nem se sentiu mais à vontade para levantar teatralmente o braço e se dizer vítima de perseguição política. Grandes empreiteiros estão na cadeia. Um ex-presidente da República teve carros de luxo apreendidos. Envolvidos nos esquemas foram obrigados a devolver uma fortuna que gira em torno de R$ 1 bilhão.

É evidente que tudo isso não resultará no fim da corrupção, dos desmandos, dos desvios e dos superfaturamentos. Não existe solução definitiva para esse tipo de assunto. Tampouco indica que, das cinzas produzidas pelas investigações, surgirá uma classe política mais honrada.

Significa apenas que o país evoluiu e que as instituições funcionam com independência, não porque o governo atual permite, como martela o PT na sua difícil tentativa de se defender, mas pelo fato de que, 30 anos após o fim da ditadura, estão muito mais sólidas. A impunidade deixou de ser uma certeza. Corruptos e corruptores agora, ao menos, têm medo.

BERNARDO MELLO FRANCO

O governo pede socorro

BRASÍLIA - O governo demorou, mas finalmente resolveu descer do salto alto. No mesmo dia, o ministro Aloizio Mercadante e o vice Michel Temer calçaram as sandálias da humildade e reconheceram o agravamento da crise que emparedou a presidente Dilma Rousseff.

As declarações soaram como pedidos de socorro, no momento em que o Planalto volta a sofrer derrotas no Congresso e assiste à desintegração da sua base de apoio. Os dois falaram antes da divulgação da nova pesquisa Datafolha, que mostra o recorde de reprovação da presidente.

Em visita à Câmara, Mercadante surpreendeu ao reconhecer que o governo cometeu erros, mesmo sem identificá-los. O ministro fez um inusitado elogio ao PSDB. Disse que a oposição é "muito elegante" e que os tucanos são responsáveis por conquistas "importantes para o país", como o controle da inflação.

O chefe da Casa Civil ainda defendeu um "acordo suprapartidário" contra a crise. Para quem conhece seu estilo, o tom humilde pareceu um apelo desesperado por ajuda.

Sempre escorregadio, Temer também deu uma guinada radical no discurso. Duas semanas depois de dizer que o país vivia apenas uma "crisezinha", ele reconheceu que a situação tomou contornos dramáticos.

"Não vamos ignorar que a situação é razoavelmente grave, não tenho dúvida de que é grave", admitiu, com objetividade incomum. Impotente diante do clima de rebelião na Câmara, o vice-presidente pediu um acordo "em nome do Brasil". "Como articulador político do governo, quero fazer esse apelo", suplicou.

O apelo foi em vão. Poucas horas depois, os líderes de PDT e PTB anunciaram a decisão de abandonar a base governista, embora continuem agarrados aos ministérios do Trabalho e do Desenvolvimento.

A crise que ameaça o mandato de Dilma se agrava velozmente. Seu desfecho ainda é imprevisível, mas o governo nunca pareceu tão frágil quanto nesta quarta-feira.

coluna PAINEL, por VERA MAGALHÃES - painel@uol.com.br

Ato falho?

A declaração de Michel Temer de que o país precisa de "alguém que tenha capacidade de reunificar todos" animou a oposição e a ala do PMDB que prega o rompimento com Dilma Rousseff. O grupo trata a declaração como o primeiro sinal público de que o vice se convenceu de que o país não sairá da crise sob o comando de Dilma. Aliados do vice reconhecem que a fala dá margem a essa interpretação, mas sustentam que ele quis exortar o Congresso a se unir em prol do país.

Reset A entrevista do vice foi precedida de tensa reunião com líderes de partidos aliados na Câmara. Orlando Silva (PC do B) chegou a dizer que a única solução seria recomeçar o governo "do zero".

Omo De um participante: "Foi uma lavação de roupa suja tremenda. O problema é que a água acabou e a roupa continua encardida".

Lá e cá Já no encontro com senadores, que estão dispostos a ajudar, Temer chamou a atenção pelo pessimismo inusual. "Nossa situação é difícil e não é hora para sorrisinhos", disse.

Fonte: Folha de S. Paulo + Reuters

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