Bancos pressionam e Bovespa fecha em queda; Vale e Petrobras limitam perdas
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO, (Reuters) - A Bovespa não sustentou os ganhos da primeira etapa do dia e fechou em leve queda nesta terça-feira, com a pressão dos bancos ofuscando ganhos de Vale e Petrobras, após balanço do segundo trimestre do Itaú Unibanco mostrar aumento da inadimplência.
O Ibovespa caiu 0,16 por cento, a 50.058 pontos.
O giro financeiro totalizou 5,43 bilhões de reais.
O cenário político endossou a cautela, com o retorno das atividades no Congresso Nacional nesta terça-feira e uma agenda à frente que reserva desde votações ligadas ao ajuste fiscal a pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
"Agosto reserva fortes emoções no âmbito político com possibilidade de implicações sérias sobre a economia", avaliou o analista Marco Aurélio Barbosa, da CM Capital Markets, em nota a clientes.
A temporada de balanços corporativos corroborou o viés de baixa, com resultados afetados pela desaceleração econômica e perspectivas pouco animadoras, embora alguns agentes financeiros considerem que boa parte disso esteja embutida nos preços.
Também pesou comentário do presidente do Federal Reserve de Atlanta de que a economia dos Estados Unidos teria que sofrer "deterioração significativa" para ele não apoiar alta do juro em setembro, segundo o Wall Street Journal.
Dados divulgados nesta terça-feira mostraram que a Bovespa encerrou o mês passado com saldo externo negativo de 567,86 milhões reais, primeira saída líquida mensal em 2015.
DESTAQUES
=ITAÚ UNIBANCO fechou em baixa de 2,41 por cento, mesmo após divulgar lucro acima das expectativas e aumento das margens no segundo trimestre, com as atenções voltadas para o repique dos calotes após 11 trimestres em queda. O diretor de relações com investidores do maior banco privado do país, Marcelo Kopel, disse durante teleconferência que a economia brasileira em recessão pode ser um complicador para o desempenho do banco mais adiante. No setor, BRADESCO caiu 1,44 por cento e BANCO DO BRASIL cedeu 3,55 por cento, enquanto SANTANDER BRASIL perdeu 1,90 por cento.
=VALE encerrou com alta de 2,99 por cento das ações preferenciais, com desempenho influenciado pelo noticiário da China, principal consumidor de commodities do mundo, onde foram bem recebidas medidas adotadas pelo governo para sustentar os mercados acionários. O BTG Pactual disse em nota a clientes, porém, que segue cauteloso com as perspectivas para os preços do principal produto da Vale, o minério de ferro, no segundo semestre, dada a aceleração da oferta em um momento de queda de demanda, o que deve pesar nos preços da commodity nas próximas semanas.
=PETROBRAS desacelerou os ganhos ao longo do dia, mas ainda assim fechou com alta de 1,6 por cento nas preferenciais, conforme os preços do petróleo recuperaram-se após tocarem as mínimas em seis meses na segunda-feira, com o declínio do dólar ajudando na reação da commodity. Também repercutiu notícia de que o Conselho de Administração da companhia está pressionando a diretoria a apresentar os critérios da metodologia utilizada para definir os preços no mercado interno, conforme disseram à Reuters três fontes. Na máxima, Petrobras PN avançou mais de 4 por cento.
=BR MALLS perdeu 3,29 por cento, após afirmar que o resultado no segundo trimestre foi afetado pela desaceleração econômica e estimar que as vendas no conceito mesmas lojas do terceiro trimestre serão semelhantes às dos três meses anteriores. O BTG Pactual disse que os números do segundo trimestre ficaram em linha com suas expectativas, destacando que a queda recente a deixou a ação mais atrativa, mas ponderou que o cenário macroeconômico desafiador e a alavancagem reforçam sua recomendação "neutra" para o papel.
=MARCOPOLO recuou 1,75 por cento, após seu lucro cair quase um terço no segundo trimestre sobre o mesmo período do ano passado, impactado pela forte retração do mercado de veículos brasileiro. "Nós esperávamos uma melhora no resultado comparado ao primeiro trimestre, principalmente com a contribuição das exportações e do real mais fraco, o que não ocorreu. Acreditamos que nossas estimativas para 2015 estavam otimistas, o que nos leva a ter uma posição mais conservadora agora", disse a corretora Brasil Plural.