Ibovespa sofre 7ª queda seguida afetado por mercado externo negativo e Petrobras
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da Bovespa fechou em queda pelo sétimo pregão consecutivo nesta segunda-feira, maior série de perdas desde fevereiro de 2013, afetado pelo viés negativo no mercado acionário global e com o declínio dos preços do petróleo pressionando as ações da Petrobras.
O noticiário corporativo local também esteve sob os holofotes, com Braskem despencando após denúncia do Ministério Público Federal (MPF) envolvendo contrato de nafta da petroquímica com a Petrobras, enquanto Gol disparou após perspectivas de recuperação nos preços de passagens.
O Ibovespa caiu 1,04 por cento, a 48.735 pontos, menor patamar desde 13 de março deste ano. Em dólar, o principal índice acionário brasileiro manteve-se em nível próximo de 2008, fechando abaixo dos 15 mil pontos. O giro financeiro totalizou 5,9 bilhões de reais.
No exterior, preocupações sobre a economia na China após novo tombo nas bolsas chinesas contaminou pregões na Europa e em Wall Street. Com dados norte-americanos também em pauta, o S&P 500 cedeu 0,58 por cento.
O Credit Suisse destacou em nota a clientes entre os principais motivos para a deterioração uma eventual interrupção nas compras de blue chips, o lucro do setor industrial para o mês de junho abaixo do esperado e uma queda nas margens de garantia sugerindo redução de posições alavancadas.
Entre as commodities, o preço do minério de ferro fechou em alta no mercado físico da China nesta segunda-feira acompanhando ganhos do aço, mas os contratos do petróleo atingiram a mínima em quatro meses.
Ainda no front doméstico, também pesaram na bolsa paulista declarações do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), durante em evento em São Paulo, que reforçaram apreensões sobre a tensão no ambiente político.
Cunha disse que a nova meta de superávit primário anunciada pelo governo federal não será cumprida. Ele ainda condicionou a votação na Câmara do projeto sobre repatriação de capitais, apontado pelo governo como essencial para se atingir o novo objetivo fiscal, a um envio de uma proposta sobre o tema pelo Executivo.
DESTAQUES
=BRASKEM despencou 10,12 por cento, após o Ministério Público Federal denunciar executivos da Odebrecht no âmbito da operação Lava Jato no final da tarde da sexta-feira, responsabilizando os mesmos por um dano de 6 bilhões de reais causado por contrato de fornecimento de nafta pela Petrobras à petroquímica.
=PETROBRAS fechou em queda de mais de 5 por cento nas preferenciais e de mais de 6 por cento nas ordinárias, acompanhando o declínio dos preços do petróleo e com agentes financeiros ainda na expectativa sobre as deliberações em reunião do Conselho de Administração da estatal na última sexta-feira.
=VALE não sustentou os ganhos, terminando com as preferenciais em queda de 0,21 por cento, apesar da alta dos preços do minério de ferro na China. Do noticiário da empresa, três fontes disseram à Reuters que uma empilhadeira de carvão caiu no Porto de Nacala, Moçambique, onde a Vale planeja iniciar embarques de carvão no terceiro trimestre deste ano.
=GOL disparou mais de 8 por cento, com movimentos de cobertura de posição. A valorização ocorreu após comentário de executivo de que a Gol está registrando um aumento no indicador yield, que mede preços de passagens, no terceiro trimestre, depois que a métrica atingiu o "fundo do vale" nos três meses anteriores. De acordo com um analista do setor, o cenário não mudou, mas o tom na teleconferência de que a companhia está vislumbrando um piso corrobora expectativas de que o restante do ano pode ser mais sólido, após um primeiro semestre fraco. "Tanto que o 'guidance' foi mantido", disse o analista.
=TRACTEBEL terminou praticamente estável, após divulgar balanço na sexta-feira, com lucro líquido de 209,3 milhões de reais no segundo trimestre de 2015. O Credit Suisse avaliou que os números ficaram um pouco abaixo das expectativas da casa, mas destacou em nota a clientes melhora significativa devido à estratégia de alocação de energia.
=SOUZA CRUZ perdeu 4,01 por cento, após reportar na sexta-feira queda de cerca de 8 por cento no lucro líquido do segundo trimestre e citar que a deterioração da economia tem pressionado a migração de consumidores para marcas mais baratas e para o mercado ilegal. O Goldman Sachs disse em nota a clientes que, de modo geral, o resultado foi fraco, afetado pelo desempenho no volume e no mix de cigarros e aumento dos custos operacionais.
=HYPERMARCAS recuou 1,49 por cento, após divulgar que seu lucro caiu cerca de 9 por cento no segundo trimestre na comparação anual, em resultado dentro do esperado pelo mercado. O BTG Pactual destacou em nota a clientes que já antecipava piora da margem bruta na divisão de consumo e falta de geração de caixa, mas ainda assim avaliou ser difícil justificar o nível de preço da ação da empresa.