Boletim Focus: Previsão do mercado para inflação sobe pela 15ª semana, para 9,23%

Publicado em 27/07/2015 08:47
A piora nas estimativas para a economia brasileira não dá trégua: pela 15ª semana seguida, os economistas das instituições financeiras subiram a previsão para a inflação deste ano, que passou de 9,15% para 9,23%.
 
Houve piora também na previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB): os analistas agora estimam que a economia sofra uma contração de 1,76% neste ano, ante 1,7% na semana anterior.

Os dados são do boletim Focus, que reúne estimativas de mais de cem instituições financeiras, divulgado nesta segunda-feira (27) pelo Banco Central.

Na semana passada, o governo revisou para pior suas estimativas para a economia do país este ano. As previsões, no entanto, seguem mais otimistas que as do mercado:o governo espera que a inflação chegue ao final do ano em 9%, e que o PIB tenha uma retração de 1,49%.

Inflação
Se confirmada a estimativa para o IPCA, a inflação de 2015 atingirá o maior patamar desde 2003, quando ficou em 9,3%. Já para 2016, a previsão para a inflação ficou estável, em 5,4%.

Segundo economistas, a alta do dólar e dos preços administrados (como telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de ônibus, entre outros) pressiona os preços em 2015. Além disso, a inflação de serviços, impulsionada pelos ganhos reais de salários, segue elevada.

Pelo sistema que vigora no Brasil, a meta central para 2015 e 2016 é de 4,5%, mas, com o intervalo de tolerância existente, o IPCA pode oscilar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida. Com isso, a inflação deverá superar o teto do sistema de metas em 2015, algo que não acontece desde 2003.

PIB
Se confirmado o resultado de queda de 1,76% no PIB, será o pior resultado em 25 anos, ou seja, desde 1990 – quando foi registrada uma queda de 4,35%. Para 2016, a estimativa para o PIB também ficou menor: a previsão é de uma alta de apenas 0,2% – na semana anterior, o mercado estimava uma alta de 0,33%. O governo ainda estima uma alta maior, de 0,5%.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos em território brasileiro, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.

No fim de maio, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a economia brasileira registrou queda de 0,2% no primeiro trimestre de 2015, puxada pelo desempenho negativo do setor de serviços e da indústria, bem como pelo recuo do consumo das famílias e dos investimentos.

Taxa de juros
Apesar da alta da inflação, a estimativa para os juros no fim deste ano recuou: o mercado agora estima que a Selic chegue ao final do ano em 14,25% – na semana anterior, a estimativa era que ficasse em 14,5%. Assim, a previsão é que a taxa, hoje em 13,75%, suba mais 0,5 ponto percentual este ano. Para o fim de 2016, a estimativa ficou estável em 12% ao ano.

A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para tentar conter pressões inflacionárias. Pelo sistema de metas de inflação brasileiro, a instituição tem de calibrar os juros para atingir objetivos pré-determinados. As taxas mais altas tendem a reduzir o consumo e o crédito, o que pode contribuir para o controle dos preços.

Câmbio, balança e investimentos
Nesta edição do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2015 subiu para R$ 3,25 por dólar, ante R$ 3,23 no boletim anterior – o que mostra que os analistas acreditam que a moeda norte-americana vai perder força, uma vez que ela fechou a última sexta-feira em R$ 3,347. Para o término de 2016, a previsão dos analistas para a taxa de câmbio permaneceu em R$ 3,40.

Leia a notícia na íntegra no site G1.

Economistas veem alta de 0,50 p.p. no juro agora e pioram projeções de PIB e inflação

SÃO PAULO (Reuters) - Economistas de instituições financeiras pioraram suas estimativas econômicas para este ano e o próximo após o governo reduzir as metas de superávit primário, ao mesmo tempo em que cravaram a aposta de que a taxa básica de juros será elevada em 0,50 ponto percentual na reunião desta semana do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

A pesquisa Focus do BC mostrou ainda que a perspectiva para o fim do ano da Selic --atualmente em 13,75 por cento-- caiu a 14,25 por cento, sobre 14,50 por cento anteriormente.

No entanto, essas projeções foram feitas até sexta-feira, e podem ainda não refletir as mudanças nas expectativas provocadas pelas declarações do diretor de Política Econômica do BC, Luiz Awazu Pereira da Silva feitas no mesmo dia.

Ele afirmou ser primordial que o BC continue vigilante diante de novos riscos à convergência da inflação ao centro da meta, numa indicação, segundo especialistas, às novas metas de primário. Com isso, o mercado futuro de juros passou a mostrar chances majoritárias de alta de 0,50 ponto nesta semana e outra elevação de 0,25 ponto em setembro.

Sobre o final de 2016, não houve mudanças na pesquisa Focus, com expectativa de que a Selic ficará em 12,00 por cento.

Na semana passada, o governo reduziu a meta para a economia feita para o pagamento de juros da dívida pública em 2015 para 8,747 bilhões de reais, ou 0,15 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). Também anunciou redução da meta fiscal de 2016 e 2017 para, respectivamente, 0,7 e 1,3 por cento do PIB.

Analistas consideraram que a política fiscal menos contracionista deve dificultar a missão do BC de trazer a inflação para o centro da meta de 4,5 por cento pelo IPCA até o fim de 2016.

Os especialistas consultados no Focus elevaram a projeção de alta do IPCA para 2015 em 0,08 ponto percentual, a 9,23 por cento, na 15ª semana seguida de piora. Para o final do próximo ano, a estimativa permaneceu em 5,40 por cento.

Em julho, a prévia da inflação oficial brasileira desacelerou a 0,59 por cento, mas em 12 meses o IPCA-15 ultrapassou 9 por cento pela primeira vez em 11 anos e meio, chegando a 9,25 por cento.

O Focus mostrou também que a estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) neste anos passou para contração de 1,76 por cento, contra queda de 1,70 por cento na pesquisa anterior. Para 2016, a expectativa de crescimento caiu em 0,13 ponto percentual, a 0,20 por cento.

Os especialistas consultados no Focus mantiveram em 37 por cento do PIB a projeção para a dívida líquida do setor público neste ano, mas para 2016 a expectativa subiu a 38,50 por cento, contra 38,35 por cento.

(Por Camila Moreira; Edição de Alexandre Caverni e Patrícia Duarte)

 

Fonte: G1 + Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Nasdaq lidera perdas em Wall St resultados decepcionantes de empresas de tecnologia
América Latina tem "progresso notável" contra insegurança alimentar, aponta relatório da FAO
Ibovespa hesita na abertura com exterior
Dólar sobe com pressão de commodities e iene sobre moedas emergentes
Dólar abre com leve alta em meio a pressões de commodities e iene
Minério de ferro amplia queda em Dalian por enfraquecimento do mercado de aço e cenário de demanda