Dólar cai quase 1% sobre o real, com ação de exportadores
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO - O dólar fechou em queda de quase 1 por cento sobre o real nesta segunda-feira, após recuar mais de 2 por cento na sessão passada, com operadores citando vendas concentradas à tarde por exportadores para aproveitar o patamar elevado da divisa norte-americana.
Na primeira metade do pregão, o dólar foi chegou a ser negociado com alta de 0,60 por cento --máxima de 3,1800 reais-- com os investidores recebendo bem o acordo sobre novo resgate para a Grécia, mas ponderando que os problemas entre Atenas e seus credores ainda não foram completamente resolvidos.
A moeda norte-americana caiu 0,96 por cento, a 3,1308 reais na venda, acumulando queda de 3,24 por cento nas últimas duas sessões.
"Houve um fluxo pontual, ligado a exportadores e o mercado aqui acabou se descolando dos mercados externos", disse o operador da corretora SLW João Paulo de Gracia Correa.
Apesar de ter caído 2,3 por cento na sexta-feira, antecipando um acordo de líderes da zona do euro sobre a Grécia, a moeda norte-americana ainda acumulava alta de 1,7 por cento neste mês até a sessão passada, rondando as máximas em três meses, o que abriu espaço para vendas de dólares, segundo operadores.
Líderes da zona do euro chegaram a um acordo que fará a Grécia ceder grande parte de sua soberania à supervisão externa em troca de resgate de 86 bilhões de euros, que manterá o país dentro do bloco monetário. Mas o documento ainda é sujeito a aprovação parlamentar e o resgate só acontecerá se o premiê Alexis Tsipras implementar diversas reformas impopulares dentro de um cronograma apertado.
"O acordo na Grécia é uma boa notícia, mas nem tudo são rosas", disse o operador da corretora Intercam Glauber Romano, acrescentando que "a possibilidade de um acordo na Grécia já havia sido parcialmente incorporada (pelo mercado de câmbio) na sexta-feira".
Internamente, o mercado também se concentrou em possíveis mudanças nas metas fiscais do governo brasileiro, especialmente levando em conta que nesta quarta-feira a agência de classificação de risco Moody's dá início a visita ao país.
A expectativa do mercado é que a Moody's rebaixe o Brasil em um degrau, a "Baa3", última classificação dentro do grau de investimento e em linha com a Standard & Poor's. A Fitch ainda mantém a nota do Brasil "BBB", dois degraus acima do nível especulativo.
Mas investidores temem que a agência também atribua perspectiva negativa à nota. Segundo analistas, esse cenário seria mais provável se o governo reduzir o objetivo fiscal para o ano que vem, enquanto uma piora na meta para este ano já é esperada pelos agentes econômicos.
"As agências de rating terão de considerar que... a maior parte do fardo (de controlar a inflação) terá de cair sobre a política monetária, o que gera uma situação que não é ideal", escreveu em relatório a estrategista para mercados emergentes do grupo financeiro Jefferies, Siobhan Morden.
O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, disse nesta segunda-feira que manter a meta para este ano é uma "hipótese factível", mas que o governo tem avaliado o cenário fiscal e vai se pronunciar sobre assuntos fiscais na próxima semana.
Nesta manhã, o Banco Central brasilerio vendeu a oferta total no leilão de rolagem de swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares. Com isso, repôs ao todo o equivalente a 2,455 bilhões de dólares, ou cerca de 23 por cento do lote de agosto, que corresponde a 10,675 bilhões de dólares.