"Dilma segue script de quem está em seus últimos dias de mandato", avalia Ronaldo Caiado
O líder do Democratas no Senado, Ronaldo Caiado (GO), afirmou há pouco que crise que o país vive é de confiança pela ausência de credibilidade da presidente da República junto a população, ao empresariado, aos investidores e a sua própria base no Congresso Nacional. Ao comentar, a entrevista de Dilma Rousseff à Folha de S. Paulo, o parlamentar disse que a dirigente queimou uma etapa ao deixar de propor propostas para a crise que o país atravessa e focar no ataque às oposições expondo ainda mais sua incapacidade em governar o País.
“A crise é a presidente. A crise é de falta de governabilidade, é de confiança. E nesse momento falta postura de Estadista à presidente. A entrevista de Dilma para a Folha segue o script de muitos que estiveram nos seus últimos dia de mandato e não tiveram a habilidade de construir uma transição. Em vez de ter a estatura de estadista nesse momento de crise, ela se coloca em uma posição de desafio, como se fosse culpa da oposição o momento que passa o país. Até um repórter que fez a entrevista tenta trazê-la para a realidade, sugere que ela reconheça seus erros, mas Dilma adota uma postura imperial. Crime de responsabilidade fiscal? Golpe. Crime eleitoral? Golpe. Omissão como presidente do Conselho da Petrobras? Golpe. Então ela é imune a tudo? Caso essa tese prevaleça, todo cidadão amanhã vai se embasar no cargo que ocupa para dizer que qualquer tentativa de buscar aquilo que a legislação determina, seja eleitoral ou fiscal, é golpe”, avaliou Caiado.
Caiado criticou a posição de Dilma Rousseff em tentar classificar como golpe a atuação da oposição contra seu governo. “Ninguém está atentando contra a honra da presidente. Em relação à pessoa física Dilma Rousseff, todo o nosso respeito. Agora, como gestora, o que estamos vendo é a insegurança jurídica, a falta de popularidade e suas ações que levaram ao cometimento de crimes de responsabilidade e eleitoral. Dilma foi presidente do Conselho de Administração da Petrobras e deixou correr solto. Não dá para dizer que não tem responsabilidade sobre o escândalo da estatal. E as investigações estão mostrando que houve uso de dinheiro público para as campanhas eleitorais. Ela deixou de repassar recursos a bancos cometendo as ‘pedaladas fiscais’. E quando instalarmos a CPI do BNDES vamos provar também uso de recursos do banco para campanhas”, enumerou. “São crimes bem fundamentados na lei. Não dá para acusar a oposição de golpista. Quer dizer que a presidente é imune a tudo? Isso é uma postura imperial, nada republicana”, acrescentou o senador.
Na opinião do parlamentar, Dilma fez uma comparação infeliz com ditadura militar ao dizer que já enfrentou situações mais difíceis que crise vivenciada hoje. “A presidente não apresenta propostas consistentes e faz uma comparação infeliz com a ditadura. Isso é página virada. Vivemos uma democracia com instituições fortes e qualquer processo de impeachment é feito com base em leis bem fundamentadas”, afirmou.
Ajuste Fiscal
Caiado também comentou a Medida Provisória que reduz em 30% salários de trabalhadores e jornada e usa recursos do Tesouro para arcar com parte da remuneração desses funcionários. Para o líder democrata, qualquer tentativa de segurar empregos é benéfica, porém, o governo mais uma vez vai eleger a quem deve favorecer como já fez no caso de financiamentos do BNDES. “Essa MP quebra o discurso do ajuste fiscal. O governo corta direitos trabalhistas, abono salarial, aposentadoria e agora vai escolher quem salvar? De novo o setor automobilístico. Não existe desemprego no campo, na construção civil, no setor imobiliário? Por que essa política focada no ABC paulista? Todo meu respeito ao ABC, mas o governo vai selecionar quem deve ter emprego e quem não deve? O governo já escolheu seus campeões quando destinou o empréstimos do BNDES. É o mesmo que na medicina ter que escolher quem vai sobreviver e quem não vai. A presidente não tem esse direito”, argumentou Caiado. O senador lembrou que de um lado a gestão petista aumenta carga tributária tirando as desonerações da folga de pagamento e outro escolhe quais trabalhadores serão beneficiados pela MP.