Plano ‘B’ da Grécia: alianças com Brasil, Rússia e Venezuela
BERLIM - O governo da Grécia tem um plano “B” para o caso de não conseguir chegar a um acordo com a União Europeia. Segundo Theodoros Paraskevopoulos, assessor econômico do Syriza, partido do governo, o primeiro-ministro Alexis Tsipras planeja suspender completamente o pagamento da dívida, quer dizer, dar o calote, e procurar novas alianças internacionais, com o Brasil, a Venezuela e a Rússia. “A política da União Europeia causou uma ruína na Grécia”, disse o economista, em entrevista ao GLOBO ontem em Berlim, pouco antes de participar de um debate na TV alemã sobre a crise.
Qual o plano do governo para evitar o colapso nos próximos dias, até o referendo do dia 5 de julho, sobre um novo acordo com os credores?
O povo grego vai decidir nesse referendo se o país aceita ou não as exigências das instituições, a antiga troika (UE, BCE e FMI). Eu acho que não. Mas, mesmo assim, Tsipras quer continuar negociando para que seja possível chegar a uma solução. O que não aceitamos é a continuação do que vem ocorrendo há cinco anos, quando a UE fala em ajuda, que termina sendo apenas ajuda aos bancos alemães e franceses. Isso tem feito o pais sangrar. Hoje, 30% dos gregos são pobres, o desemprego é altíssimo.
A linha de crédito de emergência do BCE será o suficiente para evitar o colapso financeiro no país?
O presidente do banco central do país, Giannis Stoumaras, garantiu que a reserva existente, com a ajuda da linha de crédito de emergência do BCE, que continua aberta, é bastante para o funcionamento dos bancos gregos pelo menos por um curto período. Nós temos ainda a esperança de que, na próxima cúpula extraordinária da UE, que será realizada nos próximos dias, em Bruxelas, seja encontrada uma solução para a crise. Não estamos dispostos a ceder, mas sabemos que as posições dos diversos países variam.
O senhor quer dizer que o ministro alemão, Wolfgang Schäuble, e a chanceler Angela Merkel defendem a linha mais dura, de mais austeridade?
Sim, o que é criticado também pelos governos de alguns outros países. É um absurdo a exigência de redução ainda maior do Orçamento do Estado. Isso vai apenas causar mais desemprego e mais pobreza. Quando a Alemanha sofreu a ameaça de crise, em 2009, aumentou as despesas estatais. Mas, para a Grécia, quer impor outra receita. O fato é que há divergências entre os vários países, mas os maiores conseguem impor suas opiniões.
Se não houver solução, a Grécia vai mesmo sair da zona do euro e reintroduzir a sua moeda antiga?
Não temos esse plano. Todo o debate na Europa sobre “Grexit” (saida da Grécia do euro) tem uma motivação também ideológica, pois, pela primeira, vez o nosso país é governado por um partido de esquerda, depois de anos do Pasok e da Nea Demokratia (social-democratas e conservadores, respectivamente), que arruinaram a Grécia. Mas a Grécia parte do pressuposto de que o estatuto do euro não permite a expulsão de um país. Outro aspecto é que a lei diz que o BCE é obrigado a continuar com a ajuda.
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