Dólar cai mais de 1% ante real pelo 2º dia, após comunicado do Fed
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em queda de mais de 1 por cento ante o real pelo segundo dia consecutivo nesta quarta-feira, acompanhando a depreciação da moeda norte-americana no cenário externo após o Federal Reserve reduzir sua projeção de crescimento para este ano.
O dólar caiu 1,21 por cento, a 3,0579 reais na venda, acumulando baixa de 2,22 por cento nas duas últimas sessões. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 650 milhões de dólares.
O Fed passou a projetar crescimento de entre 1,8 e 2,0 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA em 2015, ante previsão anterior de 2,3 a 2,7 por cento. No entanto, 15 de seus 17 membros preferem que a primeira alta de juros ainda aconteça neste ano, mesmo número da previsão anterior.
Mais tarde, em entrevista coletiva, a chair do Fed, Janet Yellen, enfatizou que a decisão sobre os juros ainda está no ar e agora depende principalmente de melhoras no mercado de trabalho. Ela disse querer "mais evidências decisivas" de recuperação e de que os salários vão avançar em velocidade maior do que o atual "ritmo contido".
"Aparentemente, o Fomc vai conseguindo criar o clima para elevar a taxa de juros de modo lento e gradual, sem causar grandes traumas", escreveram analistas do Banco Fator em nota a clientes.
Investidores ressaltaram também que a perspectiva de mais altas da Selic continuava sustentando apostas em ingresso de recursos externos, o que vem gerando alívio no mercado de câmbio. Até agora, no entanto, o aperto monetário não surtiu grande efeito sobre o fluxo cambial, que ficou negativo em 1,029 bilhão de dólares na semana passada.
"Pelo jeito, o mercado vai ver algumas entradas nas próximas semanas. Aí o resultado é que o (dólar) cai, mesmo", resumiu o estrategista da corretora Coinvalores, Paulo Celso Nepomuceno.
O comunicado do Fed e as expectativas de ingresso ofuscaram as preocupações dos investidores com as turbulências em torno da dívida da Grécia e com a economia brasileira diante de dificuldades no cumprimento da meta fiscal, inflação elevada e contração econômica.
Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, para rolagem dos contratos que vencem em julho. O BC já rolou o equivalente a 3,931 bilhões de dólares, ou cerca de 45 por cento do lote total, que corresponde a 8,742 bilhões de dólares.