ESTADÃO revela: Lula se reuniu com delator do petrolão sobre Pasadena

Publicado em 06/06/2015 18:44
Documento da Petrobras indica que ex-diretor Paulo Roberto Costa esteve com ex-presidente no Palácio do Planalto para tratar da compra de refinaria-sucata no Texas – prejuízo foi de US$ 792 milhões. MAIS INFORMAÇÕES NA VEJA.COM...

Documento de uma auditoria interna da Petrobras indica que o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, condenado pelos desvios de dinheiro no escândalo do petrolão, viajou a Brasília (DF) para se reunir com o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006 com o objetivo de tratar da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), um mês antes de a controversa compra da planta de refino ser autorizada. Segundo auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), a aquisição causou prejuízo de 792 milhões de dólares aos cofres públicos.

A agenda consta de relatório intitulado "Viagens Pasadena", no qual a companhia lista deslocamentos feitos por seus funcionários e executivos, no Brasil e no exterior, em missões relacionadas ao negócio, considerado um dos piores da história da petroleira.

Conforme o documento, o encontro entre Lula e Costa se deu em 31 de janeiro daquele ano, no Palácio do Planalto, exatos 31 dias antes de o Conselho de Administração da Petrobras, na época chefiado pela então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, dar aval à aquisição de 50% da refinaria. O ex-presidente nunca admitiu participação nas tratativas para a aquisição.

 

O diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, o presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrielli, a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, e o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva durante reunião sobre o projeto do complexo petroquímico do Rio de Janeiro, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF) - 28/03/2006(Ed Ferreira/Estadão Conteúdo)

 

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A conversa foi inscrita na agenda de Lula apenas como "Reunião Petrobras". Mas o Planalto não descreveu, na época, quais foram os participantes. O relatório mostra que Paulo Roberto Costa, tratado por Lula como "Paulinho", ficou em Brasília dois dias e retornou em 1º de fevereiro ao Rio de Janeiro. O motivo registrado foi "reunião com o presidente Lula".

O ex-presidente Lula afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que "a reunião com a Petrobras" foi "há mais de nove anos" e "não tratou de Pasadena". Ele não informou, contudo, qual foi, então, a pauta debatida. A assessoria de Lula sustentou ainda que o ex-presidente nunca teve uma conversa "particular" Paulo Roberto Costa e que, na ocasião, o encontro "teve a presença" do ex-presidente da estatal José Sergio Gabrielli.

A relação de viagens mostra que Gabrielli foi a Brasília no mesmo período para "reunião no Palácio do Planalto". Ele disse, porém, não se recordar do compromisso e que, não necessariamente, estava no prédio da Presidência para falar com Lula naquele dia. "Não me lembro dessa reunião", afirmou. "Duvido que tenha acontecido isso", disse Gabrielli, alegando que Costa "não tinha nada a ver com Pasadena".

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O documento da Petrobras foi produzido para subsidiar as investigações da comissão interna que apurou irregularidades na compra de Pasadena. Além da viagem de Costa a Brasília, constam outros 209 deslocamentos de profissionais da estatal, ligados à aquisição e à gestão da refinaria americana, entre março de 2005 e fevereiro de 2009.

Não há menção à agenda do ex-diretor de Abastecimento com Lula no relatório final da comissão, que responsabiliza pela compra, além do próprio Costa, o ex-diretor de Internacional Nestor Cerveró, Gabrielli e outros dirigentes da época. O ex-diretor não foi questionado sobre o encontro quando, em agosto do ano passado, a comissão enviou a ele um questionário sobre sua participação na compra de Pasadena. Costa respondeu aos questionamentos quando cumpria prisão preventiva em Curitiba (PR).

Acusado e já condenado por envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras, Costa ficou preso de março a maio e de junho a setembro do ano passado na carceragem da Polícia Federal na capital paranaense. Em setembro, após firmar um acordo de delação premiada na Operação Lava Jato, ele foi encaminhado para prisão domiciliar, no Rio de Janeiro.

Aos investigadores, o ex-diretor confessou, entre outras irregularidades, ter recebido propina de 1,5 milhão de dólares para não atrapalhar a compra de Pasadena, feita em duas etapas, entre 2006 e 2012, ao custo de 1,2 bilhão de dólares. O prejuízo apontado pelo TCU é de quase 70% do valor pago.

A presidente Dilma alega que só aprovou a compra dos primeiros 50% da refinaria, em 2006, porque desconhecia aspectos prejudiciais do negócio. Em março do ano passado, ela justificou que, ao tomar a decisão, se embasou num relatório técnico e juridicamente falho, apresentado por Cerveró ao Conselho de Administração, que não citava duas cláusulas.

Uma delas, a Marlim, garantia rentabilidade mínima de 6,9% ao ano ao Grupo Astra Oil, sócio da Petrobras no empreendimento, mesmo que a refinaria fosse deficitária. A outra (Put Option) assegurava à parceira o direito de vender sua parte à estatal em caso de desacordo.

Em nota enviada na quarta-feira, o Palácio do Planalto reiterou que Dilma só foi informada da omissão sobre a cláusula Marlim no parecer em junho de 2008, em outra reunião do colegiado. E que não tratou de Pasadena, quando ministra, com Lula. "A ministra-chefe da Casa Civil não tratou da compra da refinaria com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva", afirmou. O advogado de Costa, João Mestieri, não se pronunciou.

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(Com Estadão Conteúdo)

 

Lula participou da compra de Pasadena, que causou prejuízo de 792 milhões de dólares aos cofres públicos

Lula, Dilma e Costa: Comprar ou não comprar? Comprar!

Pasadena só podia ter a mão do Lula.

O Estadão informa:

“Documento da Petrobrás indica que Paulo Roberto Costa viajou a Brasília para se reunir com o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006 com o objetivo de tratar da Refinaria de Pasadena, um mês antes de a controversa compra da planta de refino ser autorizada.

A agenda consta de relatório intitulado ‘Viagens Pasadena’, no qual a companhia lista deslocamentos feitos por seus funcionários e executivos, no Brasil e no exterior, em missões relacionadas ao negócio, considerado um dos piores da história da petroleira.

Conforme o documento obtido pelo Estado, o encontro entre Lula e Costa se deu em 31 de janeiro daquele ano, no Palácio do Planalto, exatos 31 dias antes de o Conselho de Administração da Petrobrás, na época chefiado pela então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, dar aval à aquisição de 50% da refinaria.”

O jornal acrescenta:

“O ex-presidente nunca admitiu participação nas tratativas para a aquisição, que, segundo auditoria do TCU, causou prejuízo de US$ 792 milhões aos cofres públicos.”

Eu acrescento:

Lula, o autoproclamado fiscal das obras de Belo Monte, que resultaram em 100 milhões de reais de propina para PT e PMDB, tampouco admitiu participação nos esquemas do petrolão e do mensalão, do qual foi o maior beneficiário.

O dinheiro some, mas o petista nunca sabe de nada.

Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

 

 

Na coluna Direto ao Ponto, do blog de Augusto Nunes: 

O governo Dilma trata como segredo de estado o cartão corporativo de Rose para esconder a farra criminosa do casal 171

Atualizado às 09h50

A justificativa forjada por Dilma Rousseff para manter em segredo a gastança de Rosemary Noronha com o  cartão corporativo do governo é tão cafajeste quanto o restante do escândalo. Segundo a turma homiziada no Palácio do Planalto, a quebra do sigilo que envolve a história colocaria em risco “a segurança da sociedade e do Estado”. Conversa de vigarista, constata o comentário de 1 minuto para o site de VEJA. O que se quer evitar é que a imagem de Lula fique em frangalhos de vez.

Em parceria com o então presidente, Rose estrelou durante mais de cinco anos uma mistura de chanchada pornopolítica e filme policial de quinta categoria. Desempenhou simultaneamente os papeis de chefe do escritório da Presidência em São Paulo, traficante de influência e segunda-dama. O que a Policia Federal já sabe foi suficiente para enquadrar a companheiríssima do chefão por corrupção passiva e formação de quadrilha.

É só um cisco na sujeira que cobre o parceiro da cabeça aos pés — e permanece debaixo do tapete federal. Instalada na enorme garçonniére da Avenida Paulista ou infiltrada na comitiva presidencial como passageira clandestina do Aerolula, Rose torrou aqui e no exterior uma bolada de bom tamanho extorquida dos pagadores de impostos, sempre usando o cartão mágico com a sem-cerimônia dos que se acham condenados à perpétua impunidade.

O governo está obrigado a revelar o tamanho da gastança. E o Brasil decente exige a devolução do dinheiro que financiou a farra do casal 171. (por Augusto Nunes).

analise de BERNARDO MELLO FRANCO, da folha de s. paulo:

Dez anos depois

BRASÍLIA - A denúncia do mensalão fez dez anos. A corrupção ainda domina o noticiário político. As campanhas continuam a ser abastecidas com dinheiro das estatais. Gente de quem o leitor não compraria um velocípede usado permanece à frente de altos cargos da República. É inevitável pensar que o Brasil mudou menos do que deveria.

Em 2005, quando o pagamento de mesada a parlamentares vinha à tona, um escândalo muito maior era gestado na Petrobras. Outros casos brotam diariamente nos Estados, prefeituras, câmaras e assembleias. Isso acontece porque a impunidade continua a ser regra, não exceção.

Houve algum avanço. O Supremo Tribunal Federal mandou políticos poderosos para a cadeia no julgamento do mensalão. Agora terá a chance de fazer o mesmo no petrolão. Também há ameaças de retrocesso. Acusados da Lava Jato tentam intimidar o Ministério Público para frear as investigações. Se funcionar, teremos andado para trás.

Outro sinal preocupante é a repetição de personagens nos dois esquemas, como os ex-deputados José Janene, já falecido, e Pedro Henry, que voltou a ser preso. O ex-ministro José Dirceu também reapareceu no escândalo petroleiro. Ao mesmo tempo em que era julgado pelo mensalão, recebia como consultor de empreiteiras sob suspeita.

O que deu errado? O ex-deputado Roberto Jefferson sugere que nada será resolvido sem uma mudança no sistema. Uma década após a entrevista a Renata Lo Prete, ele deixa claro que a corrupção continua na engrenagem da máquina eleitoral.

"Quem financia campanha no Brasil são as empresas que têm grandes contratos com BNDES, Banco do Brasil, Petrobras", disse à Folha, neste sábado (6). "Os empreiteiros são braços das estatais. É aí que está o caixa de toda eleição."

Enquanto isso não for enfrentado, ficaremos com a sensação incômoda de que as coisas só mudam para permanecer como estão.

Dilma 1, o desmanche continua... (por Vinicius Torres Freire, analista economico da FOLHA)

Bateram mais um prego no caixão da política econômica do primeiro governo de Dilma Rousseff, embora a alma penada de Dilma 1 e seus zumbis ainda nos assombrem. No meio do feriadão, o prego acertou as taxas de juros de avó para filho cobrados pelo BNDES.

Parece apenas um comecinho, mas o utilíssimo porém avacalhado BNDES será outro. O banco também começa a entregar dedos e braços para não ver a cabeça em algum tribunal ou inquérito parlamentar, tornando públicas informações que relutava divulgar, à maneira das prepotências de Dilma 1.

Instituições e parte da sociedade reagem a lambanças várias, ilegais ou não, de Dilma 1, das contas públicas à Petrobras, passando pela ruína do setor elétrico. O desmanche de Dilma 1 continua.

O governo está sendo julgado por ter disfarçado parte do seu programa de endividamento doidivanas, as "pedaladas". Mas Dilma 1 ainda será julgado politicamente pelo seu programa de distribuição de renda pelo avesso, a explosão da dívida pública mais cara do mundo, em boa parte, aliás, para financiar o BNDES, que empresta o dinheiro a juros muita vez abaixo de zero.

O programa de juros subsidiados para grandes empresas ainda continuará selvagem, mas ao menos teve banho e tosa. Quem quiser levar 50% dos empréstimos pela Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) terá de arrumar 25% do total do financiamento no mercado de capitais, via debêntures.

A TJLP aumentou em 2015 para 6% ao ano; deve ir a mais de 7% até dezembro. Ainda assim, não vai dar nem a inflação anual, ora em 8,17%, nem acompanha a Selic galopante, a "taxa básica" da economia.

Em abril, o BNDES tinha emprestados R$ 576 bilhões para financiamento do investimento, a juros de 8,9% (0,7% ao ano, se descontada a inflação). Sim, mais de meio trilhão de reais, cerca de 10% do PIB.

Também em abril, o governo federal tinha R$ 500 bilhões emprestados ao BNDES, dinheiro que tomou emprestado, tutu que ora custa ao menos 13,75% ao ano para o Tesouro. Sim, o governo tomou emprestado dinheiro caro a fim de subsidiar programas de investimento.

Mas a taxa de investimento no país caiu. Parte do dinheiro financiou direta ou indiretamente fusões & aquisições de oligopólios, "campeãs nacionais" ou, por exemplo, até empresas que se arrebentaram em irresponsabilidades grossas com especulação financeira, em 2008, a farra dos derivativos cambiais.

A explosão da dívida pública engordada pelo "Programa de Sustentação de Investimentos" que não se sustentaram é um dos motivos do arrocho fiscal e da alta de juros.

Juros mais realistas no BNDES vão contribuir para a baixa das taxas médias no país assim que, ou se, der certo o conserto da obra de Dilma 1. Mas a coisa não pode parar por aí.

A dívida pública é financiada de modo exótico, com instrumentos que dão rentabilidade e liquidez exorbitantes aos donos do dinheiro grosso. Difícil mudar isso quando o governo tem de pedir emprestados uns 17% do PIB todo ano a fim de financiar seu deficit e refinanciar os papagaios. Porém, quando tiver meios de negociar, é também preciso dar cabo dessa mamata. Falta um programa de reforma da finança, mais ou menos regulada por leis de meio século e vícios da era da superinflação. 

 

HENRIQUE MEIRELLES

O DNA dos ajustes

Os ajustes econômicos são influenciados tanto pelas ações dos governos quanto pela reação dos eleitores. Reino Unido e Espanha, por exemplo, após sofrerem muito na crise, elegeram conservadores para governá-los. Tanto o Partido Popular espanhol quanto o Partido Conservador britânico fizeram ajustes fiscais severos e reformas estruturais pela produtividade. Hoje seus países crescem a taxas consistentes e reduzem o desemprego.

As últimas eleições nos dois países, entretanto, marcaram diferenças relevantes. Os conservadores britânicos conseguiram vitória histórica nas eleições gerais, consagrando suas políticas de austeridade e reformas. Além dos trabalhistas, derrotaram também o partido Ukip, que havia crescido na onda populista da Europa pós-crise. Já a Espanha viu o triunfo desses partidos populistas nas eleições municipais --um pela esquerda, o Podemos, e um pela direita, o Ciudadanos, ambos opostos aos ajustes e reformas.

Essas diferenças entre os dois países passam pela maior robustez histórica da economia britânica, o desemprego muito maior na Espanha e a essência da crise em cada um.

O programa de austeridade britânico reduziu despesas públicas e agora, numa segunda fase, já corta impostos --ao contrário do que ocorre, por exemplo, no programa brasileiro. Os britânicos, na iniciativa pública e privada, pouparam mais para reduzir suas dívidas, e o ajuste se aproxima do final.

A Espanha também tinha alto endividamento, mas maior e mais difícil de administrar que o britânico. O governo conservador reduziu o nível das dívidas com ajuda da União Europeia em troca de racionalização tributária, ajustes no tamanho do Estado e reformas. O país voltou a crescer e caminha para superar a crise, voltando gradualmente a gerar emprego.

Mas por que, então, os conservadores perderam as eleições na Espanha e venceram no Reino Unido? É uma questão complexa sobre sociedades complexas, mas a perspectiva histórica ajuda a entender.

A tradição ibérica, entre muitos fatores, sempre teve maior presença e dependência do Estado. Quando o ajuste reduz o tamanho desse Estado e os benefícios que ele distribui, a reação tende a ser maior e os benefícios das mudanças, menos visíveis.

A população do Reino Unido, atualmente com economia mais aberta e menos estatista, aceita melhor a contenção de benefícios governamentais e aprecia mais a austeridade e o crescimento que une geração de empregos no setor privado e contas públicas equilibradas.

Esta é uma visão simplificada de contextos complexos. Em dito isso, é importante notar essas diferenças e, finalmente, que a renda per capita britânica é cerca de 50% maior que a espanhola.

Fonte: veja.com/Estadão/FolhaSP

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