Na FOLHA: Obama define clima como risco à segurança nacional
O presidente dos EUA, Barack Obama, subiu o tom sobre a mudança climática em discurso nesta quarta-feira (20) e definiu o problema como uma "questão de segurança nacional" para seu país.
A declaração —inserida no discurso que o presidente fez nesta quarta (20) a formandos da Academia da Guarda Costeira, em Connecticut— ocorre em um momento em que outras potências, como China eAlemanha, apresentam propostas e resultados ambiciosos para o combate ao aquecimento global.
"Vocês são parte da primeira geração de oficiais a iniciar seu serviço em um mundo no qual os efeitos da mudança do clima claramente nos afetam", disse Obama aos formandos durante a cerimônia.
O discurso reveste com um verniz geopolítico e econômico um problema com o qual diferentes governos (o do Brasil inclusive) têm encontrado dificuldades em lidar.
Em relatório divulgado nesta quarta, a Casa Branca anunciou que a mudança no clima funcionaria como "acelerador das instabilidades em todo o mundo", causando escassez de água e de comida que poderia resultar em aumento das tensões mundiais, gerando superpopulação.
O documento também aponta que a alta nas temperaturas "mudaria a forma das missões militares dos Estados Unidos", elevando a demanda por recursos no Ártico e outras regiões costeiras que seriam afetadas pela elevação do nível do mar, e resultaria em crises humanitárias maiores e mais frequentes.
METAS
Em março, Obama apresentou um plano para reduzir os gases causadores do efeito estufa em 28% nos EUA ao longo dos próximos dez anos, reconduzindo as emissões ao nível de 2005.
A iniciativa depende da entrada em vigor de novas regras da Agência de Proteção Ambiental (EPA) para reduzir drasticamente as emissões de dióxido de carbono por automóveis e usinas de energia acionadas a carvão.
Deve, porém, ser transformada em proposta formal dos EUA para as Nações Unidas antes da Conferência do Clima em Paris em dezembro, quando se espera que os países cheguem a um compromisso comum para reduzir emissões de gases-estufa.
Mas Obama sofre oposição de alas do Partido Republicano e de executivos do setor de carvão, que alegam que a proposta é um abuso do poder executivo da Presidência e devastaria a economia.
Desde que tomou posse, em 2009, Obama defende a mudança do clima como prioridade e elemento central de seu legado.
Após tentar diversas abordagens, sua tática mais recente tem sido focar na redução de emissões em vez de promover o plano estritamente em termos ambientais, expô-lo como benéfico para a economia e vital para a segurança da nação.
No mesmo dia em que o presidente discursou, o blog da Casa Branca trazia um post sobre como combater o aquecimento global por meio do comércio, assinado pelo representante (ministro) dos EUA para comércio exterior, Michael Froman.