Diretor do BC reforça inflação convergindo para meta no fim de 2016; cita mudança em expectativas
SÃO PAULO (Reuters) - O cenário de convergência da inflação para a meta no fim de 2016 tem se fortalecido, disse o diretor de Política Econômica do Banco Central, Luiz Awazu Pereira da Silva, citando pequena redução nas expectativas de alta dos preços no próximo ano.
Ao participar da divulgação do Boletim Regional do BC em São Paulo nesta sexta-feira, ele ressaltou, entretanto, que ainda há um quadro desafiador do lado da confiança na economia.
Durante o evento, Awazu destacou que já é possível observar alguns sinais de moderação nos preços livres, apontando por outro lado que os avanços alcançados no combate à inflação até o momento ainda não se mostraram suficientes.
"Nesse contexto, o Copom reafirma que a política monetária deve manter-se vigilante", disse, repetindo as palavras usadas pelo BC na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária, que levou o mercado a apostar na continuidade do aperto monetário após o BC elevar a Selic em 0,5 ponto percentual, a 13,25 por cento ao ano.
Diante da sinalização do BC, economistas de instituições financeiras reduziram a expectativa para a inflação no fim de 2016, para 5,51 por cento, ante projeção de 5,60 por cento na semana anterior, de acordo com o relatório Focus.
Para este ano, em contrapartida, a estimativa para o IPCA foi ajustada para cima, a 8,29 por cento contra 8,26 por cento, num momento em que o avanço de preços na economia segue influenciado pelo ajuste de preços administrados e pela valorização do dólar.
"Houve um impacto desse ajuste de preços relativos sobre o IPCA, nomeadamente o IPCA de preços administrados, e temos observado já algum efeito de redução ... de moderação a nível de preços livres" afirmou Awazu na sexta-feira, acrescentando que o BC tem tido sinais de que existe começo de estabilização e pequena redução das expectativas de inflação para o ano que vem.
Ele reforçou que a autoridade monetária está comprometida a circunscrever o aumento de preços a 2015, evitando a contaminação da pressão inflacionária para horizontes mais longos.
A inflação mensal ficou pela primeira vez no ano abaixo de 1 por cento em abril, mas chegou a 8,17 por cento em 12 meses, bem acima da meta de 4,5 por cento com margem de tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Durante a apresentação, Awazu pontuou que 2015 é ano de transição, com perspectivas de baixo crescimento econômico.
"Haverá processo de melhora da confiança na segunda metade de 2015", disse.
(Por Bruno Federowski; Texto de Marcela Ayres)