Dólar tem leve alta, mas fecha abaixo de R$3 pelo 2º dia por dados fracos dos EUA
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar anulou a queda vista na maior parte da sessão e fechou em leve alta nesta sexta-feira, mas ainda abaixo dos 3 reais pela segunda sessão consecutiva, após mais uma rodada de indicadores econômicos fracos dos Estados Unidos dar força à percepção de que o Federal Reserve deve demorar para elevar os juros na maior economia do mundo.
A moeda norte-americana teve alta de 0,18 por cento, a 2,9981 reais na venda, após oscilar entre 3,0155 reais na máxima e 2,9705 reais na mínima da sessão. Na semana, o dólar subiu 0,49 por cento.
Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,1 bilhão de dólares.
A moeda norte-americana passou a maior parte da sessão em queda, influenciada pelos dados econômicos dos Estados Unidos. No fim da sessão, no entanto, investidores aproveitaram a baixa e voltaram às compras.
"O mercado ainda está muito ressabiado com o patamar de 3 reais. Na última vez que o dólar ficou abaixo de 3 reais o BC diminuiu a rolagem dos contratos de swap, então muita gente aproveitou a queda e voltou a comprar no fim da tarde", disse o diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcísio Rodrigues.
A produção industrial norte-americana caiu em abril pelo quinto mês consecutivo, enquanto a confiança do consumidor inesperadamente recuou no período. Os dados somam-se a uma série de números decepcionantes sobre atividade e inflação nos EUA divulgados nas últimas sessões.
Fraqueza persistente na economia norte-americana poderia levar o Federal Reserve a adiar o início do aperto monetário, mantendo a atratividade de ativos de países como o Brasil.
"Está cada vez mais difícil acreditar que a economia dos Estados Unidos está com a bola toda", disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.
O economista da empresa de análise financeira 4Cast Pedro Tuesta acredita que a trajetória do dólar no mercado brasileiro dependerá dos dados norte-americanos da semana que vem. No entanto, operadores olhavam com ceticismo a possibilidade de o dólar assentar-se abaixo de 3 reais.
A percepção é de que cotações abaixo desse patamar poderiam abrir espaço para o Banco Central reduzir sua posição em swaps cambiais.
"Esse fluxo positivo, se persistir por mais algum tempo, pode levar o BC a aproveitar a oportunidade e reduzir ainda mais a rolagem de swap cambial", escreveram analistas da corretora Lerosa Investimentos em nota a clientes. "Essa atitude poderá ser interpretada como tentativa do BC de manter o câmbio acima de 3 reais".
Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de swaps para rolagem dos contratos que vencem em junho. O BC já rolou o equivalente a 3,938 bilhões de dólares, ou cerca de 41 por cento do lote total, que corresponde a 9,656 bilhões de dólares.
(Reportagem adicional de Flavia Bohone)