Cena corporativa ofusca efeito China e Ibovespa fecha quase estável
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da bolsa paulista fechou quase estável nesta segunda-feira, com notícias corporativas e a debilidade dos pregões norte-americanos contrabalançando o efeito positivo do corte de juros na China.
O Ibovespa teve alta de 0,08 por cento, a 57.197 pontos. O giro financeiro da sessão somou 6,67 bilhões de reais.
O banco central chinês cortou sua taxa de empréstimo referencial de um ano em 0,25 ponto percentual, para 5,1 por cento. Também cortou a taxa de depósito referencial em 0,25 ponto, para 2,25 por cento.
A terceira redução da taxa de juros chinesa em seis meses, anunciada no fim de semana, impulsionou os papéis da mineradora Vale e de siderúrgicas, além de exportadoras, que também se beneficiaram da forte alta do dólar ante o real.
Mas a falta de firmeza em Wall Street e a reunião do Eurogrupo sobre Grécia adicionaram cautela, frearam o ímpeto local. A cena corporativa local trouxe o balanço da Ecorodovias e o laudo da oferta de aquisição das ações da Souza Cruz.
Num relatório de gestão do Fundo Verde de abril, a Verde Asset Management disse ver como temporária a "onda de otimismo" com ativos locais, enquanto afirmou que reduziu sua alocação a ações brasileiras para perto de zero.
DESTAQUES
VALE fechou com as preferenciais em alta de quase 3 por cento, após três pregões de queda, com a decisão da China de cortar os juros corroborando o avanço nos preços do minério de ferro. BRADESPAR, principal acionista da Vale, subiu 2,9 por cento.
CSN e USIMINAS também foram destaque entre os maiores ganhos, com o forte avanço do dólar ante o real reforçando o impacto benigno do afrouxamento monetário e da elevação dos preços do minérios, uma vez que também produzem a commodity. GERDAU subiu 0,97 por cento.
PETROBRAS colaborou o viés positivo, com as ações preferenciais em alta de 1,48 por cento, enquanto as ordinárias avançaram 1,17 por cento. O Itaú BBA elevou o preço-alvo das PNs para 14,70 reais, mas manteve a recomendação "market perform".
ECORODOVIAS despencou mais de 6 por cento, após a companhia de concessões de infraestrutura reportar queda no lucro para no primeiro trimestre, afetada principalmente por uma piora no resultado financeiro. Na esteira, a concorrente CCR recuou 3,6 por cento.
SOUZA CRUZ caiu mais de 5 por cento, após laudo de avaliação do Credit Suisse no âmbito da oferta pública de aquisição de ações (OPA) feita pela British American Tobacco para tirar a companhia da bolsa apurar valor entre 24,30 e 26,72 reais por papel.
CPFL ENERGIA fechou com declínio de 0,64 por cento, após recuar ao redor de 3 por cento em meio à repercussão do balanço divulgado na sexta-feira à noite, que mostrou queda no primeiro trimestre para 142 milhões de reais. A companhia disse em teleconferência esperar para maio solução que mitigue impacto do risco hidrológico de geradoras.
GRUPO PÃO DE AÇÚCAR também pesou no índice, com queda de 3,1 por cento. O Bank of America Merrill Lynch cortou a recomendação do papel para "neutra", após a divulgação do resultado trimestral na semana passada, argumentando que a pressão sobre a companhia devem continuar.
(Edição de Aluísio Alves)