Só depois que o PT fechou questão, PMDB decide apoiar MP do arrocho de Dilma
BRASÍLIA (Reuters) - A bancada do PMDB na Câmara dos Deputados, maior aliado da coalizão governista e cujas posições mobilizam parlamentares de outros partidos da base, decidiu apoiar as medidas provisórias do ajuste fiscal prontas para serem votadas no plenário, após o PT fechar questão em torno das propostas.
“Era isso que nós queríamos, uma posição clara do PT de que o ajuste era necessário”, disse o líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), após reunião da bancada que contou com a presença do líder do governo, José Guimarães (PT-CE).
“Era o PT quem tinha que defender essa necessidade... A bancada (do PMDB) dará apoio à pauta necessária ao país”, afirmou Picciani.
Uma das MPs, a 665, que altera regras de acesso a benefícios como o seguro-desemprego e abono salarial, já tranca a pauta e poderia ter sido votada na terça-feira. Mas a votação foi adiada para esta quarta após um impasse envolvendo partidos da base.
O PMDB e outros partidos da base sentiram-se incomodados com o fato de o PT ter apenas declarado apoio às propostas na terça-feira, sem fechar questão.
Outro fator que adicionou desconforto aos aliados foi a exibição de propaganda do PT, em cadeia de televisão, em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu os direitos dos trabalhadores ao criticar o projeto de lei da terceirização, que também tramita no Congresso.
Na ocasião, Picciani declarou que sua bancada não votaria a medida até que o PT explicasse “o que quer”.
A bancada petista reuniu-se novamente nesta quarta-feira, e decidiu pelo chamado “fechamento de questão” em torno da proposta, abrindo caminho para que o PMDB pudesse voltar atrás.
Além dessa, está pronta para ser votada na Câmara a MP 664, que altera regras de acesso a benefícios previdenciários como a pensão por morte e auxílio doença, também editada no contexto do ajuste fiscal.
Ao anunciar o fechamento de questão , o líder do PT, Sibá Machado (AC), pediu apoio dos demais partidos da base aliada e sugeriu ainda que a 664 pudesse ser votada na manhã da quinta-feira.
A decisão, no entanto, depende do andamento da votação da 665, da vontade do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e dos demais líderes partidários.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)