Costa diz que alertou Dilma sobre atrasos, não sobre irregularidades na Petrobras

Publicado em 05/05/2015 18:20

BRASÍLIA (Reuters) - O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, um dos principais delatores e envolvidos no esquema de corrupção na estatal, disse nesta terça-feira que alertou a então ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff sobre atrasos em obras da estatal, mas que não chegou a tratar de irregularidades na companhia.

"Nunca falei com ela sobre esse tema", afirmou Costa em depoimento à CPI da Petrobras, esclarecendo não ter tratado de corrupção com Dilma.

Em depoimento anterior a uma outra comissão parlamentar no Congresso, no ano passado, Costa havia afirmado que fez "alerta" sobre "problema".

Mas nesta terça-feira ele explicou que enviou o email à Casa Civil porque estava preocupado com a “paralisação” da obra e buscava, enquanto diretor, evitar problemas de abastecimento.

Ele afirmou ainda que a aprovação de contratos compete à Diretoria Executiva da Petrobras, e não ao Conselho de Administração, que foi integrado por Dilma.

Segundo Costa, a diretoria da estatal aprovou projetos incompletos porque o país importava gasolina e diesel em quantidades excessivas.

"Eu, como diretor de Abastecimento, não estava preocupado com desvio de dinheiro, estava preocupado se houvesse a paralisação da obra, nós teríamos problemas sérios de abastecimento."

Uma das obras que mais sofreu atrasos e está no centro das investigações de corrupção envolvendo a estatal é a Refinaria do Nordeste (Rnest), em Pernambuco, também conhecida como Abreu e Lima.

A Rnest custou 4,2 bilhões de dólares a mais do que deveria, concluiu no final do ano passado a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que apurou denúncias de corrupção na estatal.

A Petrobras afirma um custo total da Rnest de 18,5 bilhões de dólares, um montante muito acima do orçamento inicial.

Em abril, a Justiça Federal do Paraná condenou Costa, o doleiro Alberto Youssef e outras seis pessoas por crimes como lavagem de dinheiro e por pertencerem a organização criminosa.

A condenação teve como base a denúncia de desvios de dinheiro na construção da Rnest por meio de pagamento de contratos com sobrepreços a empresas que prestaram serviços direta ou indiretamente à Petrobras entre 2009 e 2014.

Costa, que fechou acordo de delação premiada e denunciou o esquema de sobrepreço e corrupção na Petrobras que alimentaria os cofres de partidos políticos, foi sentenciado a sete anos e seis meses de reclusão.

"MAUS POLÍTICOS"

O ex-diretor disse ainda nesta terça-feira, em depoimento à CPI, que "maus políticos" envolveram a companhia em casos de corrupção.

"Nada disso teria acontecido se não fossem alguns maus políticos que levaram a Petrobras a fazer o que fez", afirmou Costa.

Segundo ele, políticos do PP, PMDB e do PT "são responsáveis por esquema de corrupção na Petrobras".

Mas ele confirmou ainda que houve o pagamento de propina ao PSDB, ao então senador Sérgio Guerra, já falecido, que teve como objetivo esvaziar uma CPI para investigar a estatal em 2009.

O ex-diretor relatou também um "pedido" de doação à campanha de Eduardo Campos (PSB) --também já falecido-- ao governo de Pernambuco.

Costa citou à CPI o envolvimento de Renan Calheiros (PMDB), Romero Jucá (PMDB), Lindberg Farias (PT) e Humberto Costa (PT) em “situações irregulares” referentes à petroleira. Esses políticos e outros estão entre os investigados pelo Ministério Público Federal, com autorização do Supremo Tribunal Federal.[nL1N0WB0BV]

Costa afirmou ainda ter ouvido de empresários que “vários” repasses de recursos a partidos políticos vinham de esquema de propina e que faziam as doações com intuito de depois “recuperar” o investimento.

Costa reafirmou que só se chega a ser diretor na Petrobras por indicação política, e que isso ocorria desde 1985.

(Por Maria Carolina Marcello)

Lula vai salvar? Delator inclui Odebrecht no cartel. CVM abre processo contra Luciano Coutinho e Guido Mantega (por Felipe Moura Brasil)

O presidente do BNDES e conselheiro da Petrobras, Luciano Coutinho, e a empreiteira Odebrecht: os protegidos de Lula

Duas boas notícias:

1) O presidente da Camargo Corrêa, Dalton Avancini, delator da Operação Lava Jato, confessou que havia um cartel de empreiteiras na Petrobras e deu o nome das ditas-cujas:

Odebrecht, UTC, OAS, Andrade Gutierrez, Techint, Promon, Queiroz Galvão e Toyo.

Os líderes das reuniões, segundo ele? Ricardo Pessoa, da UTC, e Márcio Faria, da Odebrecht.

Sim: Márcio Faria ainda está solto. Sim: Lula continuará fazendo de tudo para mantê-lo em liberdade.

2) A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu um processo contra Luciano Coutinho, Guido Mantega, Miriam Belchior e outros cinco conselheiros da Petrobras, porque eles induziram os investidores a erro aprovando medidas que inviabilizavam o Plano de Negócios 2014-2018 da estatal.

Em outras palavras: enganaram os investidores aprovando medidas danosas à empresa.

Sim: Luciano Coutinho ainda está solto. Sim: Lula continuará fazendo de tudo para mantê-lo em liberdade.

Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil

 

Dilma, devolva os 792 milhões de dólares de Pasadena!

Paulo Roberto Costa disse que Dilma Rousseff foi responsável pela compra de Pasadena:

“É claro e evidente que a decisão de compra dos 50% da Refinaria de Pasadena foi tomada pelo Conselho de Administração de 2006, da Petrobras, assinada pela então presidente do conselho, Dilma Vana Rousseff”.

A declaração consta da defesa que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, preso pela Operação Lava Jato, apresentou ao Tribunal de Contas da União.

O TCU apontou prejuízo de 792 milhões de dólares na negociata.

Paulo Roberto Costa depõe na tarde desta terça-feira na CPI da Petrobras e tem de repetir a frase, em alto e bom som, para o Brasil inteiro ouvir à noite, no Jornal Nacional, logo depois do panelaço das 20:30 durante o programa embusteiro do PT.

Dilma, devolve os 792 milhões!

EM 2006 – O diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, o presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrielli, a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, e o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva durante reunião sobre o projeto do complexo petroquímico do Rio de Janeiro, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF) (Ed Ferreira/Estadão Conteúdo)

Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil

 

 

Marco Antonio Villa: O PT e seu projeto de poder

Publicado no Globo

MARCO ANTONIO VILLA

Na política é indispensável, ao enfrentar um adversário, conhecê-lo. O petismo, nos últimos tempos, foi transformado em algo que nunca foi. Ora é bolivariano, ora comunista, ora populista, ora — para os mais exaltados e néscios — bolivariano-comunista-populista. Puras e cristalinas bobagens.

O “bolivarianismo” nunca passou de um amontoado mal articulado de chavões esquerdistas associados à velha retórica caudilhesca latino-americana. Não é possível sequer imaginar Simón Bolívar como um marxista avant la lettre. Basta ler as páginas devastadoras que Karl Marx dedicou ao “libertador da América”: o venezuelano nada mais foi do que um representante das oligarquias que desejavam se libertar do jugo espanhol. E só. Quando Hugo Chávez transformou Bolívar em símbolo anti-imperialista e ideólogo da sua revolução, o fez no momento que a crise do socialismo real tinha chegado ao seu ponto máximo e não havia mais nenhuma condição de ter como referência o velho marxismo-leninismo. Outros movimentos na América Latina já tinham realizado esta imersão na história nacional, mais como fachada, como os montoneros, na Argentina, e os sandinistas, na Nicarágua. A extensão do conceito, vá lá, “bolivarianismo” à Bolívia — um país com maioria de população indígena e com uma história recente fundada, para o bem ou para o mal, na Revolução de 1952 — serve somente ao discurso panfletário. A simples comparação das duas constituições (venezuelana e boliviana) demonstra claramente as distinções.

O PT nunca foi bolivariano. O percurso dos seus líderes (Lula e Chávez) é muito diferente e as histórias de cada país são processos absolutamente distintos. Basta recordar que Chávez chegou ao poder precedido por uma tentativa fracassada de golpe de Estado e com a desmoralização das instituições democráticas, especialmente durante a segunda presidência Carlos Andrés Pérez. Lula venceu as eleições de outubro de 2002 em um país que tinha obtido a estabilização econômica com o Plano Real (1994) e em plena vigência do Estado Democrático de Direito. E nos 12 anos do poder petista não houve um ataque frontal às liberdades de expressão e de imprensa como foi realizado por Chávez — sem que isso signifique que o petismo morra de amores pelos artigos 5º, 7º e 220º da nossa Constituição. Também o choque com frações da elite venezuelana por aqui não ocorreu. No Brasil houve cooptação: os milionários empréstimos do BNDES serviram para soldar a aliança do petismo com o grande capital, e não para combatê-lo.

O petismo impôs seu “projeto criminoso de poder” — gosto sempre de citar esta expressão do ministro Celso de Mello — sem que tivesse necessidade de tomar pela força o Estado. O processo clássico das revoluções socialistas do século XX não ocorreu. O “assalto ao céu” preconizado por Marx —tendo como referência a Comuna de Paris (1871) — foi transmutado numa operação paulatina de controle da máquina estatal no sentido mais amplo, o atrelamento da máquina sindical, dos movimentos sociais, dos artistas, intelectuais, jornalistas, funcionando como uma correia de transmissão do petismo. O domínio dos setores fundamentais do Estado deu ao partido recursos e poder nunca vistos na história brasileira. E a estrutura leninista — só a estrutura, não a ação — possibilitou um grau de eficácia que resistiu aos escândalos do mensalão, às inúmeras acusações de corrupção das gestões Lula-Dilma e, ao menos até o momento, ao petrolão.

Se, no seu início, o PT flertou com o socialismo, logo o partido — e suas lideranças — se adaptaram à dolce vita do capitalismo tupiniquim. Já nos anos 1980, prefeituras petistas estiveram envolvidas em mazelas. Quando Lula chegou ao Palácio do Planalto, o partido só tinha de socialista o vermelho da bandeira e a estrela. A prática governamental foi de defesa e incentivo do capitalismo. Em momento algum se falou em socialização dos meios de produção, em partido único, em transformar o marxismo-leninismo em ideologia de Estado, nada disso. Como falar em marxismo se Lula sequer leu uma página de Marx? Transformar Lula em Lênin é uma piada. Brasília não é Petrogrado. Aqui, o Cruzador Aurora são as burras do Estado.

Considerar o PT um partido comunista revela absoluto desconhecimento político e histórico. É servir comida requentada como se fosse um prato novo, recém-preparado. Não passa de conceder sentido histórico ao rançoso discurso da Guerra Fria. O Muro de Berlim caiu em 1989 mas tem gente em Pindorama que ainda não recebeu a notícia. Ao retirar do baú da História o anticomunismo primário, passam a exigir soluções fora do contexto legal como a intervenção militar travestida com um manto constitucional — outra sandice, basta ler o artigo 142 da Constituição.

O projeto criminoso de poder foi aperfeiçoado no exercício da Presidência da República. Não tem parentesco com o populismo varguista, muito menos com o peronismo ou cardenismo. É um mix original que associa pitadas de caudilhismo, com resquícios da ideologia socialista no discurso — não na prática —, um partido centralizado e a velha desfaçatez tupiniquim no trato da coisa pública, tão brasileira como a caipirinha — que seu líder tanto aprecia.

O desafio dos democratas é combater o petismo utilizando todos os instrumentos legais. Para isso, é necessário conhecer o adversário e abandonar conceituações primárias que não dão conta do objeto. E tendo como prioridade a mobilização da sociedade civil. Sem ela, o país não muda. Pior: teremos a permanência deste governo antidemocrático, antipopular e antinacional por muitos anos.

(por Marco Antonio Villa, em O Globo)

Fonte: Reuters + VEJA

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