Brasileiros estão entre os mais insatisfeitos do mundo. Apenas 11% estão satisfeitos com a economia no Brasil

Publicado em 02/05/2015 18:19
É o menor patamar desde o início da pesquisa Ipsos Public Affairs, em 2010. (em VEJA.COM)

O Brasil é um dos países mais insatisfeitos com sua atual situação econômica. Segundo o instituto de pesquisa Ipsos Public Affairs, que realiza um ranking global mensal com 24 países, em abril, apenas 11% dos brasileiros avaliaram o momento econômico do país como bom. É o menor patamar desde o início da pesquisa, em 2010. No longo prazo, porém, o Brasil segue entre os países mais otimistas com a possibilidade de reversão do quadro.

A percepção do brasileiro começou a cair de forma mais acentuada em 2013. "Tivemos as manifestações de junho e a primeira grande queda nesse índice", diz o diretor da Ipsos Dorival Mata-Machado. "Porém, nós vimos, às vésperas da primeira manifestação deste ano (em março), um novo caminho de queda. Continua grande a crítica ao momento atual, e a percepção quanto à situação econômica ainda é muito preocupante", diz.

Para ele, o descontentamento do brasileiro está relacionado sobretudo à queda na oferta de crédito e à alta inflação, que resultam na queda do consumo. "Essa percepção mais negativa vem atingindo também as classes mais baixas, bem como o Nordeste, que começa a sentir agora, mais tardiamente, os efeitos da crise", diz Mata-Machado. Estudo da consultoria IPC Marketing indica que a participação do Nordeste no consumo nacional cairá de 19,5% para 19% neste ano, o primeiro recuo desde 2010.

"O principal detonador da confiança foi a queda do dinheiro disponível e a maior percepção da inflação - aquele dinheiro que o trabalhador conseguiu ganhar nos últimos anos começa a sair do seu bolso", diz Mata-Machado. Segundo o Banco Central, a expectativa dos economistas é de, com a alta do dólar e dos preços administrados, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atinja 8,25% em 2015.

Pessimismo exagerado - O estudo da Ipsos também contempla a percepção que os brasileiros têm de sua situação local, como cidade ou Estado. Nesse quesito, 18% da população considera sua economia local forte - cinco pontos porcentuais acima do mês anterior e sete pontos a mais do que em relação à perspectiva econômica nacional. "É um dado curioso, pois também pode indicar um certo pessimismo exagerado. Num momento de pessimismo, todo mundo tende a ver as coisas de forma mais negativa no quadro geral, ainda que não tenha essa mesma percepção no seu dia a dia."

De acordo com o ranking global, o país mais satisfeito com sua economia atual é a Arábia Saudita, com a aprovação de 93% da população. Em último lugar, atrás do Brasil e da França, está a Itália, com 10% da população satisfeita - dois pontos porcentuais a mais do que no início do ano.

Otimismo - Apesar de estar entre os últimos do ranking quanto à percepção atual do momento econômico, o Brasil continua como um dos mais otimistas no longo prazo entre os países pesquisados. Segundo o estudo, mais da metade (53%) dos brasileiros acredita que a economia da região onde moram estará mais forte daqui a seis meses. O Brasil só fica atrás da Índia (59%) e da Arábia Saudita (58%). O país mais pessimista é a França - apenas 7% da população acredita que a situação vai melhorar nos próximos meses.

Apesar do resultado favorável, a situação do Brasil já foi melhor. Em 2010, o país liderava o ranking, com 79% de otimistas. Em maio de 2014, perdeu o topo para a Índia, e depois caiu mais uma posição.

Para ele, o otimismo, além de um "quê de fé latina", está relacionado ao rumo indicado pela nova equipe econômica. "Isso tem a ver com duas coisas: por um lado, acabou o número de más notícias grandes chegando. Outro ponto é que há uma percepção de que mesmo que as ações tomadas pelo governo não sejam definitivas e decisivas, ações estão sendo tomadas, e a população sente esse movimento", disse. "Pela primeira vez, tivemos uma deterioração da economia concomitante a um crescimento da percepção de corrupção. A população fez um link que antes não fazia - está muito mais madura."

Empresa de crédito pessoal no centro de São Paulo(Roberto Setton/VEJA)

 

Lojas têm o maior estoque em dez anos

É a maior marca de estoques encalhados desde março de 2011. Nem as vendas do Dia das Mães devem dar grande alívio para o setor varejista

Nem as vendas do Dia das Mães, a mais importante data para o varejo no primeiro semestre, devem trazer um alívio para um grande número de empresas do comércio que acumulam um volume de estoques indesejáveis. Em abril, 28,3% das companhias do varejo acumulavam um volume de estoques acima do ritmo de vendas. É a maior marca de empresas com estoques encalhados da série histórica iniciada em março de 2011, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC).

"A velocidade de vendas na ponta está aquém dos estoques que os varejistas contrataram", observa o economista da CNC, Fábio Bentes. Ele projeta crescimento de apenas 0,5% das vendas do Dia das Mães, o menor resultado desde 2004, quando houve um recuo de 1,9%.

Esse descompasso entre os estoques e as vendas é maior especialmente nos bens duráveis (31,6%), que são os itens de maior valor, normalmente vendidos a prazo e dependentes do crédito, que está mais caro por causa da subida dos juros para conter o avanço da inflação. As vendas de móveis e de eletrodomésticos devem recuar 2,8% no Dia das Mães, aponta a CNC.

Essa freada nos itens de maior valor e dependentes de crédito já foi sentida nas Lojas Cem, rede varejista especializada em eletroeletrônicos, eletrodomésticos e móveis. "Os negócios deram uma retraída nos últimos dois meses", conta o supervisor geral, José Domingos Alves. A projeção inicial da rede era crescer 20% em relação à mesma data de 2014, mas foi reduzida para 5%.

Alves diz que não há muito o que fazer em termos de condições de pagamento para impulsionar os negócios, uma vez que o desemprego está aumentando e o consumidor ficou mais cauteloso. Ele acredita que o valor médio dos itens vendidos deve ser 15% menor em relação ao do ano passado, com retração dos produtos de maior valor.

Essa tendência já foi observada no primeiro trimestre. Segundo fontes do mercado, as vendas de geladeiras, fogões e lavadoras, caíram 15% em relação ao primeiro trimestre de 2014. Nas TVs, outra linha de produto de alto valor, a retração anual no primeiro trimestre foi ainda maior, de 20%. Neste caso, além da recessão, o resultado foi afetado pela base de comparação forte, que foi a Copa do Mundo de 2014, que puxou as vendas de TVs no primeiro trimestre.

Compensação - A compensação parcial da queda nas vendas de itens mais caros e dependentes de crédito pode ocorrer por conta dos artigos de perfumaria e telefone celular, que ainda é objeto de desejo de muitos brasileiros. Segundo a CNC, as vendas de itens de perfumaria vão crescer 7,8% no Dia das Mães. Brian Drummond, gerente de marketing da Mahogany, rede varejista com 160 lojas de perfumaria espalhadas pelo país, está otimista com as vendas. "Vamos crescer 8% em relação ao Dia das Mães do ano passado", prevê.

Ele sustenta essa projeção de crescimento em vários fatores. O primeiro é que, com o bolso mais apertado, o brasileiro procura comprar itens que se encaixem no orçamento mais apertado. Outro fator que também contribui para as vendas de perfumaria é a alta do dólar, que encareceu os itens importados.

Drummond observa, no entanto, que mesmo sem crise e sem a alta do dólar, o mercado brasileiro é promissor. "O Brasil é primeiro mercado consumidor de fragrâncias do mundo, superando a França e os Estados Unidos em volumes e valores comercializados", diz.

Fonte: veja.com

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