Na FOLHA: Para Aécio, suspeita contra Lula por tráfico de influência é 'muito grave'

Publicado em 01/05/2015 17:13
Na Folha de S. Paulo

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), avaliou nesta sexta-feira (1) como "muito grave" suspeita contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de tráfico de influência em negócios da Odebrecht com governos estrangeiros.

Segundo a revista 'Época', a Procuradoria da República em Brasília instaurou investigação para apurar se o petista teria usado sua influência para facilitar acordos da empreiteira em obras no exterior financiadas pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

"A cada dia, o que assistimos é um novo escândalo. É muito grave aquilo que a revista 'Época' publica de que há uma investigação do Ministério Público em relação a tráfico de influência cometido pelo ex-presidente. Isso tem de ser investigado", defendeu.

O tucano também considerou "extremamente grave" a informação de que foram apagados áudios e vídeos de reuniões do Conselho de Administração da Petrobras que trataram da compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA).

Segundo o TCU (Tribunal de Contas da União), o negócio gerou prejuízo de US$ 792 milhões.

"A CPI da Petrobras solicitou os áudios e as gravações das reuniões do Conselho de Administração para que os brasileiros possam entender quem foram realmente os responsáveis por aquele crime cometido", disse. "Se isso se confirma (ausência dos arquivos), realmente teremos que proceder do ponto de vista judicial para punir aqueles que cometeram esse delito", acrescentou.

O senador mineiro disse ainda que o seu partido pedirá a convocação na próxima semana do presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, para que dê explicações sobre a ausência de arquivos das reuniões.

Ao lado do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o presidente nacional do PSDB participou nesta sexta-feira (1) da festa do Primeiro de maio organizada pela Força Sindical, na capital paulista.

O palco do evento serviu de palanque para discursos contra a presidente Dilma Rousseff (PT). No microfone, o tucano acusou o atual governo federal de ser o mais corrupto da história e disse que a petista deixa um legado de aumento no desemprego e na inflação.

O presidente nacional do Solidariedade, Paulo Pereira da Silva, puxou gritos de "Fora, Dilma" da plateia.

"Vai para o inferno, Dilma", disse. 

 

Em festa da CUT, Lula diz que elite tem medo que ele volte à Presidência

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva subiu ao palco da festa organizada pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) em comemoração ao Dia do Trabalho para defender o governo Dilma Rousseff. Aproveitou para criticar aqueles que pedem o impeachment e a "elite brasileira", que, segundo ele, teme a sua volta ao Planalto.

Ele avisou a quem chamou de "detratores" que vai percorrer o país para garantir a manutenção do governo.

"A Dilma é presidente e eu quero que ela governe esse país, e quero ficar quieto no meu lugar para não dizer que estou pondo ingerência. Aos meus detratores, eu agora vou começar a andar o país outra vez. Vou começar a desafiar aqueles que não se conformam com o resultado da democracia. Aqueles que desde a vitória da Dilma estão pregando a queda da Dilma. Eles têm que saber que se tentar mexer com a Dilma, eles não estão mexendo com uma pessoa. Estão mexendo com milhões e milhões de brasileiros", disse.

Ele afirmou que não tem intenção de concorrer novamente ao governo, mas que cansou de provocações.

"Eu estou quietinho no meu canto. Mas não me chame para a briga. Porque sou bom de briga e vou entrar na briga", discursou, acrescentando: "Eu não tenho intenção de ser candidato a nada. Mas está aceita a convocação".

Irritado com a publicação da revista "Época", segundo a qual ele é alvo de investigação por tráfico de influência, Lula reagiu ao que chamou de insinuações de que seu nome apareça na Operação Lava Jato e disse que parte da elite tem medo de que ele volte a ser candidato.

Para ele, esse é um temor inexplicável. "Nunca ganharam tanto dinheiro como no meu governo".

Dirigindo-se aos jornalistas que assistiam seu discurso ao pé do palanque, Lula chamou de lixo as revistas "Veja" e "Época". "Não valem nada", disse.

INVESTIGAÇÃO

Reportagem da "Época" divulgada em sua página na internet na noite desta quinta (30) diz que a Procuradoria da República em Brasília abriu uma investigação contra Lula por tráfico de influência internacional e no Brasil.

Segundo a revista, ele é suspeito de usar sua influência para facilitar negócios da empreiteira Odebrecht com governos estrangeiros onde faz obras financiadas pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Um trecho reproduzido da peça da Procuradoria fala em "supostas vantagens econômicas obtidas, direta ou indiretamente, da empreiteira Odebrecht pelo ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, entre os anos de 2011 a 2014, com pretexto de influir em atos praticados por agentes públicos estrangeiros, notadamente os governos da República Dominicana e Cuba, este último contendo obras custeadas, direta ou indiretamente, pelo BNDES".

Para os procuradores, diz "Época", relações de Lula com a construtora, o banco e os chefes de Estado podem ser enquadradas, "a princípio", em artigos do Código Penal. 

BELA MEGALE

 

 

 

 

Fonte: Folha de S. Paulo

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