DATAFOLHA: Maioria quer impeachment de Dilma; Aécio venceria Lula

Publicado em 12/04/2015 05:33
na edição deste domingo da Folha de S. Paulo

EM VEJA.COM:

Pesquisa Datafolha divulgada neste sábado, véspera de mais um protesto nacional contra a presidente Dilma Rousseff, indica que 63% dos brasileiros são favoráveis à abertura de um processo deimpeachment contra ela. A justificativa são as revelações do escândalo do petrolão pela Operação Lava Jato da Polícia Federal. Para 57% dos entrevistados, Dilma sabia do esquema de corrupção na Petrobras e deixou que ele acontecesse; 26% acham que ela sabia, mas nada poderia ter feito para impedir.

Conforme VEJA revelou, um dos delatores do petrolão, o doleiro Alberto Youssef declarou em acordo de delação premiada com o Ministério Público que Dilma e seu antecessor, o ex-presidente Lula, tinham conhecimento do esquema de corrupção e desvio de verbas da Petrobras que abasteceu cofres do PT, PMDB e PP. Outro delator, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, afirmou aos investigadores que o ex-ministro Antônio Palocci pediu a ele uma contribuição de 2 milhões de reais para a campanha de Dilma em 2010. Além disso, doações oficiais ao PT e registradas na Justiça Eleitoral eram na verdade uma forma de dissimular o pagamento de propinas, conforme revelaram à PF executivos presos na Lava Jato.

Nesta semana, Dilma negou que sua campanha tenha recebido dinheiro de subornos da estatal. "Eu tenho certeza que não", afirmou a presidente em entrevista à rede de TV CNN, na versão em espanhol. "Se dinheiro de suborno chegar a alguém, essa pessoa deve ser responsabilizada. É assim que tem que ser. Estou absolutamente segura de que a minha campanha não tem dinheiro de suborno."

Entre os que apoiam a abertura do impeachment, que pode resultar na cassação de Dilma, só 37% dos entrevistados sabem que o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), assumiria o cargo em caso de afastamento dela. A maioria dos entrevistados (63%) respondeu que não sabe quem é o vice-presidente.

A pesquisa foi realizada nesta semana e concluída na sexta-feira. O Datafolha entrevistou 2.834 pessoas. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos. Os dados da pesquisa foram publicados pelo jornal Folha de S. Paulo.

Segundo o instituto, a maioria (64%) dos entrevistados acha que Dilma não será afastada por causa das investigações da Lava Jato. Mas se fossem realizadas novas eleições, 33% votariam no senador Aécio Neves (PSDB), candidato derrotado no segundo turno das eleições presidenciais do ano passado, e 29% votariam no ex-presidente Lula (PT). A situação é de empate técnico, no limite da margem de erro.

As manifestações de rua neste domingo, a favor da saída de Dilma do cargo de presidente, têm o apoio de 75% dos entrevistados pelo instituto. Pela primeira vez, a corrupção (22%) aparece relacionada como o principal problema do país, posição tradicionalmente ocupada pela saúde (23%) - também há um empate neste quesito.

O levantamento também indicou que a popularidade da presidente parou de cair. Para 13%, ela faz um governo bom ou ótimo, mesmo patamar da pesquisa anterior, realizada em março. Agora, 60% classificam sua administração como ruim ou péssima, dois pontos percentuais a menos que o índice apurado no mês passado. Segundo o Datafolha, a reprovação a Dilma é superior a 50% em todos os segmentos pesquisados: mulheres e homens, de todas as idades, padrões de renda e graus de escolaridade, em todas as regiões do país.

Quando foi afastado por um processo de impeachment em 1992, o ex-presidente Fernando Collor tinha a pior avaliação já registrada pelo instituto: 9% de bom ou ótimo.

A expectativa com a evolução da economia brasileira também é pessimista - 58% acham que a situação deve piorar, 78% acham que a inflação vai aumentar e 70% acreditam que o desemprego vai subir.

Governo fica surpreso com desaprovação de Dilma e apoio a impeachment (no G1)

A pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (11) que mostra que a maioria dos brasileiros apoia a abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma e que a desaprovação ao governo permanece em patamar recorde foi recebida com extrema preocupação pelo núcleo político do Palácio do Planalto. 

Isso porque o levantamento mostra que há uma insatisfação generalizada com o governo e que não surtiu efeito a estratégia de ampliar a exposição de Dilma nas últimas semanas, com discursos, entrevistas e eventos. A expectativa era que houvesse uma pequena recuperação, mas a aprovação ao governo permanece no patamar extremamente baixo da pesquisa anterior, de 13%. Ao mesmo tempo, a desaprovação continua consistente na casa dos 60% que consideram o governo ruim ou péssimo.

Para um auxiliar direto da presidente Dilma, causou surpresa o fato de 63% dos entrevistados terem afirmado que deveria ser aberto um processo de impeachment. “Apesar de não ter um ambiente para um impedimento de Dilma, isso mostra que o escândalo de corrupção da Petrobras colou na presidente”, admitiu esse ministro.

A avaliação do governo é que neste momento há uma associação explosiva ao governo do PT de grave crise na economia com escândalos de corrupção. “É preciso paciência para superar este momento”, concluiu o ministro. (por Gerson camarotti)

Na FOLHA: Maioria quer impeachment de Dilma e não conhece vice

Para 63%, segundo o Datafolha, presidente deveria ser alvo de um processo

Pesquisa mostra, porém, que menos de 30% acham que haverá afastamento da presidente petista

Quase dois terços dos brasileiros (63%) afirmam que, considerando tudo o que se sabe até agora a respeito da Operação Lava Jato, deveria ser aberto um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

O desconhecimento a respeito do que aconteceria depois disso, porém, é grande.

No grupo dos que defendem a abertura de um processo que, no fim, poderia resultar na cassação da petista, só 37% sabem que o cargo de presidente ficaria com o vice. Quando instados a mencionar o nome do vice, metade desse subgrupo erra.

Conclusão: só 12% dos eleitores brasileiros são a favor de um processo de impeachment contra Dilma, estão conscientes de que o vice assumiria o cargo e sabem que o vice é Michel Temer (PMDB).

Os números são de pesquisa Datafolha finalizada na sexta-feira (10), dois dias antes das manifestações programadas contra a presidente para este domingo. O instituto ouviu 2.834 pessoas. A margem de erro é de dois pontos.

Dilma não é investigada pela Operação Lava Jato, que descobriu a existência de um vasto esquema de corrupção na Petrobras, mas o Ministério Público Federal afirma que parte da propina paga pelas empresas que participaram do esquema foi repassada na forma de doações ao PT.

Embora o maior grupo da população apoie a abertura do processo de impeachment --posição que nenhum partido relevante defende explicitamente até agora--, a maioria (64%) não acredita no afastamento de Dilma. Menos de um terço (29%) acham que a presidente seria afastada.

O apoio aos protestos contra a presidente é alto (75%), assim como a taxa de eleitores que associam Dilma ao escândalo de corrupção na Petrobras, objeto da investigação da Operação Lava Jato.

Para 57%, Dilma sabia da corrupção na estatal e deixou acontecer. Outros 26% opinam que ela sabia, mas nada poderia fazer para impedir.

A pesquisa mostra também que a Lava Jato pode estar alterando a percepção dos brasileiros a respeito dos problemas do país. Pela primeira vez, o tema corrupção aparece empatado com saúde na liderança do ranking de maiores preocupações. Para 23%, o maior problema é a saúde. Para 22%, corrupção.

O instituto apurou um empate também --este no limite da margem de erro-- ao simular uma nova eleição presidencial. Se Dilma fosse cassada e novas eleições fossem convocadas hoje, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) alcançaria 33% das intenções de voto contra 29% do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Aprovação de Dilma para de cair, mostra Datafolha

Estabilização em 13%, porém, é em um dos piores patamares em 22 anos

Reprovação por parte de 50% da população ou mais ocorre em todas as regiões e em todos os segmentos de renda

DO EDITOR-ADJUNTO DE PODER

Pesquisa Datafolha finalizada na sexta-feira (10) mostra que a popularidade da presidente Dilma Rousseff parou de cair.

Em relação ao levantamento anterior, em março, os números a respeito de seu desempenho no comando do país são bastante parecidos.

Para 13%, ela faz um governo bom ou ótimo, a mesma taxa apurada no mês passado. Para outros 60%, a administração é ruim ou péssima, só dois pontos a menos que o observado na pesquisa anterior.

A aparente estabilização da popularidade após um período de forte queda, porém, não pode ser considerada uma boa notícia para Dilma.

Primeiro porque esses patamares estão entre os piores desde o início de seu primeiro mandato, em 2011, e entre os piores mesmo na comparação com todos os presidentes desde Fernando Collor de Mello, o primeiro eleito pelo voto direto após a redemocratização do país.

A atual taxa de aprovação de Dilma só é comparável com os piores momentos dos ex-presidentes Itamar Franco (12% de aprovação em novembro de 1993, época do escândalo do Orçamento, na Câmara) e Fernando Henrique Cardoso (13% em setembro de 1999, quando a população sentia os efeitos da desvalorização do Real).

Na véspera de ser afastado da Presidência por um processo de impeachment, em 1992, Collor tinha 9% de aprovação --a pior taxa apurada em toda a série de pesquisas nacionais do Datafolha.

O segundo motivo é que a reprovação de Dilma por parte de 50% da população ou mais parece pulverizada. Ocorre em todos os segmentos estudados pelo Datafolha.

É assim entre homens e mulheres, em todas as regiões do país, entre eleitores de todas as faixas etárias, dos mais aos menos escolarizados e ainda com todos os padrões de renda.

Também estáveis --e em patamares igualmente recordes e alarmantes-- estão as expectativas em relação à economia. Para 78%, a inflação deverá aumentar no próximo período. Para 70%, o desemprego vai subir. E 58% acham que a situação econômica do país deve piorar.

O Datafolha ouviu 2.834 pessoas; a margem de erro é de dois pontos.

ANÁLISE

Congresso recupera prestígio entre eleitores

Temas de fácil aderência popular, como a diminuição da maioridade penal, elevam o protagonismo da Casa

MAURO PAULINODIRETOR-GERAL DO DATAFOLHAALESSANDRO JANONIDIRETOR DE PESQUISAS DO DATAFOLHA

O conjunto de resultados do Datafolha de hoje compõe um retrato em alta definição do momento político do país. A baixa popularidade da presidente, ancorada às incertezas econômicas e aos desdobramentos da Operação Lava Jato, retroalimenta-se na crise com o Congresso Nacional, que, por sua vez, recupera algum prestígio no imaginário da população.

A reprovação ao Legislativo caiu mais do que a do Executivo, principalmente entre mais ricos e escolarizados, perfil preponderante nas manifestações de rua. Temas de fácil aderência popular, como a diminuição da maioridade penal, elevam o protagonismo da Casa que, por outro lado, enfrenta o governo em questões que lhe são caras, como o ajuste fiscal e a lei da terceirização.

Uma espécie de antecipação da síndrome do pato manco --termo usado pelos americanos para presidentes impopulares em final de mandato e sem apoio no Congresso-- apodera-se do governo Dilma logo após sua reeleição.

Em ambiente tão hostil, o índice dos que defendem a abertura do processo de impeachment da presidente não chega a ser surpresa. Uma análise qualitativa do dado revela de onde vem a maior parte dos que querem a saída da petista e o quanto a população desconhece a consequência imediata do impedimento.

Dentre os que reprovam Dilma, 79% apoiam a abertura do processo de impeachment. Destes, 61% pertencem ao grupo dos "refratários" à presidente --não votaram na petista no segundo turno e reprovam agora sua administração. Outros 18% provêm dos que elegeram Dilma, mas que agora estão "frustrados" com sua gestão, especialmente assombrados pelo fantasma do desemprego.

Essa alta correlação entre insatisfação com o governo e o posicionamento pró-impeachment sustenta a opinião dessa parcela que, revoltada e insegura quanto ao futuro, dispensa provas de envolvimento, mesmo que indireto, da presidente nos casos de corrupção na Petrobras.

Também é característica do "Fora Dilma" a baixa taxa de conhecimento sobre o que acontece em caso de impedimento da presidente. No total da amostra, são apenas 12% os brasileiros que defendem a abertura do processo, sabem que o vice é quem assumiria e identificam corretamente Michel Temer (PMDB) como o virtual ocupante do cargo. A maioria, porém não sabe que o vice assume em caso de impedimento ou, quando sabe, desconhece Temer.

Mas o apoio majoritário dos brasileiros aos protestos contra o governo legitima ainda mais, junto à opinião pública, os eventos que ocorrem hoje, remetendo para segundo plano contrastes de perfil e níveis de informação entre população no geral e os manifestantes. A valorização da TV aberta como principal fonte do noticiário político pelos entrevistados dá pistas do efeito que as imagens das ruas têm sobre o eleitorado.

E não é apenas o futuro de Dilma e o do PT que estão em jogo. Cada vez mais, menos brasileiros citam Lula como o melhor presidente da história do Brasil.

 

HÉLIO SCHWARTSMAN

O futuro dos protestos

SÃO PAULO - Os protestos de hoje irão superar os de 15 de março? É difícil dizer. Não me surpreenderia nem se eles fossem maiores e mais disseminados, numa indicação de que as pessoas ainda não manifestaram toda a sua indignação com o brusco divórcio entre as promessas eleitorais e a realidade, nem se ficassem mais acanhados, num tradicional caso de regressão à média.

O fato é que não vivemos um momento revolucionário, em que as ruas tomarão o lugar do governo e o povo exercerá o poder diretamente. Uma hora a disposição das pessoas de ir para a avenida vai arrefecer, a pressão sobre os políticos, diminuir, e tudo voltará a ser, se não exatamente igual a antes, também não muito diferente. Já vimos esse filme em junho de 2013. Seria injusto dizer que a resultante daquele movimento foi nula, mas parece claro que ela não redefiniu os rumos do país.

O saldo ponderável das revoltas não foi dos mais animadores. Os aumentos de ônibus foram momentaneamente revertidos em várias cidades, o que acabou contribuindo para a ficção tarifária que hoje cobra seu preço. Houve, é verdade, algum impacto positivo sobre o Congresso, que aprovou o fim do voto secreto nas cassações de parlamentares, e não impediu o MP de conduzir investigações, como ameaçava fazer.

Menos tangível, mas talvez mais importante é o fato de que a população descobriu ali que, se for capaz de coordenar expectativas, pode agir como ator político influente, ainda que com aparições apenas bissextas. A dificuldade está em como transcender à agenda vazia da simples frustração e dar materialidade aos desejos frequentemente contraditórios de milhões de brasileiros. Grandes consensos são raros e, quando existem, tendem a ser, ao menos nas democracias, rapidamente implementados pelos políticos, sem necessidade de muita pressão popular.

Daí que não vejo um futuro muito brilhante para esses movimentos.

helio@uol.com.br

BERNARDO MELLO FRANCO

Privilégio supremo

BRASÍLIA - A prisão de três ex-deputados na sexta-feira pode gerar uma falsa expectativa em quem vai protestar hoje contra o petrolão. Se é o seu caso, não se anime. Para os 35 parlamentares da Lava Jato, a conta ainda vai demorar a chegar.

André Vargas, Luiz Argôlo e Pedro Corrêa não deixaram mais rastros do que os outros políticos investigados. Apenas perderam o mandato e, com isso, passaram a responder por seus atos na Justiça como qualquer cidadão brasileiro.

A Constituição afirma que todos são iguais perante a lei, mas garante que alguns sejam mais iguais do que os outros. Isso vale para os deputados, senadores e governadores do petrolão. Eles só poderão ser julgados por tribunais superiores, graças ao chamado foro privilegiado.

Essa diferença de tratamento dividiu a Lava Jato em três. Um núcleo avança com velocidade na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, do juiz Sergio Moro. Lá são investigados doleiros, empresários, hierarcas da Petrobras e ex-parlamentares. Muitos já conheceram a carceragem da PF paranaense ou o Complexo Médico-Penal de Pinhais.

Os outros dois núcleos da operação caminham a passos lentos. Um está no Superior Tribunal de Justiça, onde correm os inquéritos contra os governadores do Rio e do Acre. O outro subiu para o Supremo, que deverá julgar os 35 parlamentares.

Embora a Lava Jato tenha começado há mais de um ano, as investigações que envolvem autoridades só passaram a existir para a Justiça no mês passado. Por isso, deputados e senadores sob suspeita continuam a tocar a vida em Brasília. Os mais ousados chegam a usar a tribuna para atacar os procuradores.

O ex-ministro Joaquim Barbosa costumava definir o foro privilegiado como "uma esperteza que os políticos conceberam para se proteger". Ele estava certo. No caso do mensalão, o Supremo surpreendeu ao condená-los. No petrolão, ainda será preciso esperar para ver.

Fonte: Veja + Folha de S. Paulo

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