Vaccari nega na CPI ter tratado de finanças do PT com executivos da Petrobras e Youssef

Publicado em 09/04/2015 18:23

BRASÍLIA (Reuters) - O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, negou nesta quinta-feira ter tratado das finanças do partido com executivos da Petrobras investigados por suposto envolvimento em caso de corrupção na estatal, além de afirmar mais de uma vez que não cuidou da parte financeira da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff.

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras na Câmara nesta quinta-feira, sessão pontuada por picos de tensão e troca de acusações entre deputados da oposição e do PT, Vaccari reiterou que todas as doações recebidas pelo partido estão estritamente dentro da legislação vigente, são contabilizadas e declaradas à Justiça eleitoral.

"Todas as doações que recebemos são escrituradas, são feitas via transações bancárias e informadas ao TSE", afirmou.

O tesoureiro disse que nunca tratou de doações financeiras com os ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró e Renato Duque, nem com o ex-gerente Pedro Barusco ou o doleiro Alberto Youssef, todos réus sob acusação de ligação com o esquema de pagamento de propina a partidos e políticos.

Por repetidas vezes, ao ponto de provocar reações de deputados da oposição, Vaccari, que também é réu acusado de participar do esquema, disse à CPI que as afirmações das delações premiadas que se referem a ele "não são verdadeiras". Assumiu, no entanto, ter pedido doações legais a empresários.

“É natural que o secretário nacional de finanças visite empresas e faça contatos na busca de captação de recursos”, argumentou, afirmando que não só o PT, mas também PMDB e PSDB receberam grandes doações de empresas envolvidas na Lava Jato.

Questionado por uma deputada se não seria coincidência que as contribuições fossem efetivadas pelas empresas poucos dias após elas receberem recursos da Petrobras, o tesoureiro voltou a defender que as doações foram legais.

Mais de uma vez, durante sua apresentação inicial e provocado por deputados, Vaccari afirmou que não foi o responsável pelas contas eleitorais de Dilma tanto em 2010, quanto em 2014. Segundo ele, as contas da então candidata eram de responsabilidade do representante do comitê financeiro da campanha, e não do secretário de finanças e planejamento da sigla, cargo que ocupa.

O tesoureiro, que se disse inocente e demonstrou intenção de permanecer no posto até que o diretório do partido decida o contrário, aproveitou para declarar que nem ele e nem o PT possuem contas no exterior, além de afirmar que nunca foi à Petrobras e que não participou de indicação de nomes para as diretorias da estatal.

RATOS

O depoimento do tesoureiro na CPI da Petrobras na Câmara estava previsto para o dia 23 deste mês, mas foi adiantado para esta quinta-feira, contra a vontade de petistas.

Vaccari obteve liminar junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) na quarta-feira que o desobrigou de depor na condição de testemunha à CPI e, portanto, deu a ele o direito de não se autoincriminar.

O ministro Teori Zavascki, do STF, acatou a tese da defesa de que Vaccari não poderia depor na condição de testemunha pois já é réu em ação penal na Justiça que trata dos mesmos fatos investigados pela CPI.

“A decisão do STF sobre a minha presença aqui, eu poderia me calar, mas eu tenho respondido a todas as perguntas. Por que que eu respondo a todas as perguntas? Porque eu tenho dito que estou à disposição das autoridades para colaborar com as investigações. Tenho reafirmado isso desde o primeiro momento”, afirmou o tesoureiro, após reclamações de deputados de que o tesoureiro não estaria respondendo as indagações na CPI.

Vaccari considerou ainda “desnecessária” a sua condução coercitiva em fevereiro, quando foi levado à Polícia Federal para prestar depoimento.

Logo no início da sessão, pouco depois de o tesoureiro entrar no plenário da CPI para prestar depoimento, um homem soltou cerca de cinco ratos pelo plenário, causando tumulto. O homem foi imobilizado e retirado da sala pela Polícia Legislativa.

Identificado como funcionário da segunda vice-presidência da Câmara, o homem foi exonerado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por conta do episódio, anunciou o presidente da comissão, Hugo Motta (PMDB-PB).

(Reportagem de Maria Carolina Marcello)

Fonte: Reuters

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