Convocadas por Lula, manifestações da CUT em SP tem 400 pessoas e vira motivo de piada
Relator do projeto de lei que flexibiliza as regras de terceirização, o deputado Arthur Maia (SD-BA) afirmou ter dado "muita risada" dos protestos capitaneados pelas centrais sindicais nesta terça-feira (7).
-- "Dei muita risada. Uma manifestação que reúne apenas 400 pessoas em São Paulo deve ser considerada um grande fracasso", afirmou o deputado à Folha.
Convicadios pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) e pela CTB (Central de Trabalhadores do Brasil), as manifestações reuniram sindicalistas para criticar proposta que será votada nesta terça na Câmara dos Deputados.
Arthur Maia ainda ironizou a convocação da CUT para os protestos, afirmando estranhar o fato de a central sindical ser contra a terceirização.
"A CUT já é uma terceirização do PT na luta sindical. Não entendo eles serem contra", disse o deputado sobre as relações da central sindical com os petistas.
CORPO A CORPO
Na manhã desta terça, sindicalistas fizeram corpo a corpo com os deputados baianos no aeroporto de Salvador e receberam promessas de votos contrários ao projeto por parlamentares do PT, PCdoB e PRB.
Um dos principais alvos dos manifestantes, Arthur Maia não foi encontrado pelos manifestantes –ele embarcou para Brasília na segunda-feira (6).
"Ele driblou a gente e viajou com antecedência. Não quis enfrentar o embate conosco", disse o presidente da CUT-BA, Cedro Costa e Silva.
Maia afirmou à Folha que sempre viaja para Brasília às segundas-feiras. Mas disse que não teria o que discutir com os sindicalistas. "Pensamos diferente. A opinião da CUT me interessa tanto quanto o campeonato de futebol de Afeganistão", justificou.
Protesto da CUT contra terceirização em SP vira ato em favor da saúde
O protesto convocado pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) e por diversos movimentos sindicais e sociais contra o projeto que amplia a terceirizaçãoem empresas e órgãos públicos no país reuniu nesta terça-feira (7), em São Paulo, bem menos manifestantes do que o previsto pela organização, e acabou virando um ato em defesa da saúde.
Apesar de ser uma manifestação com viés trabalhista –e com bandeiras como a defesa da democracia e da Petrobras–, o que se viu foi um protesto pela defesa do SUS (Sistema Único de Saúde) e da saúde pública.
No dia 7 de abril é comemorado o Dia Mundial da Saúde. O sindicato do setor havia convocado um ato que foi aderido pela CUT.
Os organizadores previam que 10 mil pessoas fossem à manifestação na capital paulista, que começou em frente ao Hospital das Clínicas e terminou na praça da República, região central da cidade. No fim do ato, no entanto, a CUT dizia que eram mil pessoas participando, enquanto a Polícia Militar estimava 400 manifestantes.
No protesto de 13 de março, segundo o Datafolha, 41 mil participaram de ato na capital paulista com centrais sindicais e movimentos sociais em defesa da Petrobras e da presidente Dilma Rousseff.
Poucas lideranças, porém, estiveram presentes nesta terça. Representantes da UNE (União Nacional dos Estudantes) e do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que também convocaram para o protesto, não compareceram.
O presidente da CUT em São Paulo, Adi dos Santos, justificou a pouca adesão ao protesto. Segundo ele, o ato foi menor do que o esperado porque a direção nacional da central sindical decidiu enviar manifestantes para Brasília, onde o PL 4330, sobre a terceirização, deve ser votado ainda nesta terça na Câmara dos Deputados.
Adi afirma que, caso a proposta seja aprovada em primeira votação, as centrais e os movimentos sociais vão intensificar os protestos. "A CUT não vai defender esse projeto de jeito nenhum", disse.
Redes sociais têm sido palco de discriminação e preconceito, diz Dilma
Durante o lançamento do programa federal que visa combater crimes na internet, a presidente Dilma Rousseff reafirmou nesta terça-feira (7) o compromisso do governo em garantir a livre manifestação de qualquer cidadão mas ressaltou que as redes sociais têm sido usadas para disseminação de ofensas e preconceitos.
"As redes sociais têm sido palco de manifestações de caráter ofensivo, preconceituoso, discriminatório, de grave intolerância. Escondidas no anonimato que as redes sociais permitem com o distanciamento que promovem, algumas pessoas se sentem à vontade para expressar todo tipo de agressão e difusão de mentiras, ferindo honra e dignidade das pessoas", afirmou Dilma.
A presidente ressaltou que as mesmas regras que regem a sociedade cotidianamente devem ser aplicadas ao ambiente on-line. "Como extensão da nossa vida real, esse mundo virtual deveria também ser regido pelas mesmas regras éticas, comportamentais e de civilidade que queremos que ocorram na sociedade, no nosso dia a dia. Não é, no entanto, o que vem ocorrendo", destacou.
As redes sociais têm sido cada vez mais utilizadas por políticos para defenderem programas tanto do governo quanto ações da oposição. As próprias manifestações populares têm sido convocadas, majoritariamente, pelas redes sociais.
Documento revelado recentemente produzido pela Secretaria de Comunicação da Presidência, admite que a própria pasta usa "robôs" para disseminar conteúdo favorável ao governo nas redes sociais.
Sem citar estes fatores diretamente, Dilma voltou a defender a liberdade de manifestação de qualquer cidadão. "O governo tem compromisso inabalável com a liberdade de expressão e manifestação. Tem compromisso inabalável com direito de cada cidadão e cidadã se expressar, se informar, ser informado, criticar, enfim, se manifestar e usar todos os mecanismos para pensar por conta própria. Somos a favor do bom debate", disse.
O governo federal lançou na manhã desta terça, em cerimônia no Palácio do Planalto, o chamado Pacto pelo Enfrentamento às Violações de Direitos Humanos na Internet. A iniciativa, com o nome de "Humaniza Redes", prevê uma ouvidoria online, onde denúncias poderão ser feitas e, em seguida, encaminhadas a provedores de internet.
"Estamos criando a primeira ouvidoria de direitos humanos on-line. Em uma parceria inédita no mundo, o governo federal, as maiores empresas, órgãos da sociedade civil brasileira como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), instituições como Ministério Público vamos juntos promover internet livre, pacífica segura", disse.
"Queremos que as redes sociais sejam campo fértil de ideias, de proposições, de críticas e debates. Não queremos um campo de desrespeito e violência verbal", completou.