Política: Segunda demissão entre os ministros no terceiro mês do novo governo Dilma transparece a instabilidade

Publicado em 26/03/2015 09:26
Política e Economia: Segunda demissão entre os ministros no terceiro mês do novo governo Dilma traz mais um reflexo da preocupante instabilidade política do país. Medidas descontinuadas continuam a trazer atraso para todos os setores. Interesses partidários ainda são os mais importantes. Veja o comentário de Telmo Heinen.
Na noite de terça-feira (24), a Câmara dos Deputados aprovou o projeto que garante a execução em até 30 dias da lei que alivia a dívida de Estados e municípios com a União. A medida foi aprovada por 389 votos, mostrando mais uma derrota do governo federal.
 
Um pleito antigo de governadores e prefeitos, a lei que altera o indexador das dívidas foi sancionada por Dilma em novembro do ano passado. No entanto, a medida ainda não entrou em vigor porque o Planalto adiou a sua regulamentação, mas com o novo projeto o governo tem um prazo de até 30 dias para aplicar os novos indexadores aos aditivos contratuais, independente de regulamentação.
 
Porém, Telmo Heinen, consultor em comercialização considera que a correção da dívida dos estados e municípios deveria ser uma "repartição do custo da rolagem desta dívida pelo governo federal, e não como aconteceu onde de repente o governo estava rolando a dívida em um custo inferior - por causa da Selic muito baixa - ao custo que estava cobrando dos estados, quando se sabe que eles estão suas finanças totalmente depauperadas", explica.
 
A taxa Selic, no entanto, sofreu uma elevação de 7,5% ao ano, para 12,75% com isso a "desvantagem" dos estados deixou de existir.
"Os deputados e senadores introduziram um artifício na lei, que eu acho que o planalto não percebeu, onde o calculo passa a ser retroativo, então o Ministério será obrigado a fazer o calculo com base na baixa da taxa Selic que ouve em 2012 e 2013", alerta Heinen.
 
Para ele, a grande problemática nesta e em outras situações que vem acontecendo no mandato da presidente Dilma Rousseff é consequência das "inverdades" pregoadas durante o período eleitoral.
 
E em meio a tantos acontecimentos políticos e econômicos no Brasil, a presidenta recebeu o pedido de demissão de ministros em menos de uma semana.
 
O Palácio do Planalto confirmou na tarde desta quarta-feira (25) a saída do ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Thomas Traumann. Há uma semana, quem se despedia do governo era Cid Gomes, da Educação.
 
Assim como Cid Gomes, Traumann também vinha sofrendo com o desgaste. O mais recente ocorreu a pouco mais de uma semana, quando o jornal "O Estado de S. Paulo" divulgou um documento interno do Palácio do Planalto no qual ele critica o governo federal na área da comunicação, considerada "errática" e que o governo vive um momento de "caos político". 
 
Mas Telmo ressalta que essa demissão pode ser motiva por um convite de retirada do governo, depois do vazamento do relatório encaminhado a presidente. "Isso significa que as escolhas (dos ministérios) aconteceu às questões partidárias e não a interesses técnicos. A presidente não pode ficar vendendo cargos", afirma.

Economia

O Banco Central anunciou na terça-feira (26) que não renovará o programa de oferta diária de swaps cambiais, que vence no dia 31 de março, mas se comprometeu a renovar integralmente os contratos que vencem a partir de 1º de maio.
 

O programa de leilões de swap cambial foi lançado em agosto de 2013, com o objetivo de fornecer "hedge" ao mercado e evitar maiores pressões sobre o câmbio.
 
Segundo Telmo, o BC deve intervir no mercado em casos de necessidade, mas essa ação precisa acontecer de "surpresa", e não como acontecia anteriormente."Então os especuladores passaram ter uma ferramenta de ganho com esse sistema de swaps cambiais", afirma Telmo.
 
Além disso, a proposta do Ministro da Fazenda é realizar menos intervenções no mercado até que o câmbio encontre um pouco de equilíbrio. A expectativa, de acordo com Henen, é que depois da situação  normalizada o câmbio deve flutuar normalmente de acordo com a entrada e saída do dólar físico no país, e ficar na casa dos R$ 2,80 a R$ 3,00.

Crédito Rural e Custos de Produção

Apesar da afirmação da ministra da Agricultura, Kátia Abreu, garantindo que não falta de recursos para a safra 2014/2015, os produtores brasileiros estão preocupados com o atraso na liberação de financiamentos e a valorização do dólar que eleva os custos para a próxima safra.
 

"A Fao divulgou um possível excesso de grãos no mercado mundial, isso é um sinal claro que o Brasil deveria aproveitar esse momento, já que temos um aumento do custo interno, e no mínimo não aumentar a safra de grãos que virá", considera Telmo.
 
Além disso, com a crise política e econômica do país a população está menos remunerada, e as atividades econômicas acontecem de maneira desacelerada, reduzindo o crédito disponível para os financiamentos agrícolas.
 
No entanto, o consultor lembra que os financiamentos de pré-custeiros "não é um crédito oficial, e sim um adiantamento de dinheiro comercial que os bancos realizavam", ressalta.
 
Nesse cenário, as relações de troca seriam a melhor alternativa para os produtores que optam em adquirir seus insumos ainda no primeiro semestre do ano, como afirma Heinen.
 
O plano safra 2015/2016 deve ser lançado em maio de 2015, e "politicamente eles (governo) deverão aumentar para 160 bilhões, e citar recursos virtuais que depois não se concretizam", conclui Telmo.

Defensivos Agricolas

A incidência de contrabando de produtos agrícolas no Brasil tem aumento. Produtos falsos são vendidos até mesmo em licitações públicas, como aconteceu com a Embrapa Soja, em Londrina.
 

"Não é de hoje que produtos são contrabandeados dos países vizinhos para cá, e isso é muito  mais em função da taxa de câmbio do que qualquer outra coisa, e nem tudo que vem de fora é ruim", ressalta o consultor.
 
Telmo considera que deveria haver "genéricos" para os defensivos agrícolas, assim como vemos em remédios, mas a burocracia no Brasil impede que novas indústrias produzam esses produtos.

 

Por: Carla Mendes e Larissa Albuquerque
Fonte: Notícias Agrícolas

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