Bovespa cai puxada por Vale e bancos, após S&P manter grau de investimento do Brasil
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da Bovespa fechou em queda nesta terça-feira, com papéis da mineradora Vale entre as principais pressões de baixa, um dia após a Standard & Poor's manter a avaliação grau de investimento do Brasil.
O Ibovespa cedeu 0,78 por cento, a 51.506 pontos. Na abertura, o índice chegou a trabalhar no azul, subindo 0,61 por cento, para a máxima do dia de 52.222 pontos.
O volume financeiro da sessão alcançou 5,38 bilhões de reais.
A agência de classificação de risco S&P afirmou na segunda-feira o rating de longo prazo do Brasil em "BBB-" e manteve a perspectiva estável, citando a mudança de rumo na condução da política econômica pela presidente Dilma Rousseff.
A S&P, contudo, afirmou em teleconferência nesta terça-feira que pode rebaixar o rating do país caso se afaste do compromisso fiscal.
A agência também manteve a nota de longo prazo da Petrobras em "BBB-", mas cortou a perspectiva para negativa e disse que pode rebaixar a companhia se os resultados auditados não saírem até o final de abril.
As ações da estatal mostraram indefinição ao longo da sessão, mas fecharam em leve alta, com as preferenciais subindo 0,43 por cento, enquanto as ordinárias avançaram 0,22 por cento.
A pressão negativa veio principalmente das ações da mineradora Vale com as ordinárias cedendo 3,93 por cento e as preferenciais caindo 2,42 por cento, em meio a perspectivas negativas sobre crescimento na China após dados da indústria naquele país.
A queda nos papéis de bancos também pesou pela forte fatia que detêm no Ibovespa, conforme segue a apreensão com a exposição de instituições a empresas investigadas na operação Lava Jato, em particular após a empresa de investimentos em navios-sonda da Sete Brasil deixar de pagar empréstimo-ponte bilateral de 250 milhões de dólares ao Standard Chartered Bank.
Bradesco recuou 0,95 por cento e Itaú Unibanco caiu 0,62 por cento. Ambos os papéis detêm juntos quase 20 por cento do Ibovespa.
BM&FBovespa foi destaque negativo, ao recuar 2,67 por cento, antes do julgamento no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) sobre a operação de incorporação de ações e suas implicações na retenção em fonte do imposto de renda (goodwill), previsto para a quarta-feira.
"Há grande chance de a empresa perder de novo, mas por mais que seja esperado, estressa a ação no curto prazo", disse o gestor Eduardo Roche, da Canepa Asset Management. Na mínima da sessão, os papéis chegaram a cair 4,27 por cento.
O comportamento do dólar frente ao real também voltou a respingar na Bovespa, com efeito da baixa da moeda norte-americana prevalecendo sobre ações de exportadoras como a fabricante de aeronaves Embraer e o grupo de alimentos JBS, apesar da volatilidade apresentada no meio do pregão.
O recuo do dólar pelo terceiro pregão seguido ainda corroborou o ajuste de baixa nas siderúrgicas Gerdau e Usiminas, que têm receita e poder de precificação influenciado pelo câmbio.
O papel ordinário de Usiminas, que não está no Ibovespa, por sua vez, avançou 13,87 por cento, conforme seguem as expectativas para a votação do presidente do Conselho da empresa e de outros membros do grupo em 6 de abril.
As ações das empresas de papel e celulose Suzano e Fibria limitaram o efeito negativo do câmbio com dados de estoque divulgados pelo PPPC (Conselho de Produtos de Papel e Celulose), considerados positivos por analistas.
Gol foi um dos destaques negativos, com queda de 4,32 por cento, após subir 11,31 por cento em dois pregões. O presidente da companhia aérea, Paulo Kakinoff, aventou em evento do setor redução na oferta doméstica da empresa.
Papéis do setor imobiliário, por sua vez, ocuparam a ponta positiva do Ibovespa, com o índice do segmento fechando em alta de 1,1 por cento.
Entre as empresas do setor, BR Properties, que recebeu no final do mês passado oferta pelo controle, avançou 3,72 por cento. Cyrela Brazil Realty, por sua vez, avançou 3,25 por cento.