No MSIa: A inconveniente revista de Dilma ao “exército de Stédile”
Na sexta-feira 20 de março, a presidente Dilma Rousseff estarreceu grande parte do País, ao visitar um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Eldorado do Sul, na região metropolitana de Porto Alegre (RS). O ato da presidente, em seguida às declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ameaçando convocar o “exército de Stédile” para defender o governo, e ao ataque de uma “brigada feminina” do MST a um laboratório de pesquisas de biotecnologia em São Paulo, constitui uma evidência da perigosa perda de realidade política que parece acometer o Palácio do Planalto.
A inclinação da cúpula do governo para enquadrar o descontentamento generalizado da sociedade como uma tentativa de desestabilização contra as conquistas sociais do governo petista já havia sido manifestada nas declarações do secretário geral da Presidência, Miguel Rossetto, na tíbia resposta oficial às enormes manifestações de 15 de março. Na visita ao assentamento Lanceiros Negros, a presidente ratificou tacitamente tal interpretação, ao passar a palavra ao líder do MST, João Pedro Stédile, que se encarregou de qualificar as manifestações como expressão da “classe média reacionária”, visão compartilhada pelo grupo palaciano que cerca a presidente. “Deixe o Rossetto cuidando do Palácio e venha para as ruas, onde vamos derrotar a direita e seu plano diabólico”, desafiou Stédile.
É lamentável que a desorientação da presidente Dilma – que se espera seja momentânea – não a deixe perceber que a busca do apoio de entidades como o MST, com uma agenda que também busca debilitar a autoridade do Estado, ajuda a alimentar uma perigosa perda de autoridade, em um momento crítico para o País, no qual a liderança presidencial se faz mais necessária.
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