Cunha suspende regra para levar depoimento de Duque à Câmara dos Deputados
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), suspendeu um dispositivo do Regimento Interno, segundo decisão divulgada nesta quarta-feira, para que o depoimento do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque à CPI que investiga irregularidades na estatal ocorra na Casa.
A oitiva de Duque, que está preso em Curitiba, estava prevista para quinta-feira nas dependências da Polícia Federal. Para permitir que o depoimento ocorra na Câmara, Cunha suspendeu a vigência de ato da Mesa que “veda a realização de oitivas de presos nas dependências” da Casa.
Segundo um parlamentar, a decisão do presidente teve como intenção “trazer o palco” para a Câmara e agitar o já tenso clima político na Casa.
A participação do ex-diretor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi autorizada pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, na terça-feira.
O ex-diretor, que já havia sido detido, voltou a ser preso no dia 16 pela PF, em uma nova fase da operação Lava Jato, que investiga um esquema bilionário de corrupção na Petrobras.
Duque foi preso pela primeira vez em 14 de novembro junto com executivos de grandes empreiteiras do país, após uma série de denúncias de corrupção envolvendo grandes obras da Petrobras. Ele deixou a prisão em dezembro graças a um habeas corpus.
O nome de Duque foi citado pelo ex-gerente-executivo da diretoria de Serviços da Petrobras Pedro Barusco, um dos principais operadores do esquema de corrupção na estatal, em depoimento na semana passada à CPI da Petrobras.
Barusco, que firmou um acordo de delação premiada com a Justiça, disse que o mecanismo de desvio de recursos envolvia empresas, Duque e o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.
(Por Maria Carolina Marcello)