Duque, arrecadador do PT, volta prá cadeia. E Vaccari, o tesoureiro, é indiciado

Publicado em 16/03/2015 17:55

A Procuradoria da República no Paraná apresentou denúncia nesta segunda-feira contra o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e contra o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção e formação de quadrilha. A acusação corresponde às investigações da nona fase da Operação Lava Jato da Polícia Federal, batizada de My Way.

Indicado ao cargo na Petrobras pelo ex-ministro mensaleiro José Dirceu, Renato Duque foi preso pela segunda vez nesta segunda, na décima fase da operação, batizada de "Que país é esse?" - o título faz referência à frase que Duque teria dito a seu advogado em novembro passado, quando foi preso pela primeira vez.

A prisão foi decretada depois que a força-tarefa da Lava Jato encontrou em Mônaco a fortuna que Duque limpou de contas na Suíça - documentos recebidos pelas autoridades brasileiras comprovam a movimentação do dinheiro no país europeu. Foram bloqueados 20 milhões de euros (67,8 milhões de reais) nas contas de Duque no principado. O Ministério Público verificou que, mesmo depois de deflagrada a operação, Duque seguiu desviando dinheiro de suas contas no exterior. Duque é apontado pelos investigadores como um dos principais arrecadadores de propina do PT.

Vaccari foi citado nos depoimentos do doleiro Alberto Youssef, do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e do ex-gerente de Serviços da companhia Pedro Barusco. Os três mencionaram o tesoureiro petista como responsável por receber propina em nome do partido. Barusco disse que o petista recebeu aproximadamente 50 milhões de dólares desviados entre 2003 e 2013, e que o valor desviado para o PT, também com a participação do tesoureiro, chegou a 200 milhões de dólares.

Também foi Barusco quem decifrou para os investigadores o significado da palavra "Moch", que aparecia nas planilhas detalhando a divisão do dinheiro. Era uma menção ao apelido de Vaccari - "mochila", um acessório que ele sempre carrega.

Paulo Roberto Costa disse que da propina recolhida em sua diretoria - 3% sobre os contratos -, dois terços ficavam com o PT, arrecadados justamente pelo tesoureiro do partido.

Acho que, desta vez, Zavascki não terá como conceder habeas corpus ao petista Duque

Bem, a jurisprudência do Supremo é não manter a prisão preventiva de alguém apenas com base no risco de fuga. Há aí uma questão, vá lá, filosófica em cujas minudências nem entro agora para não desviar o foco. Parece-me que, quando o sujeito tem, comprovadamente, uma fortuna no exterior — e já se sabia ser esse o caso de Duque —, o risco de fuga migra da filosofia (afinal, fugir é inerente ao homem…) e migra para o terreno das possibilidades reais. Mas a jurisprudência existe, e, se o único motivo alegado pelo Ministério Público era aquele, cochilou. Como há gente bastante acordada nessa história…

Agora, a coisa mudou de patamar. Segundo o MP, ele usou o seu tempo livre, desde a eclosão da Lava Jato, para tentar esconder a dinheirama que tem no exterior (vejam post a respeito). Aí a coisa muda de figura, né? Parece que, desta feita, uma habeas corpus será tarefa bem mais complicada.

Os petistas estão em pânico porque Duque — especialmente uma parte de sua família, inconformada com o andamento das coisas — é considerado um fio desencapado. Ele mobiliza a altíssima cúpula petista, inclusive o Número Um. E, segundo consta, já teria ameaçado falar se perceber que vai para o cadafalso.

Até agora, ele tem sido de uma fidelidade vaccariana, delubiana. Mas nunca se sabe.

Por Reinaldo Azevedo

 

O petista Duque, quem diria?, também era um colecionador de arte…

Leio na Folha a seguinte informação:
A Polícia Federal no Rio de Janeiro apreendeu na casa do ex-diretor da Petrobras Renato Duque, na manhã desta segunda-feira (16), 131 obras de arte. Segundo a Folha apurou, há quadros de artistas brasileiros valorizados, como Guignard, Djanira e Heitor dos Prazeres. A coleção de telas de Guignard era de cerca de dez peças. A PF afirmou que o grande número de peças acabou aumentando o tempo do trabalho de buscas dos agentes pela manhã, já que foi preciso “seguir o padrão” para recolhê-las. “Tudo que foi apreendido hoje pela manhã vai ser trazido para Curitiba. Provavelmente terão o mesmo destino das demais”, disse o procurador da República Roberson Pozzobon.

Desde janeiro, obras de artistas como Salvador Dalí e Romero Britto, apreendidas ao longo da Operação Lava Jato, foram encaminhadas para exposição no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. Segundo o procurador, também foram recolhidas obras de arte nesta segunda-feira na casa de Adir Assad, também preso nesta segunda-feira e suspeito de ser um dos operadores do envio para o exterior de dinheiro originado de propinas. O Ministério Público Federal não deu estimativas sobre os valores das peças apreendidas com Duque. “São muitas obras na residência de Renato Duque e dificilmente justificável [a posse], mesmo sendo um alto executivo da Petrobras”, afirmou o delegado Igor Romário de Paula.
(…)

Voltei
Não estou dizendo que seja o caso porque não tenho as provas. Estou informando como são as coisas: o mercado de arte de, digamos, alta performance, nomes renomados, é, há muito tempo já, um dos caminhos mais procurados para lavar dinheiro e para ocultar sinais exteriores de riqueza. O dinheiro fica ali, escondido nas obras. Como elas têm liquidez, fica fácil passar adiante em caso de emergência.

Por Reinaldo Azevedo

 
Que país é este?

Francelino criador da frase

A operação da PF que prendeu hoje o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, apelidada de Que país é este?, produziu novamente uma confusão no noticiário.

Muitos atribuem a frase a Renato Russo. Um erro – e uma injustiça com o verdadeiro autor.

Renato Russo escreveu a música Que País é Este? em 1978 e a lançou em disco na década seguinte.

Dois anos antes, em 1976, o então presidente da Arena, Francelino Pereira, cunhou a pergunta que marcou a política brasileira naqueles tempos (Francelino também definiria a Arena como “o maior partido do Ocidente”, outra definição que entrou para a crônica política dos anos 70)

Com Que país é este?, Francelino expressava sua perplexidade sobre aqueles que não acreditavam na disposição do general Ernesto Geisel de promover a abertura do regime -  a “distensão, lenta, gradual e segura”.

Por Lauro Jardim

 

Lava Jato chega ao PT: Vaccari e Duque são denunciados por lavagem e corrupção

 

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque voltou a ser preso pela Polícia Federal, nesta segunda-feira, em uma nova fase da operação Lava Jato, que investiga um esquema bilionário de corrupção na estatal.

Duque foi preso pela primeira vez em 14 de novembro junto com executivos de grandes empreiteiras do país, após uma série de denúncias de corrupção envolvendo grandes obras da Petrobras. Ele deixou a prisão em dezembro graças a um habeas corpus.

O ex-diretor da estatal foi preso como parte da 10ª fase da Lava Jato, "Que país é esse", deflagrada nesta segunda-feira.

Cerca de 40 policiais federais cumprem 18 mandados judiciais nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, segundo a Polícia Federal (PF).

Ao todo, são dois mandados de prisão preventiva, quatro de prisão temporária e 12 mandados de busca e apreensão.

Os presos são investigados pela prática dos crimes de associação criminosa, uso de documento falso, corrupção passiva e corrupção ativa, além de fraude em processo licitatório e lavagem de dinheiro.

"Os presos serão trazidos para Curitiba/PR e permanecerão custodiados na Superintendência da Polícia Federal à disposição da Justiça Federal de Curitiba/PR", disse a PF em nota.

O nome de Duque foi citado pelo ex-gerente-executivo da diretoria de Serviços da Petrobras Pedro Barusco, um dos principais operadores do esquema de corrupção na estatal, em depoimento na semana passada à CPI da Petrobras.

Barusco, que firmou um acordo de delação premiada com a Justiça, disse que o mecanismo de desvio de recursos envolvia empresas, Duque e o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.

A operação Lava Jato investiga um escândalo de corrupção em que empreiteiras teriam formado cartel para participar das licitações de obras da Petrobras e pagariam propina a funcionários da estatal e operadores que lavariam dinheiro do esquema, repassando os valores de sobrepreço das licitações a políticos e partidos.

A prisão de Duque foi confirmada pela defesa, que não se manifestou imediatamente sobre como procederá nesta segunda-feira. Anteriormente, a defesa do ex-diretor afirmou que as acusações contra o seu cliente não tinham fundamento.

O Ministério Público Federal no Paraná informou, por meio de sua conta no Twitter, que "os cinco presos na atual fase da Lava Jato serão denunciados hoje pelo MPF", e que "Renato Duque foi preso para garantir a ordem pública", uma vez que as investigações mostraram transferências milionárias da Suíça para outros países.

Procuradores da República que atuam na Força-Tarefa da Lava Jato falarão com jornalistas nesta tarde sobre o oferecimento de nova denúncia, após um ano do início da operação. (Por Pedro Fonseca e Marta Nogueira)

Fonte: Reuters e VEJA

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