China sinaliza "novo normal" com gastos maiores e meta de crescimento menor
Por Koh Gui Qing e Kevin Yao
PEQUIM (Reuters) - A China planeja administrar em 2015 seu maior déficit orçamentário desde a crise financeira global, aumentando os gastos enquanto o premiê Li Keqiang sinalizou que a taxa mais baixa de crescimento em um quarto de século é o "novo normal" para a segunda maior economia do mundo.
Falando na abertura da reunião anual do Parlamento nesta quinta-feira, Li anunciou meta de crescimento de cerca de 7 por cento para este ano, abaixo dos 7,5 por cento que não foram cumpridos por pouco em 2014.
"A pressão para baixo na economia da China está se intensificando", disse Li a cerca de 3 mil delegados reunidos no Grande Salão do Povo, a oeste da Praça da Paz Celestial em Pequim.
"Problemas enraizados no desenvolvimento econômico do país estão se tornando mais óbvios. As dificuldades que estamos enfrentando neste ano podem ser maiores do que no ano passado. O novo ano é crucial para aprofundar reformas gerais."
Detalhando as prioridades de política do governo para 2015, Li disse que não haverá alívio no combate contra a corrupção e prometeu lutar contra a poluição, que ele chamou de "influência ruim na qualidade de vida das pessoas e um problema que pesa em seus corações".
Destacando a necessidade de colocar a economia em uma base mais sustentável após três décadas de crescimento impressionante, Li afirmou que as prioridades incluem avançar com reformas dos empreendimentos estatais gigantes que ainda protegem a economia e liberalizar o sistema bancário e os mercados financeiros.
"Para neutralizar os problemas e riscos, evitar cair na 'armadilha da renda média' e alcançar a modernização, a China tem que contar com o desenvolvimento, e o desenvolvimento exige uma taxa de crescimento apropriada", disse Li. "Ao mesmo tempo, o desenvolvimento econômico da China entrou em um 'novo normal'."
IMPULSO FISCAL
No curto prazo, os principais forlumadores de política da China estão lutando para sustentar uma economia pressionada pelo esfriamento do mercado imobiliário, altos níveis de dívida e excesso de capacidade industrial. No longo prazo, eles buscam reestruturá-la para aumentar o consumo para reduzir a enorme dependência de exportações e investimentos esbanjadores.
Ressaltando os desafios enfrentados para alcançar esse equilíbrio, o banco central da China cortou a taxa de juros no fim de semana pela segunda vez em três meses.
Somando um impulso fiscal ao suporte monetário do banco central, Pequim planeja aumentar os gastos do governo para 17,15 trilhões de iuanes (2,74 trilhões de dólares) em 2015, aumento de 10,6 por cento sobre 2014.
Isso significará elevar o déficit orçamentário para 1,62 trilhão de iuanes, ou 2,3 por cento do PIB, contra 2,1 por cento no ano passado e o maior desde 2009, quando Pequim adotou um forte estímulo em resposta à crise financeira.
A economia da China cresceu 7,4 por cento no ano passado, bastante para padrões globais mas ainda assim o ritmo mais lento em 24 anos.
Com as pressões deflacionárias crescendo após queda nos preços das commodities, Li disse que a China também vai reduzir sua meta de inflação em 2015 para cerca de 3 por cento, ante 3,5 por cento em 2014.
(Reportagem adicional de Judy Hua, Kathy Chen, Gerry Shih, Ben Blanchard, Megha Rajagopalan, Jason Subler e Dominique Patton)