No EL PAÍS: Cientista político diz que o Governo Dilma é um 'pato manco' precoce

Publicado em 04/03/2015 15:00
NO EL PAÍS (+VEJA + ESTADÃO)

Pouca energia

Indústria: consumo de energia em queda

O consumo de energia no Brasil em janeiro é um retrato fiel da economia. O consumo do setor industrial caiu 4,1% em comparação com janeiro do ano passado.

Mas os setores comercial e de serviços também revelam o tamanho da freada. Aos números:

O consumo de energia pelo comércio aumentou 4,1% entre janeiro deste ano e janeiro de 2014. Uma vertiginosa desaceleração quando se olham os anos anteriores: comparando janeiro de 2013 com o mesmo mês do ano anterior, o consumo cresceu 11,0%. E entre janeiro de 2014 e janeiro 2013, o aumento foi de 7,6%.

Nos serviços, o aumento em janeiro comparado com janeiro de 2014 foi de 1,5%. Nos dois anos anteriores, havia sido, respectivamente, de 5,7% e 7,7%.

Por Lauro Jardim

 

“Absolutamente tranquilo”

Cunha: na lista de Janot

Eduardo Cunha já repetiu desde ontem umas 200 vezes que está “absolutamente tranquilo”. Certamente. Assim como estão absolutamente tranquilos Fernando Collor, Renan Calheiros, Gleisi Hoffmann. Aliás, Brasília anda um mar de tranquilidade esses dias.

Por Lauro Jardim

 

Tempestade perfeita

MP devolvida e lista de Janot preocupam

Nuvens e trovoadas: o tempo está horroroso no Palácio do Planalto e no Congresso.

Por Lauro Jardim

 

 

Escolas inacabadas

Frente da Escola Roseana Sarney: obra inacabada

Levantamento feito pela Secretaria de Educação do Maranhão identificou que, embora o governo de Roseana Sarney tenha recebido 220 milhões de reais em recursos do BNDES para reformar, ampliar e construir 124 escolas, Roseana deixou 107 obras inacabadas – ou seja, apenas 17 foram concluídas, o equivalente a 13,71% do total previsto.

Uma das escolas em estado precário e com a reforma inacabada, por ironia do destino, chama-se Roseana Sarney Murad.

Na Escola Roseana Sarney, nenhuma condição para aulas

Por Lauro Jardim

 

Indicadores da construção são os piores da década (Editorial de economia do ESTADÃO)

O setor da construção civil poderá ter, em 2015, um dos piores desempenhos em cinco anos, a se confirmarem as tendências apontadas pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre-FGV), pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), pelo sindicato da habitação (Secovi) e pelo Ministério do Trabalho. O que torna o problema mais grave é o fato de o segmento operar em ciclos longos, ou seja, o pessimismo atual tende a influenciar a produção dos próximos anos.

Entre janeiro e fevereiro, o Índice de Confiança da Construção (ICST), da FGV, caiu 6,9%, maior recuo mensal desde julho de 2010. Chegou a 83,8 pontos e é o mais novo recorde negativo da série - abaixo dos 100 pontos que dividem a banda otimista da pessimista. A média histórica é de 121,4 pontos.

A Sondagem Indústria da Construção da CNI relativa a janeiro também mostrou os piores indicadores da série iniciada em janeiro de 2010, com nível de atividade de 36,9 pontos numa escala de 0 a 100, sendo 50 o ponto que separa otimismo e pessimismo. O nível de atividade efetivo em relação ao usual caiu quase ininterruptamente desde o primeiro trimestre de 2012, sendo maior nas grandes empresas. Apenas 60% da capacidade instalada foi utilizada, 10 pontos porcentuais menos do que em janeiro de 2014.

O balanço do Secovi sobre o mercado imobiliário da capital e Região Metropolitana de São Paulo em 2014 também foi negativo, com mais lançamentos do que vendas e, assim, com alta de estoques. É o que justifica as promoções de fim de semana de construtoras e imobiliárias. Os construtores querem reduzir estoques ainda que abrindo mão das margens de lucro habituais. No Município de São Paulo - já muito afetado pelo Plano Diretor - foram lançadas 31,7 mil unidades e comercializadas 21,6 mil, com queda de vendas de R$ 20,5 bilhões para R$ 11,9 bilhões, segundo as pesquisas da Embraesp. Nos municípios vizinhos a São Paulo, onde os preços médios são mais baixos, houve equilíbrio entre oferta e demanda.

Além disso, foram cortados em 12 meses, até janeiro, 167 mil empregos formais na construção, dos quais 9,7 mil no mês retrasado. Em termos relativos, o setor suprimiu 5,18% dos postos - e foi o que mais demitiu nos últimos 12 meses.

Inflação e queda de renda afetam as expectativas de produtores e compradores, mesmo havendo oferta de crédito.

 

Como estará a economia daqui a alguns anos?, 

POR *Ilan Goldfajn é economista-chefe e sócio do Itaú Unibanco 

 

Nos dois primeiros meses do segundo mandato deste governo, enquanto as atenções se voltaram para as dificuldades imediatas e os ajustes necessários, fico pensando cada vez mais no fim desse processo. Como estará a economia daqui a alguns anos? Passado o período inicial de dificuldades, a economia estará um pouco melhor, num processo de recuperação (mesmo que moderado) do crescimento e do emprego? Ou, ao contrário, em 2018 estará em plena crise, no oitavo ano de uma década perdida que parecerá sem fim?

Diante das dificuldades imediatas, essas perguntas parecem distantes. Voltamos a ser dominados pela necessidade de administrar o curto prazo, como no passado mais longínquo. O primeiro problema de curto prazo é o fiscal. Depois de deslizes contínuos nos últimos anos o resultado primário caiu de um superávit de 3%-4% do PIB para um déficit de 0,6% em 2014. A correção de rumo fiscal virou uma necessidade. Sem esse ajuste haverá o rebaixamento da nota soberana do Brasil, o que é um problema e tanto para um país que precisa captar pelo menos US$ 75 bilhões para financiar seu déficit em conta-corrente e outros US$ 102 bilhões para fazer frente aos vencimentos de dívida externa de curto e longo prazos só este ano.

A conclusão é que não dá para postergar o ajuste fiscal. E nunca é fácil ajustar, ainda mais nas condições atuais. Sem apoio político não há ajuste fiscal. Sem um governo forte é difícil obter apoio político amplo. Voltamos ao tempo em que o imediatismo (ou seja, a emergência) domina a agenda do governo.

E há outras emergências em curso. Após anos de congelamento ou atraso nos reajustes de preços administrados, o choque (ou realismo) tarifário é uma necessidade. O risco de racionamento de energia, por exemplo, deve acarretar um aumento médio de 50% nos preços da energia elétrica este ano, para ajudar a reduzir o consumo. O resultado de vários desses aumentos é uma inflação de administrados acima de 11%, o que deve levar a inflação medida pelo IPCA a ultrapassar o teto da meta, ficando acima de 7,5%.

Do lado monetário, depois de alguns anos com inflação mais alta, o Banco Central quer reforçar seu compromisso de atingir o centro da meta de inflação (4,5%). Mas 2015 é o ano de realismo tarifário e de inflação acima do teto da meta. O foco é, então, 2016, o que exige uma postura mais dura da política monetária.

No entanto, a economia está enfraquecida. Faz anos que os índices de confiança - do consumidor, do empresário, do setor industrial e de serviços - estão caindo. O investimento hoje representa apenas 17% do PIB.

Há ainda a emergência relacionada às dificuldades da Petrobrás e às investigações da Lava Jato. A Petrobrás e seus fornecedores representam pelo menos 15% do investimento total do País. Só a Petrobrás já anunciou este ano um corte de 30% nos seus investimentos.

Não é de surpreender que a economia pareça estar entrando em recessão, com perspectivas de queda do PIB no primeiro trimestre - e no ano.

O foco nas emergências de curto prazo tem consequências imediatas. Para evitar a crise os ajustes acabam sendo adotados simultaneamente, e numa economia enfraquecida. É o típico enredo do fim do ciclo de excessos na política econômica (o velho custo da nova matriz de política econômica). As distorções vão se acumulando lentamente, para serem corrigidas rapidamente na emergência. Os ajustes simultâneos e pró-cíclicos são consequência desses excessos anteriores.

Enquanto isso, o debate político concentra-se nos sintomas dos problemas, nos custos dos ajustes, em vez de enfocar as causas fundamentais que levaram à necessidade de múltiplos ajustes emergenciais. Os problemas do paciente rapidamente viram responsabilidade do cirurgião de plantão.

Outro custo importante do imediatismo é a falta de horizonte. Torna-se difícil enxergar o futuro, mesmo o próximo, em meio a ajustes emergenciais. Mas é justamente esse horizonte que me intriga no momento. Qual será a situação da economia daqui a três, quatro anos? De que forma terminará esse período de ajuste?

 

Existem algumas alternativas. Uma possibilidade é que esses ajustes não se sustentem por falta de apoio do governo (ou da sociedade). A interrupção dos ajustes minaria de vez a confiança dos investidores, empresários e consumidores. O rebaixamento da classificação de risco do Brasil levaria a uma parada brusca de financiamento externo e à necessidade de ajuste rápido e forte no balanço de pagamento. A crise externa desencadearia uma parada brusca na economia, com consequências fortes sobre a renda e o desemprego. O governo provavelmente usaria as reservas cambiais existentes para tentar suavizar o processo, mas com eficácia limitada. Daqui a três, quatro anos, a economia ainda estaria lidando com as consequências da crise.

Uma alternativa benigna seria aquela em que os ajustes teriam apoio necessário para ser implementados plenamente, apesar de todas as dificuldades econômicas e políticas, levando à volta da confiança e dos investimentos. Os próximos anos seriam de recuperação da economia. A capacidade de enxergar o horizonte se abriria e a agenda poderia sair do curto prazo. O risco no cenário benigno é o distanciamento da crise provocar a complacência e a reversão dos ajustes.

Num cenário intermediário os ajustes implementados seriam os mínimos necessários para evitar a crise, mas insuficientes para retomar a confiança e o crescimento. A agenda continuaria focada no curto prazo, sempre alerta para evitar o pior, mas sem forças para ir além. Eventos negativos reforçariam a reação do governo, melhoras paralisariam os esforços. O crescimento seria medíocre, mas não haveria queda substancial na renda nem aumento forte do desemprego. Seria uma década perdida, mas sem crise. Para alguns, seria um cenário pessimista; para outros, o melhor que se pode esperar.

*Ilan Goldfajn é economista-chefe e sócio do Itaú Unibanco 

 

No EL PAÍS: Cientista político diz que o Governo Dilma é um 'pato manco' precoce

PEDRO RIBEIRO | PROFESSOR DE CIÊNCIA POLÍTICA

“O PMDB sente o fim do ciclo do PT e por isso migra para a oposição”

Para Pedro Floriano Ribeiro, professor do programa de pós-Graduação em ciência política da Universidade Federal de São Carlos, onde coordena o Centro de Estudos de Partidos Políticos, o PMDB sente cheiro de “fim de ciclo”, por isso, tenta se mostrar independente do PT. Para ele, um dos resultados da operação Lava Jato pode ser um grave desgaste na imagem da classe política do país, algo perigoso para a democracia.

Pergunta. Como o PT chegou a essa atual crise?

Resposta. Como parte do Governo, a bancada do PT na Câmara sempre foi amadora. Era profissional como oposição, mas quando o partido assumiu o Governo se mostrou amadora. Isso acontece porque quando se faz oposição, o partido se prende no regimento e nas normas para bloquear a pauta. Como Governo, precisa se articular, compor a base com partidos muito distantes ideologicamente. Severino Cavalcanti, em 2005, foi o embrião do Eduardo Cunha. Mas a figura do Lula, que era mais habilidoso, resolvia melhor esse problema porque ele tem uma capacidade inata de fazer política que a Dilma não tem. Neste momento, o que estamos vendo é o fruto de uma aposta arriscada do PT, de investir em um candidato para diminuir diminuir a dependência em relação ao PMDB. Mas não existe uma alternativa ao PMDB.

P. O partido que Gilberto Kassab pretende criar não pode ser essa alternativa?

R. As principais figuras, que são as que comandam o partido, não vão sair do PMDB. São políticos com enorme experiência, que controlam o grande jogo, feito com o Governo, e o pequeno, feito com os deputados. O Cunha, por exemplo, é o rei do baixo clero. A melhor saída do PT teria sido compor com o PMDB desde o início, mas apostou alto demais, no modelo tudo ou nada. Ficou sem nenhum cargo na mesa diretora, o que é um desastre para um partido que está governando porque o Executivo vai ter mais dificuldade para aprovar suas propostas.

P. E como resolver isso agora?

R. Abrindo mais o Governo para a participação do PMDB. Ir para o enfrentamento seria péssimo porque parte do PMDB está migrando para a oposição. O Governo, neste momento, é um pato manco, uma expressão (lame duck) usada nos EUA para definir o Governo no último ano. O Governo Dilma é um pato manco precoce, já começa extremamente desgastado no Congresso. Somado a isso, tem a questão da economia, a investigação da Lava Jato...

P. Mas o PMDB tem condições de se comportar como oposição?

R. O PMDB só migra para a oposição de fato se os dirigentes fizerem uma leitura de que o Governo vai cair. Ele se comporta de forma a ficar na posição cômoda de um partido mais independente. O PMDB está olhando para 2018 e tem muitos políticos experientes que sentem o cheiro de um fim de ciclo. Por isso que uma parte começa a migrar para a oposição.

P. Então o partido tem interesse em ter candidato para presidente em 2018?

R. Não. O partido não tem condições e nem interesse. Só teria se tivesse um nome com chances reais de vitória. O melhor é ficar independente e, ganhe quem ganhe, o PMDB continua sendo a noiva. Não é racional lançar alguém ou apoiar declaradamente alguém. Tanto é que na última eleição houve alas que apoiaram o Aécio Neves, outras que apoiaram a Dilma e outras que ficaram neutras. A ideia do PMDB é essa: buscar independência em cada Estado porque não tem um projeto nacional. Em cada Estado ele se comporta de um jeito, faz alianças, e, com isso, consegue maximizar sua força eleitoral e eleger grandes bancadas na Câmara e no Senado. Assim é convidado para integrar o Governo porque sem o PMDB não há governabilidade.

P. Mas Cunha não poderia se desenhar como um nome com chances reais de vitória pela postura que tem assumido na Câmara? Ele afirma que quer moralizar a instituição, defende pautas conservadoras que são também defendidas pelo grosso da população...

P. Como você analisa essa propaganda política que o partido está fazendo, que parece criticar o PT?

R. Acho que ele está muito distante disso porque não tem o perfil. Ele é um político paroquialista. Quando ele defende pautas muito conservadoras só fala com uma parte da sociedade. Quem quer se cacifar para ser presidente não pode defender pautas tão marcadas. É só ver a Marina Silva, que teve que relativizar suas posições na campanha. Nenhum presidente até hoje ganhou com uma visão mais radical, seja à direita, ou à esquerda. O Lula só ganhou quando foi mais para o centro. Esse discurso contra o aborto e união homoafetiva só mostra que ele não parece ter intenção de concorrer.

P. O Lula, se for candidato, não tem chances em 2018?

R. Acredito que muitos dirigentes do PMDB estão sentindo o cheiro do fim de ciclo, como aconteceu em 2002 com o PSDB. Muitos fazem a leitura de que de 2018 o PT não passa. Então há um projeto de surfar nessa onda de desgaste da imagem do PT porque o PMDB não quer ser afetado por ela. É uma estratégia de se mostrar mais independente.

R. O PT tem chances, com Lula ou sem o Lula. A gente não pode desprezar a força do Governo. A máquina do Governo é muito poderosa, com as nomeações, a atração de apoios. Pode ser que essa desarticulação política seja momentânea. A dificuldade, caso Lula não queira ou não possa concorrer em 2018 seria a falta de nomes no PT. Existem poucos nomes hoje que estão se destacando.

P. Como quais?

R. Quem articula dia e noite para ser candidato é o Aloizio Mercadante, mas ele nunca teve grande sucesso nas disputas para o Executivo em São Paulo. Outros dois nomes em ascensão são o do Jacques Wagner, que deu repetidas vitórias para a Dilma na Bahia, apesar do erro estratégico de colocá-lo à frente de um ministério sem muita visibilidade, como o da Defesa. E há o Fernando Pimentel, de Minas Gerais. Fora esses dois nomes, não vejo muitos outros.

P. Como o PT poderá reverter o impacto da Lava Jato em sua imagem?

R. O partido vai ter um trabalho muito grande durante vários anos para recuperar sua imagem. De 2013 para cá, a porcentagem de simpatizantes do PT caiu assustadoramente. Era o único partido com uma taxa elevada de simpatizantes, mas perdeu grande parte do manancial de apoiadores que veio com a vitória do Lula. Vai ter que reverter com muita propaganda e isso vai levar algum tempo. Todo problema do Governo Dilma respinga no partido. Assim como todas as conquistas do Governo Lula também respingavam, positivamente.

P. A divulgação dos nomes dos envolvidos no esquema, que deve trazer pessoas de outros partidos, pode ajudar a melhorar o quadro?

R. Não vai melhorar a imagem do partido. O foco ainda será a Petrobras, que é uma empresa do Governo. Isso vai continuar respingando no PT. O que pode acontecer é que a divulgação pode amenizar a pressão política. Quando se tem vários partidos políticos envolvidos, não há um ímpeto para a investigação e a tendência é que a CPI não dê em nada. Isso é algo bom para o Governo, mas diante da opinião pública o desgaste da classe política, dos partidos e da própria política como atividade será grande, o que corrói o sistema partidário, como ocorreu na Grécia, na Espanha, na Itália anos atrás. Isso abre a possibilidade para o surgimento de um nome mais carismático ou algum partido novo se destacar.

P. Hoje há esse nome ou esse partido?

R. A princípio, não. Mas em toda eleição tem alguém que se coloca como alternativa. Na última foi a Marina Silva, mas que acabou se desgastando. O risco disso é que esse nome apareça como o salvador da pátria, que foi o que a aconteceu com o Collor e vimos no que deu.

P. Você mencionou a Itália. Acha que a Lava Jato guarda relação com a operação Mãos Limpas? Pode surgir um Silvio Berlusconi?

R. Sim, existe alguma semelhança entre a Lava Jato e a operação Mãos Limpas, no sentido em que partidos e políticos de praticamente todas as correntes ideológicas são alvo das investigações e denúncias. Em ambos os casos, as investigações contribuem para desgastar ainda mais a já reduzida credibilidade da classe política e das instituições de governo, alimentando junto à opinião pública um sentimento difuso de rejeição à própria atividade política, vista como algo sujo. É o sentimento de que são todos iguais, o que é nocivo à democracia, já que esta não sobrevive sem representantes nem partidos. No momento, no entanto, não vejo grandes riscos de que isso gere esse fenômeno do salvador da pátria no Brasil, já que a dinâmica política nacional ainda tem sido controlada pelos atores políticos tradicionais , como PMDB, PSDB e PT.

P. Qual poderia ser a saída para essa crise de credibilidade?

R. O Legislativo e o Executivo têm um papel importante, com a adoção de medidas anticorrupção, por exemplo. O importante é evitar as medidas corporativistas, como essas últimas que levaram ao aumento de verba de gabinete dos deputados, de passagens aéreas para cônjuges. Esse tipo de medida, voltada para o próprio umbigo, é muito prejudicial, pois tira a legitimidade que o eleitorado empresta à classe política.

P. Qual o papel que o Lula assume agora nesse cenário político?

R. Ele foi convocado de volta pela incapacidade do Governo em se articular e manter a base unida. Quando ele chama os movimentos e a militância para as ruas, vejo uma espécie de ataque preventivo, pelo temor de que as manifestações contra o Governo comecem a ganhar corpo, o que seria um fator de desestabilização muito grande para o Governo. O único ingrediente que falta para fragilizar o Governo de vez são as manifestações populares.

P. Há espaço para impeachment?

R. Seria totalmente descabido nesse momento. O impeachment é um processo movido pessoalmente contra o presidente da República. Pode-se acusar o Governo de muitos erros, mas não é possível acusar a Dilma de ter cometido qualquer crime. O pedido de impeachment não teria bases legais, políticas, nem populares neste momento.

Fonte: veja + estadão

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