Agência Moody's rebaixa Petrobras e Lula diz que corrupção foi uma "caca"...

Publicado em 25/02/2015 07:14

(Reuters) - A agência de classificação de risco Moody's rebaixou os ratings da Petrobras para grau especulativo por conta das investigações sobre corrupção e pressões de liquidez, colocando ainda mais peso sobre a estatal que vive sua maior crise.

O rating da dívida da Petrobras foi rebaixado em dois degraus para Ba2, ante Baa3. A Moody's manteve a classificação da estatal em revisão para novo rebaixamento.

Lula diz que corrupção na Petrobras é "caca" de pequeno grupo de pessoas

O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira que o esquema de corrupção na Petrobras foi uma "caca" cometida por um pequeno grupo de pessoas dentro de um universo de milhares de trabalhadores da estatal.

Num ato em defesa da Petrobras promovido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Lula também defendeu o governo Dilma Rousseff e criticou a forma como a mídia vem tratando a crise na empresa.

"Que vergonha pode ter (um trabalhador) que numa família de 86 mil pessoas alguém faz uma caca? Se isso acontece na família de vocês, o que vocês fazem? A gente castiga. Não se pode jogar a Petrobras fora por conta de meia dúzia de pessoas, ou cinquenta", disse Lula, referindo-se a executivos da estatal detidos sob acusação de envolvimento na corrupção.

A empresa é alvo da operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga um esquema de corrupção bilionário de sobrepreço em obras da Petrobras e que envolve ex-funcionários da estatal, executivos de empreiteiras e políticos.

O ex-presidente lembrou os investimentos feitos pela empresa durante os governos petistas e a repercussão na economia brasileira. Lula disse que a estatal ainda é motivo de orgulho nacional e referência internacional em termos de tecnologia.

Lula insinuou que o esquema de corrupção na Petrobras começou na época em que os tucanos estavam no poder, quando os investimentos da empresa eram menores.

"Se tinha ladrão que roubava quando o investimento era de 3 bilhões por ano, imagina quando passa para 3 bilhões por mês", afirmou.

Lula aproveitou para mandar um recado à presidente Dilma Rousseff, que desde a campanha para a reeleição, no ano passado, tem sido alvo de críticas relacionadas ao escândalo na petroleira.

"Eu conheço bem a companheira Dilma e sei que ela vai deixar a (investigação da) corrupção para a Polícia Federal ou o Ministério da Justiça. Ela tem que levantar a cabeça e dizer 'vou cuidar do meu país'. Ela não pode nem deve dar trela", disse Lula.

"O que eles fazem hoje (oposição) é o que sempre fizeram a vida inteira. A ideia é criminalizar antes, tornar você bandido antes de ser julgado e condenado. Você é criminalizado pela imprensa", afirmou ele.

Lula condenou o que chamou de pré-julgamento de dirigentes da estatal.

"O que se vê hoje é a tal da teoria do domínio do fato. Que eu não tenho que saber se cometeu o crime. O que eu tenho que saber que como você era o chefe, foi você que cometeu. É o pressuposto que a mãe tem que saber que o filho é drogado ou que o aluno não foi bem na escola."

Lula foi recebido com gritos e cânticos por cerca de 500 pessoas que lotaram o auditório da ABI, no centro do Rio de Janeiro. No lado de fora, um telão transmitiu a fala do ex-presidente. Antes da chegada do petista, contudo, houve briga, tumulto e confusão por conta da presença de pessoas contrárias ao ato, que gritaram palavras de apoio à oposição.

O ato em defesa da petroleira ocorreu no mesmo momento em que a agência de classificação de risco Moody's rebaixava os ratings da Petrobras, retirando da estatal o seu grau de investimento.

 

Na FOLHA: "Dilma precisa erguer a cabeça e dizer 'eu ganhei', afirma Lula

Em ato convocado em defesa da Petrobras no Rio, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (24) que sua sucessora, Dilma Rousseff, "tem de levantar a cabeça e dizer: eu ganhei as eleições".

Para Lula, os escândalos envolvendo a estatal, alvo de uma série de denúncias investigadas pela Operação Lava Jato, não são uma questão da "Dilma, mas da Polícia Federal ou da Justiça". E defendeu que "não se pode jogar a Petrobras fora por causa de meia dúzia de pessoas".

O ex-presidente também classificou a oposição de "desaforada". "Não podemos ter vergonha. Temos de ir para as ruas", conclamou.

A fala do petista ocorre no momento de maior crise do governo Dilma. A confluência do escândalo da Petrobras com a piora das expectativas sobre a economia fez a aprovação à gestão da presidente cair 19 pontos de dezembro ao início de fevereiro, segundo o Datafolha, a pior marca de seu governo.

O ato desta terça reuniu políticos, artistas, escritores e jornalistas na sede da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), no Rio. E ocorreu no mesmo dia em que a Petrobras perdeu o chamado grau de investimento, espécie de selo de local seguro para investir, da agência de classificação de riscos Moody's.

Outros oradores da noite desqualificaram as investigações da Operação Lava Jato e a atuação da Justiça em seus discursos. "Punam-se os culpados, mas deixemos a Petrobras em paz", disse Luiz Pinguelli Rosa, físico e diretor da Coppe-UFRJ.

O diretor da OAB-RJ, Wadih Damus, disse que a delação premiada usa a estratégia "do medo e da intimidação" para obter depoimentos, comparando o instrumento à tortura.

Antes do início do ato foram registradas brigas e tumultos entre manifestantes da CUT e do PT e um grupo de pessoas com bandeiras do Brasil e que pediam a saída da presidente Dilma do poder.

Pessoas que apenas transitavam pelo local, uma movimentada rua do centro do Rio, também trocaram acusações com os manifestantes da CUT e do PT.

Numa das brigas, houve troca de socos. A Tropa de Choque da PM foi chamada e interveio para separar os cerca de 300 manifestantes petistas de um pequeno grupo de 15 manifestantes antigoverno. Os tumultos foram contidos e não houve registro de feridos graves nem de detenções.

Também participaram do ato o cineasta Luiz Carlos Barreto e sua mulher e produtora Lucy, e o ex-ministro da Ciência e Tecnologia Roberto Amaral (PSB).

 

REINALDO AZEVEDO: Discípulos morais de Marilena Chaui ensinam como devem ser tratados os coxinhas golpistas

Abaixo, escrevo um post sobre a pancadaria promovida pelos milicianos petistas no Rio. Agora, exibo uma sequência de fotografias dos alunos de Marilena Chaui em ação. Depois de ler todos os seus livros, eles resolveram botar alguns em prática. Convenham: a autora original da tese de que protestar contra a roubalheira é coisa de golpistas é Marilena. Ora, se os que se manifestam contra o governo são golpistas, os que batem neles são democratas e iluministas, certo? As imagens são de Antônio Lacerda, da Efe.

Acima, pós-graduandos de Chaui, que também odeia a classe média, ensinam como se deve entender a “Cultura e Democracia”

Os alunos morais de Marilena continuam a dar a sua aula, agora mostrando pro brasileiro o que são “As Nervuras do Real”

Esse rapaz, bastante atlético, dá as “Boas-vindas à Filosofia”

O rapaz que aprendeu com os argumentos dos pupilos de Chaui sente na carne “O que é Ideologia”

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E, acima, o rapaz que está sendo socado, sem nem saber quem bate nele, tem “A

 

Petrobras: Com dólar a R$2,80, Bendine enxuga gelo

Com menos de uma semana na cadeira, o novo presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, disse ao Valor Econômico que a próxima diretoria da estatal será toda ‘técnica’ e sinalizou outras medidas que fariam sentido, como a abertura de capital de alguns negócios da Petrobras.

Não dá pra saber se Bendine já tomara pé da real situação da empresa quando deu a entrevista — ainda mais porque ele foi escolhido às pressas, naquela curta janela de tempo entre a renúncia e a saída da diretoria liderada por Graça Foster.

Mas apesar de acenar com medidas ‘pró-mercado’, Bendine também deixou transparecer que, mesmo nesse estágio de crise aguda em que se encontra a Petrobras, a empresa ainda acha que pode manter vacas sagradas.

Por exemplo, Bendine disse que um aumento de capital na Petrobras estava “descartado”. Disse que vender blocos do pré-sal e mesmo do pós-sal era algo fora de cogitação porque o aumento da exploração é o coração da empresa. Ao falar sobre isto, perguntou ao repórter: “Vou entregar o ouro?”

O problema, para os acionistas da estatal, é que nada na Petrobras deveria estar fora de cogitação.

Em momentos como o atual, em que a própria viabilidade financeira da empresa está em jogo, o CEO deveria dizer que todas as alternativas estão sobre a mesa. Não se sabe exatamente qual orgulho a Petrobras quer manter depois que seu principal acionista deixou (ou incentivou) que ela fosse, por um lado, assaltada por diretores nomeados por partidos políticos.

O tom de “está tudo sob controle” de Bendine é perfeito para ouvidos políticos, mas cacofonia para os investidores.

Como Batman e Robin tentando salvar uma Gotham City sabotada de dentro para fora — e não de fora para dentro, como querem alguns ‘intelectuais’ — Bendine e o CFO Ivan Monteiro correm contra o relógio e a taxa de câmbio.

A questão aqui é se Gotham tem salvação, ou se Bendine está só enxugando gelo. (Se elamerece ser salva — e para quem — é outra questão.)

A estrutura de capital da Petrobras não resistirá por muito tempo ao dólar, agora no nível mais caro da última década.

A empresa tem um descasamento de moedas perfeito: 65% de seu faturamento são em reais, mas 55% de seu custo são em dólar. Do lado do passivo, 75% dos compromissos são em dólar ou euros. Quando o dólar foi de 2,45 (no fim de setembro, data do último balanço) para o patamar atual de 2,80, a Petrobras ganhou mais 24 bilhões de reais de dívida líquida, trazendo o montante para 293 bilhões de reais. Com isso, o endividamento da empresa (assumindo-se uma geração de caixa constante e desconsiderando-se eventuais hedges) deve ter ido de 4,6 vezes seu EBITDA para 5,1 vezes.

Com um passivo que tem uma dinâmica própria — e um balanço deixado à porta do orfanato, sonhando com alguém que o adote — era apenas uma questão de tempo a Petrobras perder seu ‘grau de investimento’, como aconteceu ontem à noite.

O dólar nos níveis atuais e a tendência de mais desvalorização do real no médio prazo significam que não há soluções fáceis para a empresa.

Seja atacando o problema pelo lado da dívida, seja pela geração de caixa, todas as soluções possíveis criariam outros problemas.

1) A dívida da Petrobras no mercado internacional conta com uma garantia implícita do Tesouro, isto é, o mercado assume que o Governo brasileiro não deixaria a empresa quebrar, e por isso empresta dinheiro à Petrobras a taxas menores que a própria República — pelo menos, até ontem. Para garantir que a Petrobras continue tendo acesso a crédito pagando juros de empresa séria, o Tesouro poderia garantir explicitamente a dívida da empresa. Mas isto aumentaria automaticamente a dívida do setor público e colocaria o próprio ‘rating’ do Brasil mais perto de um downgrade.

2) Para gerar mais caixa, a Petrobras poderia aumentar o preço da gasolina, apesar do preço atual já ser mais caro que o do mercado internacional. Mas haveria espaço político para pedir ao consumidor que ajudasse uma empresa que o Governo deixou saquear? E o que aconteceria com a inflação?

3) O Governo poderia converter a dívida que a Petrobras tem com o BNDES, o Banco do Brasil e a Caixa em ações, o que desalavancaria a Petrobras e aumentaria a participação do Estado na empresa. No final de setembro, estes três bancos tinham empréstimos de 64,5 bilhões de reais com a estatal. Esta conversão de dívida em equity abriria espaço para a Petrobras tomar novas dívidas junto ao mercado, mas diluiria até a alma os já depauperados acionistas minoritários da empresa. (Além disso, o preço da ação nesta capitalização, assim como o dos barris no aumento de capital de 2010, seria decidido por Brasilia, donde se conclui que.. Oremos.)

Nas próximas semanas, Bendine e Monteiro vão disputar uma corrida de 100 metros com a taxa de câmbio. Se o dólar ganhar a parada, o Tesouro terá que patrocinar um aumento de capital igualzinho aos que o Banco do Brasil teve que fazer, inúmeras vezes, ao longo de sua história — a sina das estatais onde sobra aparelhamento e falta governança. Os crédulos já podem preparar seu FGTS.

Por Geraldo Samor

Fonte: Reuters + Folha + VEJA

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