Dólar sobe e vai a R$ 2,88 após acordo sobre dívida grega
O dólar opera em alta nesta segunda-feira (23), no patamar mais alto do ano, após ter renovado a máxima em mais de 10 anos na última sessão.
O mercado repercute o acordo entre a Grécia e a União Europeia, que estendeu por mais quatro meses a ajuda financeira para o país conseguir pagar sua dívida, no fim da tarde de sexta-feira (20).
Às 9h15, a moeda norte-americana operava cotada a R$ 2,8853, com avanço de 0,23%, atingindo nova máxima em mais de uma década.
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Dólar tem leves variações, após superar R$2,90 pela 1ª vez em dez anos
SÃO PAULO (Reuters) - Após superar 2,90 reais pela primeira vez em mais de dez anos mais cedo, o dólar alternava entre leves altas e baixas nesta segunda-feira, puxado para cima por preocupações com a Grécia e com a economia brasileira e para baixo pela ação de exportadores e operações de realização de lucros.
Às 12h06, a moeda norte-americana recuava 0,03 por cento, a 2,8751 reais na venda, avançando pela quinta sessão consecutiva. Na máxima da sessão, a divisa chegou a 2,9046 reais e, na mínima, a 2,8715 reais. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro estava em torno de 90 milhão de dólares.
"Sempre que o dólar dá uma espichada como essa, é normal que haja alguns respiros no meio do caminho", disse o operador de câmbio da corretora Intercam Glauber Romano.
Os mercados financeiros globais têm sido pressionados por preocupações com a possibilidade de os desentendimentos entre a Grécia e seus parceiros europeus levarem à saída de Atenas da zona do euro, em mais um golpe à frágil recuperação econômica global.
Na sexta-feira, ministros das Finanças do bloco monetário chegaram a um acordo para estender o programa de resgate à Grécia por quatro meses, mas o país ainda precisa apresentar uma lista de reformas nesta segunda-feira, que deve ser aprovada por seus credores para ratificar o compromisso.
"A Grécia precisa correr para assegurar o acordo. Até lá, o clima vai continuar pesado", disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno. Nesse quadro, o dólar apreciava-se contra moedas como o euro e os pesos chileno e mexicano.
Investidores também vêm mostrando preocupação com a deterioração dos fundamentos macroeconômicos do Brasil e, por isso, diminuído o ritmo de compras de ativos denominados em real. Economistas consultados pelo Banco Central em sua pesquisa Focus diminuíram novamente suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, projetando contração de 0,50 por cento, ante 0,42 por cento na semana anterior.
Por fim, as atenções voltavam-se ainda para a política monetária norte-americana. Na semana passada, a ata da última reunião do Federal Reserve chegou a trazer alívio ao câmbio, sugerindo que o banco central dos EUA poderia não dar início ao aperto monetário em junho, mas parte do mercado interpretou que o documento estava defasado por não refletir os mais recentes indicadores econômicos.
Na terça-feira, a chair do Fed, Janet Yellen, falará a um comitê do Senado, em um pronunciamento que pode trazer mais clareza sobre as perspectivas para o aumento de juros na maior economia do mundo, que poderia atrair para fora do Brasil recursos externos.
Nesta manhã, o BC brasileiro vendeu a oferta total de até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, pelas atuações diárias. Foram vendidos 100 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.900 para 1º de fevereiro de 2016, com volume correspondente a 97,8 milhões de dólares.
O BC também vendeu a oferta integral de até 13 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de março, equivalentes a 10,438 bilhões de dólares. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 79 por cento do lote total.
(Por Bruno Federowski)