Bovespa fecha estável, com queda da Petrobras e Vale ofuscando alta de educação

Publicado em 19/02/2015 16:50

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - A bolsa paulista fechou praticamente estável nesta quinta-feira, mantendo a sequência positiva que já alcança quatro pregões, mas novamente com giro financeiro abaixo da média, evidenciando a cautela dos investidores em relação ao recente rali.

As ações de educação lideraram a alta do Ibovespa, em meio a cobertura de posições vendidas e busca por barganhas. Mas o movimento de realização de lucro com as ações da Petrobras e Vale pressionou o principal índice da Bovespa, que fechou com variação positiva de 0,03 por cento, a 51.294 pontos.

O volume financeiro da sessão foi de apenas 4,7 bilhões de reais, abaixo da média do mês, de 7,8 bilhões de reais.

Na visão do trader Thiago Montenegro, da Quantitas Asset Management, o segmento de commodities vem apresentando bastante volatilidade, característica de um mercado em busca de um piso e de reversão, o que explica a volatilidade na bolsa local, em especial dos papéis da Vale e Petrobras.

No caso da estatal, as preferenciais caíram 3,66 por cento, acompanhando o declínio do petróleo, mas ainda acumulam em fevereiro alta de quase 20 por cento.

As preferenciais da Vale fecharam em queda de 2,51 por cento, em sessão que incluiu dados de produção da mineradora, considerados de modo geral neutros por analistas.

Montenegro, da Quantitas, ressaltou que o fluxo de estrangeiro tem sido consistente desde o início do ano, o que ajuda a explicar o desempenho da Bovespa no acumulado do ano, embora avalie que o movimento de alta da bolsa paulista não irá se manter.

O Ibovespa acumula alta de 2,57 por cento no ano, sendo que em fevereiro o ganho chega a 9,35 por cento até esta quinta-feira.

Dados de fluxo de capital externo para a Bovespa mostram um saldo positivo de 3,2 bilhões de reais no ano até o dia 13 de fevereiro.

As ações das empresas de educação Kroton e Estácio Participações avançaram 9,22 e 5,73 por cento, respectivamente, com operadores citando cobertura de posições por agentes que tinham alugado os papéis para vendê-los (short squeeze).

Mais cedo, relatório da Votorantim Corretora chamou a atenção para a possibilidade de "short squeeze" em Estácio dado o elevado nível de demanda no aluguel dos papéis, que impulsionou a taxa média de aluguel para acima de 20 por cento.

Profissionais do mercado de renda variável também citaram algumas compras em busca de barganhas, citando que Kroton, por exemplo, acumulava até a véspera perda ao redor de 30 por cento em 2015, enquanto Estácio recuava quase 22 por cento.

As ações de Kroton e Estácio vêm sofrendo desde o início do ano após mudanças nas regras do programa de financiamento estudantil Fies no final de 2014, em meio a incertezas sobre o impacto nas empresas após forte valorização das ações nos últimos anos.

A ação da fabricante de ônibus Marcopolo disparou 7,69 por cento, com operadores citando que está difícil alugar papéis da empresa, já que quase 10 por cento das ações negociadas no mercado são alugadas.

Operadores também atrelaram a alta a especulações em torno de um comunicado da empresa informando reunião do Conselho de Administração no dia 23 de fevereiro para deliberar sobre dividendos do exercício 2014, juros do exercício 2015 e recompra de ações.

Outro suporte relevante para a nova alta do Ibovespa veio de BB Seguridade, que subiu 4,38 por cento, após o JPMorgan elevar a recomendação da ação para "overweight", avaliando que é um dos melhores nomes para "navegar o ambiente macro no Brasil devido à baixa dependência de atividade econômica".

Fonte: Reuters

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