Dólar sobe 0,83% ante real por preocupações com Brasil e Grécia
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subiu quase 1 por cento ante o real nesta quinta-feira, com investidores ainda mostrando preocupação com a economia brasileira e a crise em torno da dívida da Grécia, que novamente entrou em impasse com seus credores europeus após a Alemanha rejeitar seu pedido de extensão do resgate.
A moeda norte-americana subiu 0,83 por cento, a 2,8657 reais na venda, após avançar 0,38 por cento na véspera. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 900 milhões de dólares.
"Na dúvida, o mercado tem comprado dólares. Como tanto aqui quanto lá fora têm sido fontes de incertezas, qualquer queda acaba se mostrando temporária", disse o operador de câmbio da corretora Intercam, Glauber Romano.
A perspectiva de contração econômica neste ano, combinada com inflação alta, tem sido um dos principais fatores por trás da escalada recente da divisa norte-americana. Alguns investidores temem um rebaixamento da classificação de risco brasileira, diminuindo a atratividade de ativos domésticos.
Além disso, o impasse em torno da dívida da Grécia, que também vem contribuindo para a alta do dólar, continuou gerando ruídos.
O governo grego solicitou nesta quinta-feira uma extensão de seis meses de seu programa de resgate, prometendo honrar suas dívidas e não tomar medidas unilaterais que afetem as metas fiscais. Mas o porta-voz do ministério das Finanças da Alemanha afirmou que a proposta não representa uma solução substancial.
"Mais do que tudo, o mercado quer clareza. Chegamos a um ponto em que o mercado ficou cético quanto à Grécia", disse o operador de uma corretora nacional.
Pela manhã, a alta do dólar chegou a ser limitada por expectativas menores de alta dos juros nos EUA. Na véspera, a ata da última reunião do Federal Reserve mostrou que integrantes do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) temem elevar os juros cedo demais, o que diminuiu as apostas em que o aperto monetário nos EUA pode ter início já em junho.
Mas parte desse alívio foi revertido nesta sessão por dados melhores que o esperado sobre os pedidos de auxílio-desemprego no mercado de trabalho norte-americano.
"O fato é que a economia norte-americana está em trajetória de recuperação. A comunicação do Fed gera um ajuste fino nas apostas, mas não há dúvidas de que não vai demorar muito para o aperto (monetário nos EUA) começar", disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.
Nesta manhã, o Banco Central brasileiro deu continuidade às intervenções diárias vendendo a oferta total de até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares. Foram vendidos 800 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.200 para 1º de fevereiro de 2016, com volume correspondente a 97,9 milhões de dólares.
O BC também vendeu a oferta integral de até 13 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de março, equivalentes a 10,438 bilhões de dólares. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 66 por cento do lote total.