Energia barata faz inflação ao produtor nos EUA ter maior queda em mais de 5 anos

Publicado em 18/02/2015 17:12
Reuters

WASHINGTON (Reuters) - Os preços ao produtor nos Estados Unidos registraram a maior queda em mais de cinco anos em janeiro devido à queda dos preços de energia, indicando uma inflação muito benigna no curto prazo que poderia servir de argumento contra a elevação da taxa de juros.

Outros relatórios publicados nesta quarta-feira sugeriram que a economia estava crescendo moderadamente no começo do primeiro trimestre. O início de construções de moradias caiu no mês passado, enquanto a produção industrial avançou.

"Os relatórios pintam um cenário decepcionante sobre a recuperação dos EUA, com o relatório de início de construções em particular reforçando a narrativa de que a recuperação no setor imobiliário pode estar com leves problemas", disse o vice-economista-chefe da TD Securities, Millan Mulraine.

O Departamento do Trabalho informou que seu índice de preços ao produtor para demanda final caiu 0,8 por cento, o maior recuo desde o início da série reformulada em novembro de 2009, após uma queda de 0,2 por cento em dezembro. Este foi o terceiro mês de queda para o índice.

Nos doze meses até janeiro, os preços aos produtores ficaram inalterados, a leitura mais fraca na base anual desde que os registros começaram em novembro de 2010, após subirem 1,1 por cento em dezembro.

Economistas consultados pela Reuters haviam projetado que o índice de preços ao produtor cairia 0,4 por cento no mês passado e subiria 0,3 por cento em comparação ao ano anterior.

Preços mais baixos de energia, contra um quadro de demanda global mais fraca e maior produção de xisto nos EUA, e um dólar em tendência de fortalecimento estão contendo as pressões inflacionárias domésticas.

"O fraco relatório do índice de preços ao produtor apresenta mais evidências de pressões desinflacionárias crescentes nos EUA, não apenas nos preços finais como também no núcleo de preços", disse Mulraine.

Embora o Federal Reserve, banco central dos EUA, que tem meta de inflação de 2 por cento, veja o ambiente de preços contido como transitório, sinais de que uma fraqueza movida por energia está afetando o núcleo de inflação pode causar desconforto entre algumas autoridades.

Uma importante medida das pressões fundamentais dos preços ao produtor, que exclui alimentos, energia e serviços comerciais, recuou um recorde de 0,3 por cento no mês passado após avançar 0,1 por cento em dezembro.

A maioria dos economistas espera que o Fed comece a elevar a taxa de juros em junho, citando condições de mercado rapidamente se apertando. O Fed tem mantido sua taxa de juros de curto prazo perto de zero desde dezembro de 2008.

A economia norte-americana ainda enfrenta obstáculos criados por um dólar mais forte e por mercados estrangeiros mais fracos, que pesam sobre exportadores. A produção industrial dos EUA subiu modestos 0,2 por cento em janeiro e ficou estável em dezembro, informou o Fed num relatório separado.

O Departamento do Comércio informou ainda que o início de construções de novas moradias caiu 2,0 por cento para um ritmo anual de 1,07 milhão de unidades em janeiro, em números ajustados sazonalmente.

 

Integrantes do Fed temem elevar juros cedo demais, mostra ata

WASHINGTON (Reuters) - Integrantes do Federal Reserve reunidos na última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) expressaram preocupação com a possibilidade de que elevar os juros cedo demais jogue água fria sobre a recuperação econômica dos Estados Unidos e hesitaram sobre o impacto de descartar o termo "paciente" de seu comunicado.

A ata da reunião realizada em janeiro mostra os integrantes do Fed lutando para conciliar o sólido crescimento econômico dos EUA com a fraqueza nos mercados internacionais, bem como se preocupando com a queda das expectativas de inflação nos Estados Unidos.

As autoridades debateram o impacto das leituras persistentemente baixas de inflação sobre a confiança do banco central em dar início ao aperto monetário.

Eles também ressaltaram como a desaceleração da China e as tensões no Oriente Médio e na Ucrânia representavam riscos à perspectiva de crescimento econômico dos Estados Unidos, de acordo com a ata da última reunião do Fomc, em janeiro.

Desde o início de fevereiro, os rendimentos dos títulos norte-americanos saltaram, movimento que mostrou que investidores estavam ficando mais confortáveis com a expectativa de o Fed elevar os juros em junho, na esteira de indicadores fortes sobre crescimento e emprego.

Os rendimentos dos títulos caíram após a divulgação do documento.

O Fed repetiu em janeiro que seria "paciente" ao decidir quando elevar os juros, atualmente quase zerados, e reconheceu o declínio de certas medidas inflacionárias.

A chair do Fed, Janet Yellen, disse em dezembro que ser "paciente" significa que o Fed não elevará os juros pelo menos nas próximas duas reuniões.

A ata mostra que muitos integrantes do comitê temiam que abandonar a expressão "paciente" - quando chegar a hora - ameaça alterar as expectativas do mercado sobre uma alta de juros a uma "faixa de datas indevidamente estreita".

INFLAÇÃO

A ata divulgada nesta quarta-feira mostra que embora autoridades do Fed concordem sobre o fortalecimento do crescimento econômico dos EUA, o banco central continua a debater quando poderá elevar os juros em meio à queda das expectativas inflacionárias e as turbulências globais.

"Muitos participantes viam a fraqueza contínua das medidas de núcleo da inflação com preocupação", informou a ata, detalhando o debate interno do Fed sobre os sinais conflitantes enviados por medidas diferentes de expectativas de inflação.

Apesar de os integrantes do Fomc esperarem que o recente surto de inflação baixa se mostre transitório, também disseram que diferentes medidas de expectativas inflacionárias "precisavam ser monitoradas atentamente" em busca de sinais de que o público ou investidores estão perdendo fé na capacidade do Fed de atingir a meta de inflação de 2 por cento.

"Ainda há muita ociosidade na economia.... Você tem bancos centrais em todo o mundo reduzindo as taxas de juros. Não acho que o Fed quer ir de encontro a isso", disse o analista-chefe de mercados do Phoenix Financial Services, Wayne Kaufman. "Ele vê que a economia global não está forte o suficiente para que os juros subam".

Integrantes do comitê sustentaram que uma decisão sobre quando elevar os juros continuará dependendo dos indicadores econômicos, mas o momento exato de agir continuava sendo motivo de preocupação.

"Muitos participantes observaram que um aumento prematuro nos juros poderia golpear a recuperação aparentemente sólida da atividade real e das condições do mercado de trabalho, minando o progresso em direção aos objetivos do comitê", segundo a ata.

A ata também mostrou que autoridades do Fed estão debatendo mudanças na utilização de suas ferramentas de política monetária quando começarem a elevar os juros, possivelmente elevando o teto das chamadas compromissadas reversas overnight.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Governo confirma contenção de gasto e vê déficit fiscal de R$28,8 bi em 2024, limite da banda de tolerância
Wall St encerra em alta com retorno de investidores às megacaps
Dólar cai ante real em dia favorável para as moedas emergentes
Arrecadação de junho teve alta real de 11%, mas ganhos ainda estão abaixo do necessário, diz secretário da Receita
Ibovespa tem alta modesta com Embraer e Petrobras minando efeito positivo de Wall Street
Taxas futuras de juros caem em dia positivo para emergentes e de confirmação de cortes de gastos no Brasil