Demanda da China não é tão fraca quanto queda das importações sugere

Publicado em 09/02/2015 06:43

Por Henning Gloystein

CINGAPURA (Reuters) - Uma inesperada queda nas importações da China mostra que a maior economia da Ásia ainda está perdendo força apesar de uma série de medidas de estímulo, embora as movimentações globais de preços e o impacto de feriados possam ter exagerado a extensão do recuo.

As importações em janeiro caíram 20 por cento ante o ano anterior, maior recuo desde maio de 2009, quando as fábricas reduziram os estoques em reação à crise financeira global. As exportações recuaram 3,3 por cento.

A forte queda nos volumes de importação, liderada por commodities, sugere que a China está desacelerando a um ritmo ainda mais rápido do que muitos imaginaram, mesmo após um corte da taxa de juros em novembro e medidas para elevar a liquidez e encorajar bancos a emprestar.

Dados preliminares mostraram que as encomendas de carvão caíram quase 40 por cento, para 16,78 milhões de toneladas, ante 27,22 milhões de toneladas em dezembro.

A China também parece estar reduzindo sua importação estratégia de petróleo, que recuou 7,9 por cento ante dezembro, para 27,98 milhões de toneladas. As importações de petróleo ficaram quase estáveis ante o total de janeiro de 2014.

"Dados mensais são problemáticos para avaliar uma tendência estrutural mais ampla porque os estoques tendem a distorcer os dados", disse o diretor de consultoria da China Matters Michal Meidan.

Fatores como a mudança da época do feriado do Ano Novo chinês, queda dos preços globais de commodities e moedas mais fracas em importantes exportadores também dificultam o acompanhamento de tendências estruturais de um mês para o outro.

No geral, os dados de janeiro ainda mostraram enfraquecimento da demanda doméstica e do setor industrial, disseram economistas do HSBC, e os mercados esperam que autoridades de Pequim recorram a mais medidas de afrouxamento em resposta.

Mas os mercados não parecem alarmados com a forte queda nas importações chinesas.

Ainda assim, o economista-chefe do Deutsche Bank Zhiwei Zhang afirmou que uma queda anual de 9,5 por cento nas importações de automóveis é evidência de demanda fraca do consumidor e acarreta em riscos para o crescimento econômico.

"Continuamos a esperar dois cortes de juros em março e no segundo trimestre, e um corte da taxa de compulsório no segundo trimestre", disse ele.

(Reportagem adicional de Jacob Gronholt-Pedersen)

Fonte: Reuters

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