Só 23% aprovam governo Dilma, 44% o rejeitam; para 54%, presidente é desonesta, além de falsa. Mas ela foi apagar velinha do PT,

Publicado em 08/02/2015 06:49
por Reinaldo Azevedo, + Bernardo Mello Franco e Henrique Meirelles, na Folha

Datafolha – Só 23% aprovam governo Dilma, 44% o rejeitam; para 54%, presidente é desonesta, além de falsa. Mas ela foi apagar velinha do PT, junto com Lula, na festa em que Vaccari brilhou. Só não é o Baile da Ilha Fiscal porque não há mar em BH e porque D. Pedro 2º era um homem honrado

Olhem esta foto, de Ricardo Bastos, do “Hoje em Dia”.

Dilma, Lula e Rui Falcão sopram as velinhas dos 35 anos do PT; à esquerda, José Nobre, o líder do governo na Câmara. É aquele cujo assessor usava a cueca como casa de câmbio…

Agora vejam o gráfico com a popularidade da presidente Dilma, segundo dados de pesquisa Datafolha, publicados na Folha Online  e que devem ser detalhados na edição do jornal deste domingo.

É claro que poderia ser ainda pior para a presidente… Sempre pode. Ela, no entanto, atingiu o seu pior. Dilma tem hoje apenas 23% de ótimo e bom, contrastando com 44% de ruim e péssimo. É uma devastação. Nem nos momentos extremos da crise de 2013 ela chegou tão baixo. O saldo negativo é de espantosos 21 pontos. A raiz do problema? A roubalheira.

O prefeito Fernando Haddad (PT) — haverá um post só pra ele — e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) — idem — também veem cair suas respectivas popularidades: o tucano está com 38% de ótimo e bom e com 24% de ruim e péssimo, e o petista com 44% de ruim e péssimo e 20% de ótimo e bom. Daí que me pareça desafiar os fatos e o bom senso a afirmação que faz Marcelo Leite na Folha, a saber: “a queda abrupta de popularidade arrasta a presidente Dilma Rousseff (PT), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito da capital, Fernando Haddad (PT), juntos, para a vala comum da rejeição.” Leite ache o que quiser, mas é bobagem. Os números provam.

“Vala comum” é vala comum, não é? Os cadáveres não se distinguem. Dilma certamente trocaria seus 23% de ótimo e bom e 44% de ruim e péssimo pelos apenas 24% de ruim e péssimo e 38% de ótimo e bom de Alckmin, não é, Leite? Mas garanto que o tucano não aceitaria o convite. Da mesma sorte, o prefeito permutaria os seus apenas 20% de ótimo e bom e 44% de ruim e péssimo com os índices do governador. Mas, de novo!, acho que o tucano não toparia. As palavras fazem sentido. Se Leite diz que os três estão na “vala comum”, tanto faz ser rejeitado por 44% ou por 24%; não há diferença entre ser aprovado por 20%, 23% ou 38%. Quando uma opinião contraria a matemática, é o caso de fazer um “erramos”. Mas sigamos adiante. Publico também os gráficos referentes a Alckmin e Haddad, mas escreverei posts específicos sobre cada um.

Corrupção
Dilma foi eleita faz três meses. Não vi a edição impressa do jornal e não sei se o Datafolha, desta feita, fez aquela “pesquisa-recall” que já fez com Alckmin. Três semanas depois da eleição, o instituto quis saber se ele ainda seria reeleito. Seria. No primeiro turno. Não se fez o mesmo em relação a Dilma. Acho que, hoje, ela não seria reeleita.

A resposta a algumas perguntas dá as pistas. Apesar do descalabro, a corrupção ainda não aparece em primeiro lugar entre os problemas, segundo os entrevistados: a saúde está na ponta, com 26% das citações. A roubalheira vem em segundo lugar: 21%. Mas esperem. Há pouco mais de três meses, os hospitais públicos já não eram tão miseráveis como hoje, e o atendimento, uma lástima? Sim! Mas o que já é muito ruim fica parecendo muito pior quando as pessoas sabem que estão sendo assaltadas de maneira de inédita, como “nunca antes na história deste pais”, para lembrar o chavão de Dom Lulone, o Poderoso Chefão do PT.

Pois é. Afirmam ter tomado conhecimento das informações do petrolão 86% dos entrevistados, e 30% se dizem bem informados. Avaliam que a presidente sabia da roubalheira 77%; 52% consideram que ela sabia e deixou rolar; só 25% acreditam que, sabendo, ela nada poderia ter feito. Magros 14% a tomam como a pomba lesa, que a tudo ignorava. Inexpressivos 8% opinam que a corrupção é irrelevante para a estatal, contra 82% que concluem o óbvio: a empresa está sendo prejudicada — para 45%, um malefício que vai durar muito tempo, pondo em risco o futuro da gigante decadente.

Estelionatos
Não é só a corrupção a manchar a reputação da presidente. A sua impressionante coleção de estelionatos eleitorais também está pegamdo. Seis em cada dez entrevistados afirmam que Dilma mentiu na campanha eleitoral: 46% opinam que ela disse mais mentiras do que verdades, e 14%, só mentiras. Quanto a governanta foi reeleita, só 6% acreditavam que a sua própria situação econômica iria piorar; agora, são 23%.

Desonesta
Até havia pouco, a imagem pessoal de Dilma era um tanto descolada dos desastres de seu governo. Eu mesmo cansei de ouvir, em todas as camadas sociais: “É, ela não é boa, mas é honesta”. A pesquisa detecta um outro sentimento: Dilma é desonesta, além de falsa, para 54%; 50% a tomam por indecisa. Entre os petistas, 15% apontam desonestidade, e 19%, falsidade.

De volta ao bolo
E olhem que as dissabores da operação Lava Jato, até agora, só atingiram os empreiteiros, apontados pela imprensa, pela Justiça e pelo Ministério Público como os grandes vilões. Ainda falta a cota que cabe aos políticos. Há quem diga que, nesse caso, a carga sobre os ombros de Dilma vai diminuir. Pois é… Acho que vai aumentar.

Ainda não li a edição impressa do jornal e não sei se há lá mais dados para satisfazer a minha curiosidade. Seria interessante saber se a população, hoje, aprovaria o impeachment da presidente — sempre lembrando que, se a deposição atingir também o vice antes de dois anos, a Constituição exige que se realizem novas eleições em 60 dias. Também gostaria de saber se Dilma seria reeleita caso a disputa fosse hoje.

Dilma apagando velinha nos 35 anos do PT, ao lado de Lula, com João Vaccari Neto na plateia? Não é o Baile da Ilha Fiscal porque não há mar em Belo Horizonte e porque, afinal, Dom Pedro 2º era um homem honrado.

Por Reinaldo Azevedo

 

BERNARDO MELLO FRANCO

O mensalão virou fichinha

BRASÍLIA - Não é só no volume de dinheiro desviado que o assalto à Petrobras já se tornou maior que o mensalão. Seu impacto sobre a avaliação do governo também ultrapassa de longe o do escândalo de 2005, mostra a nova pesquisa Datafolha.

Quando Lula vivia o pior momento, com seu principal ministro acusado de comprar apoio de políticos no Congresso, 29% dos brasileiros consideravam o governo ruim ou péssimo. Agora são 44% os que reprovam a administração de Dilma Rousseff.

A corrupção encostou na saúde como o problema que mais preocupa as pessoas. E o petrolão começou a contaminar a imagem da presidente, que passou a ser vista como "desonesta" por 47% dos entrevistados.

A indignação com os desvios se soma à apreensão com a economia. O medo do desemprego disparou, e quatro em cada cinco pessoas acreditam que a inflação vai subir mais.

Na sexta-feira, o IBGE informou que a alta de preços em janeiro bateu um recorde de 12 anos. O que está ruim deve piorar em breve, com o reajuste nas contas de luz.

Na campanha, o PT dizia que a comida sumiria da mesa das famílias se a oposição chegasse ao poder. As famílias reelegeram Dilma e agora reagem ao se ver sob a mesma ameaça.

Nem o tucano mais fanático poderia imaginar um quadro como o de hoje: a presidente se reelegeu e, depois de apenas três meses, seu governo parece se desmanchar.

A falta de água, o risco de apagão e um Congresso mais hostil do que nunca completam a equação explosiva. Não é à toa que a hipótese de um processo de impeachment passou a rondar as conversas em Brasília, embora ainda não haja provas de envolvimento da presidente no petrolão.

Em 2005, Lula se disse traído, jogou aliados ao mar e usou seu carisma único para reagir. A economia ajudou, e ele conseguiu se erguer da lona. Mergulhada em uma crise mais grave e sem a força política do padrinho, Dilma aparenta não ter ideia do que fazer para sair do buraco.

 

HENRIQUE MEIRELLES

O mundo manda recado

Com recessão, apagão, seca e petrolão, é normal ficarmos obcecados pelos problemas domésticos. Mas é importante nesse tipo de situação olhar o que ocorre no mundo para ter visão mais clara de como tratar esses emaranhados de crises imediatas.

A Grécia --que, por décadas, manteve políticas protecionistas, regulação restritiva, elevação de gasto público e de endividamento-- mais uma vez entrou em crise e agora pede perdão de dívidas e autorização para gastar mais para aliviar o sofrimento da população.

Enquanto isso, a Índia, gigante emergente, tem expansão acelerada que pode levá-la a ultrapassar a China em crescimento. Isso é resultado da eleição de um primeiro-ministro com políticas modernas que favorecem a competição, a quebra de monopólios, a modernização das estatais e o combate à burocracia indiana.

Já a China paga hoje por exageros passados e atinge os limites do modelo baseado no forte controle estatal pelo Partido Comunista. Enquanto o país tenta aumentar a capacidade de compra da população, equilibrar a economia e corrigir os exageros, promove amplo combate à corrupção, com mais de 50 mil burocratas ou pessoas ligadas ao PC já denunciadas.

Na Europa estagnada, é oportuno observar o sucesso da economia britânica. O Reino Unido cresce a taxas elevadas, cria empregos e serve de contraste ao continente europeu. É um país que, desde a era Thatcher, empreendeu reformas radicais, abriu mercados e quebrou monopólios estatais. O ciclo político seguinte, do novo trabalhismo, procurou conjugar as reformas thatcheristas com políticas sociais. Com a volta dos conservadores ao poder, em 2010, Londres adotou austeridade fiscal e contenção de despesas públicas, liberando recursos na sociedade para investimento e consumo privados.

Importante notar que, ao contrário do que ocorreu em outros países europeus, essa eficiente austeridade foi adotada depois das reformas profundas na economia britânica.

Nos EUA, o crescimento é sólido, apesar dos vaticínios catastrofistas dos que consideravam o aumento do gasto público a única saída para a crise e que falavam em "abismo fiscal" após o corte de gastos imposto pelo Congresso. Com seu dinamismo econômico, empreendedorismo, Banco Central independente, regulamentação pró-mercado e pró-competição, os EUA agora voltam a liderar a economia mundial.

Tudo isso leva a conclusões irrefutáveis: o caminho da prosperidade passa por uma administração profissional de governos e estatais, uma regulação pró-competição que dê condições aos empresários de empreenderem e gerar crescimento e emprego, um bom funcionamento do sistema de preços e a maior transparência possível. (HENRIQUE MEIRELLES).

 

 

Na dúvida, fique com a lei. Ou: O PT é um partido político ou uma quadrilha?

Que fim melancólico terá o PT! Acaba de completar 35 anos no auge de sua decadência moral, envolto em infindáveis escândalos de corrupção, que fazem todos os casos anteriores parecerem crimes de pequenas causas, e ainda assume a postura de defesa oficial dos corruptos, acusando de “golpismo” aqueles que exigem apenas a aplicação das leis.

A presidente Dilma, em vez de aparecer em público para explicar o evidente estelionato eleitoral, preferiu discursar no evento do aniversário do PT. Nenhuma palavra sobre a destruição da Petrobras, que não será interrompida com a indicação de um novo presidente claramente subserviente ao Planalto. Em vez disso, atacou os “golpistas”:

Nós temos força para resistir ao oportunismo e ao golpismo, inclusive quando se manifesta de forma dissimulada. Estamos juntos para vencer aqueles que tentam forjar catástrofe e flertam com a aventura. [...] Nós não podemos vacilar, não podemos temer. Se tiver erro, aqueles que erraram que paguem pelos erros, mas temos de preservar a história de nosso partido e do meu governo e do presidente Lula.

A presidente não disse uma só palavra sobre as acusações de Pedro Barusco, sob delação premiada (precisa provar as denúncias), de que o seu partido desviou mais de meio bilhão de reais só de uma diretoria da Petrobras. “Se tiver erro”? Como assim? A presidente ainda confia no tesoureiro do partido, João Vaccari Neto? Então é cúmplice!

E de cumplicidade o ex-presidente Lula entende. Sua frase em defesa de Vaccari ficou famosa: “Na dúvida, fique com o companheiro”. Lula tenta apelar para a máxima jurídica que diz in dubio pro reo, ou seja, com ausência de provas, o réu deve ser considerado inocente. Lula já coloca o tesoureiro do partido como réu no processo. O mesmo era dito sobre Delúbio Soares e o mensalão, que, aliás, Lula e boa parte do PT insistem em negar ter existido. O alvo, para não variar, foi a imprensa:

O critério da imprensa não é critério da informação. Achamos que tudo o que acontece no país tem que ser noticiado. O critério adotado pela imprensa é a criminalização do PT desde que chegamos aqui. Eles trabalham com uma convicção que é preciso criminalizar nosso partido. Não importa que seja verdade ou não verdade.

A vitimização é a marca registrada do PT. E dos bandidos! Todos os presos costumam repetir que são inocentes, vítimas. Quem criminalizou o PT não foi a imprensa, e sim os petistas. A cúpula do partido, sob a conivência ou negligência dos partidários, que desejam preservar suas boquinhas estatais.

O que diferencia pessoas decentes de mafiosos é que os primeiros valorizam os princípios, os últimos, os seus companheiros. A lealdade dos primeiros é com os valores universais, com as leis isonômicas, e a dos últimos é com seus comparsas de crime.

Há, sem dúvida, uma ala do PT “indignada”, um grupo que se diz contra seus métodos e a corrupção que tomou conta da sigla. Mas não se enganem: quem sabe de tudo que o PT fez até aqui, da defesa oficial que o partido faz de seus corruptos, e nele permanece, é cúmplice!

O jornalista Merval Pereira foi direto ao ponto em sua coluna de hoje, e descreveu com perfeição a podridão que o PT representa atualmente:

Não há mais volta nesse pântano em que o PT se encalacrou, e o que vier daí será apenas para aumentar o ridículo da situação, dar o tom escandaloso dessa tragicomédia em que nos meteram.
Quando a presidente Dilma Rousseff, a grande muda nesses dias de crises, sai de seus cuidados para dar posse no ministério das ações estratégicas a Mangabeira Unger, e fala da importância do pré-sal para nossa educação, aí vemos que ela está fora de órbita.

[...]

Quando o ex-presidente Lula, como um Jim Jones aloprado, leva ao suicídio político seus seguidores repetindo na festa dos 35 anos do PT o mesmo discurso da festa dos 25 anos, em que o mensalão estava em evidência, vemos que o partido não saiu do lugar onde sempre esteve. Dez anos depois, o petrolão rebobina o filme para contar novamente a mesma história. 

O PT manteve os mesmos instrumentos de fazer política que sempre usou, transformando o cenário brasileiro em uma baixa disputa sindicalista, em que valem todos os métodos para vencer, e em que o adversário torna-se inimigo e precisa ser destruído, não apenas derrotado.

O editorial da Veja desta semana também mencionou a decadência ética do PT e a traição que isso representa aos seus ideais fundadores:

Um leitor fez uma comparação entre partido político e organização criminosa, usando as definições do dicionário, para concluir que o PT não pode mais ser considerado um partido:

O PT não é um partido; é uma organização criminosa!

Veja: entende-se por partido político uma “organização social espontânea que se fundamenta numa concepção política ou em interesses políticos comuns, e que se propõe alcançar o poder”, ou seja, uma “associação de pessoas em torno dos mesmos ideais, interesses, objetivos etc.” (Houaiss3), sendo livre a criação e fusão de partidos, e com autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento, conforme preceitua o art. 17, caput, e § 1º da CF/88.

A organização criminosa, por sua vez, está definida no art. 1º, § 1º da Lei n. 12.850/13, que assim dispõe:

” Art. 1º. Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado.
§ 1º. Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.”

Logo, resta cabalmente caracterizada a organização criminosa disfarçada na forma de partido político, o Partido dos Trabalhadores.

Difícil contestar sua lógica. Principalmente quando vemos a defesa oficial que o PT faz, na figura se seu presidente Rui Falcão, de seus corruptos. Ou o ex-presidente Lula atacando a imprensa e fingindo que o mensalão não existiu. Ou a presidente Dilma seguindo o mesmo caminho.

O PT não tem mais partidários; tem cúmplices!

Rodrigo Constantino

Fonte: Veja + Folha

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