Propina na BR Distribuidora ocorreu 'até a data de hoje', diz procurador

Publicado em 05/02/2015 16:45
O esquema de corrupção "é muito vasto"...

A nova frente de investigação da Operação Lava Jato, que apura o pagamento de propinas na BR Distribuidora pela empresa catarinense Arxo, funcionou "até a data de hoje", segundo o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima.

"Eu diria que vai até a data de hoje", afirmou o procurador, que integra a força-tarefa da operação responsável pela investigação de corrupção na Petrobras. "É muito recente."

A BR Distribuidora é a subsidiária da Petrobras que atua na distribuição, comercialização e industrialização de produtos de petróleo e derivados, além de atividades de importação e exportação. Segundo a petroleira, a empresa tem mais de 7.000 postos de combustíveis –a maior rede do país.

A Arxo, sediada em Piçarras (litoral norte de Santa Catarina), produz tanques para armazenamento de combustível, e era fornecedora da BR Distribuidora. Ela ainda tem contratos em andamento com a estatal.

Segundo o procurador, a nona fase da Lava Jato, deflagrada nesta quinta (5), começa a descobrir um amplo leque de empresas envolvidas em corrupção.

"Saímos do núcleo empreiteiras. É muito mais variado do que isso", declarou Lima.

Na sétima fase da Lava Jato, deflagrada em novembro, executivos de grandes empreiteiras do país foram presos.

A investigação, que agora identificou 11 novos operadores do pagamento de propinas na Petrobras e na BR Distribuidora, mostrou um esquema de corrupção "muito vasto", de acordo com o procurador.

"Não foram uma ou duas operações. São centenas de operações, das mais variadas."

Dois empresários, um sócio e um diretor da Arxo, já foram detidostemporariamente pela PF em Itajaí (litoral de Santa Catarina), e serão encaminhados à sede da polícia em Curitiba até o final da tarde.

Outro sócio da Arxo, também com mandado de prisão temporária, está em viagem ao exterior, mas deve regressar ao Brasil ainda nesta quinta.

Um quarto mandado de prisão, contra um operador do esquema que vive no Rio de Janeiro, ainda não havia sido cumprido até a publicação desta reportagem.

A expectativa, agora, é que outras empresas envolvidas no esquema procurem o Ministério Público Federal para prestar informações sobre o caso, comentou o procurador.

OUTRO LADO

A Arxo soltou uma nota nesta manhã afirmando que está "prestando as informações solicitadas pela Receita e Polícia Federal".

"A intenção da empresa é contribuir com o trabalho das autoridades, ajudando-os com todo e qualquer esclarecimento necessário", afirma a nota. As atividades administrativas da empresa foram suspensas, mas a produção da fábrica continua em andamento.

A BR Distribuidora afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que "ainda não foi comunicada oficialmente por qualquer autoridade ligada a operação Lava Jato sobre as informações divulgadas hoje pela imprensa". A companhia informou que está apurando internamente se tem ou teve contrato com a empresa Arxo, citada nas investigações, e de que natureza seriam esses contratos.

  Lalo de Almeida/Folhapress  
O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, chega à sede da PF em São Paulo para prestar depoimento

VACCARI NETO

Nesta nova fase da Lava Jato, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, foi levado à PF para prestar depoimento. A polícia afirma que ele é um dos 11 novos operadores investigados por intermediar o pagamento de propina a agentes públicos das estatais.

Com Vaccari, a polícia espera obter informações sobre doações ao partido por empresas que mantinham contrato com a Petrobras. "Nem sempre essas doações passam pelo caminho legal", afirmou o procurador Carlos Fernando Lima.

Segundo o delegado Igor Romário de Paula, Vaccari foi conduzido para esclarecer o "pedido de doações legais e ilegais" ao PT, feito por ele tanto a pessoas que tinham contratos com a Petrobras quanto a quem não tinha. Vaccari chegou à sede da Superintendência da PF em São Paulo, na Lapa, por volta das 9h30 e deixou o local de táxi, às 12h30, acompanhado por um advogado.

As informações sobre os pedidos partiram de colaboradores da investigação, como o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, que firmou acordo de colaboração premiada com a Justiça.

A grande dificuldade da Polícia Federal, agora, será identificar essas doações ilegais, feitas na maioria das vezes com dinheiro vivo, segundo o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima.

"Isso é muito difícil de rastrear. Essa verificação é que será feita a partir de hoje", afirmou.

Além dos depoimentos dos colaboradores, a investigação ira atrás de extratos da movimentação bancária dos operadores e empresários envolvidos, além de registros de visitas para a entrega do dinheiro.

"A prova, basicamente, será indiciária", afirma Lima.

Fonte: Folha de S. Paulo

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