Folha informa que Dilma e Graça acertam saída de toda diretoria da Petrobras
A presidente Dilma Rousseff acertou com Graça Foster um cronograma de saída de toda a diretoria da Petrobras.
Ambas se reuniram no Palácio do Planalto após aFolha revelar nesta terça-feira (3) a decisão de Dilma de trocar o comando da estatal.
A reunião durou cerca de três horas. A dirigente da estatal chegou ao Palácio do Planalto assim que Dilma retornou da viagem a Campo Grande (MS), por volta das 14h30. Foster deixou o Planalto pouco depois das 17h e seguiu para o aeroporto de Brasília.
Graça e os demais integrantes da cúpula da empresa devem ficar no cargo até o fim deste mês. As duas combinaram que a executiva se dedicará nos próximos dias a chegar a um número crível de prejuízo devido à corrupção na companhia.
Petrobras sobe 15%, a maior alta desde 1998, com possível saída de Graça
As ações da Petrobras registraram a maior alta diária desde setembro de 1998 com a expectativa em torno da saída de Graça Foster do comando da estatal, conforme apurou a Folha nesta terça-feira (3).
Os papéis preferenciais da petrolífera subiram 15,47%, para R$ 10, maior alta percentual diária desde 15 de setembro de 1998, quando as ações subiram 18,10%, para R$ 1,875.
As ações ordinárias fecharam em alta de 14,24%, para R$ 9,79, maior valorização diária desde 6 de março de 2013, quando os papéis avançaram 15,16%, para R$ 16,41.
A valorização desta terça também foi a maior em um único dia desde 2000, quando foi instituído o Novo Mercado (segmento da BM&FBovespa que aumentou as exigências de governança das empresas negociadas), embora a Petrobras não faça parte desse nicho.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou em alta de 2,76%, para 48.963 pontos. O volume financeiro negociado no pregão foi de R$ 7,3 bilhões, acima da média diária negociada no ano, que é de R$ 6,314 bilhões, até o dia 2 de fevereiro. Das 68 ações, 51 subiram, 16 caíam e uma se manteve inalterada.
A forte alta nas ações da Petrobras foi provocada pela informação de que o Planalto teria decidido substituir Graça Foster à frente da presidência da estatal.
A avaliação do governo é de que a posição da atual presidente da Petrobras é insustentável diante do escândalo de corrupção que atinge a empresa.
Para Luis Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos, a informação guiou a forte alta na cotação dos papéis da empresa. "Há uma expectativa de reestruturação, que deve passar pela mudança de gestação e pela nomeação de executivos menos ligados ao governo e mais associados ao mercado, o que traz um fôlego novo às ações da estatal", diz.
A notícia da saída de Graça ofuscou o rebaixamento da nota da estatal pela agência de classificação de risco Fitch, anunciada na tarde desta terça-feira.
A agência citou a "crescente e prolongada incerteza" em relação à habilidade de a empresa estimar as perdas decorrentes de corrupção. O rebaixamento, segundo a Fitch, afeta diretamente cerca de US$ 50 bilhões em dívida emitida pela empresa. Foram rebaixados de BBB para BBB-, o último degrau considerado grau de investimento, espécie de selo de bom pagador para sua dívida.
Agência Fitch rebaixa Petrobras para último nível do grau de investimento
A agência Fitch de classificação de risco rebaixou a avaliação da Petrobras citando a "crescente e prolongada incerteza" em relação à habilidade de a empresa estimar as perdas decorrentes de corrupção.
O corte, segundo a agência, afeta diretamente cerca de US$ 50 bilhões em dívida emitida pela empresa. Foram rebaixados de BBB para BBB-, o último nível considerado grau de investimento, espécie de selo de bom pagador para sua dívida (veja escala de notas abaixo). Outra agência, a Moody´s, já havia reduzido todas as notas de risco da estatal para nível semelhante no fim de janeiro.
A agência colocou ainda em perspectiva negativa as notas da Petrobras, indicando que poderá ocorrer um novo rebaixamento. Se isso acontecer, a empresa perderá o grau de investimento, o que pode implicar forte venda de títulos e ações da Petrobras.
"A falta de clareza prolonga as incertezas que cercam em relação à habilidade da companhia de fazer os ajustes necessários para atender as cláusulas de contratos que pedem que a empresa divulgue um balanço auditado no máximo após 120 dias da data limite", afirmou em nota.
Segundo a agência, a decisão de atrasar o chamado "impairment", a reavaliação de ativos devido a perdas com corrupção, "evidencia a dificuldade da estimar a magnitude da corrupção em pagamentos superfaturados e o valor justo dos ativos fixos".
AGÊNCIA MOODY´S
Em 29 de janeiro, outra agência de classificação de risco Moody's rebaixou todas as notas de crédito da Petrobras, citando preocupações com investigações sobre corrupção na estatal e possíveis impactos do atraso da divulgação do balanço auditado na saúde financeira da companhia.
Com as notas nesse nível, a Petrobras manteve o chamado grau de investimento (chancela de empresa segura para se investir), mas ficou a um passo de perdê-lo também pela escala da Moody´s.
"Atrasos na publicação de resultados financeiros trazem o risco de que os credores tomem ações que possam, eventualmente, levar ao aceleramento dos resgates", disse a agência em comunicado oficial.
As avaliações passaram de Baa2 para Baa3 e, segundo a Moody's, permanecem em revisão para mais um rebaixamento.
No final de dezembro, a agência Moody's colocou a nota de crédito Baa2 da Petrobras em revisão para possível rebaixamento. Esse é o passo anterior a um corte, o que significa que a agência vai analisar informações sobre a estatal que podem embasar uma redução. Com a mudança, a petroleira passaria a ter nota Baa3 e ficaria a apenas um passo de perder o grau de investimento.
No início do mês, a Moody´s já havia reduzido a nota individual da Petrobras(que considera a empresa de forma independente de seu controlador, a União), assim como a da Eletrobras. Nos dois casos, as notas de classificação mais importante foram preservadas.
E no último dia 17, outra agência de classificação de risco, a S&P (Standard and Poor´s) rebaixou o perfil de crédito individual da Petrobras de BBB- para BB. A mudança significou que, considerada de forma independente de seu controlador, a estatal passou a ter uma nota correspondente ao chamado grau especulativo.
O grau especulativo indica que a empresa tem um risco considerável de calote de sua dívida. A S&P reafirmou, no entanto, a nota de crédito corporativo da petroleira em BBB-, o mais baixo patamar do grau de investimento, devido à grande probabilidade de "ajuda extraordinária pelo governo", em caso de dificuldade financeira.