Soja tem pregão estável nessa manhã de 6ª feira em Chicago e tenta manter leves altas

Publicado em 16/01/2015 09:15

Nesta sexta-feira (16), o mercado internacional da soja exibe uma tentativa de estabilidade e opera com ligeiros ganhos entre as posições mais negociadas na Bolsa de Chicago. Por volta das 9h50 (horário de Brasília), as altas variavam entre 2,25 e 4 pontos, com o maio/15 recuperando o patamar dos US$ 10,00 por bushel. 

As cotações tentam se recuperar das fortes baixas registradas na sessão anterior, motivadas pelas projeções de uma área recorde de plantio com soja nos EUA na safra 2015/16, depois de uma semana de intensa volatilidade. 

Durante os últimos dias, os investidores tiveram de lidar com a divulgação de diversos dados que deixaram os negócios mais voláteis no cenário internacional. Entre eles, o novo boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), os semanais de embarques e vendas para exportação, o esmagamento de soja em dezembro e as novas projeções da Informa Economics para os EUA. 

Paralelamente, há ainda a influência do mercado financeiro e do quadro macroeconômico mundial ainda de olho nos desdobramentos da crise do petróleo, na saúde das principais economias globais e, principalmente, no andamento do dólar não só frente ao real, mas à cesta das princiais divisas. 

Veja como fechou o mercado nesta quinta-feira:

Soja cede forte em Chicago nesta 5ª feira e preços despencam no interior do Brasil

Os preços da soja despencaram no mercado internacional e fecharam a sessão desta quinta-feira com perdas de mais de 16 pontos nas posições mais negociadas na Bolsa de Chicago e os dois primeiros vencimentos terminaram o dia abaixo dos US$ 10,00 por bushel. 

Apesar de alguns números positivos vindos do lado da demanda - com as vendas para exportação norte-americanas e o esmagamento de soja nos EUA em dezembro - a chegada das projeções da Informa Economics para a área de plantio da safra 2015/16 dos Estados Unidos pesaram sobre as cotações e derrubaram o mercado, segundo explicou o consultor de mercado Carlos Cogo, da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica. 

A consultoria estimou um expressivo aumento de 3,8% na área de soja dos EUA em relação à temporada 2014/15, a qual deve passar de 35 milhões de hectares. Se confirmada e comparada à safra 2013/14, esse aumento chega a impressionantes 15%.

"No médio e longo prazo esses números vão se confirmando e podem até mesmo levar o mercado a uma nova linha de preços", explica Cogo. O consultor afirma ainda que esse aumento vem em detrimento à área de milho frente a uma melhor relação de rentabilidade dos preços da soja frente aos do cereal. Entretanto, o efeito dessas informações ainda é pontual e essa foi, segundo explicou o consultor, uma reação imediata do mercado.

Passada a pressão dessas projeções, ainda de acordo com Cogo, o mercado volta-se aos seus fundamentos de demanda e direciona suas atenções também à situação do clima na América do Sul. 

Da demanda, vêm informações positivas, como o acelerado ritmo das compras chinesas e das vendas norte-americanas. O consultor acredita que as importações chinesas, pelo ritmo em que acontecem, deverão alcançar patamares bem maiores do que os estimados atualmente. 

Na semana que terminou em 8 de janeiro, as vendas de soja norte-americanas ficaram em 1.438,2 mil toneladas, sendo 1.133,2 mil da temporada 2014/15 e 305 mil da safra 2015/16. O volume da safra velha superou o registrado na semana anterior, de 910,6 mil, e ficou acima das projeções dos traders, que variavam entre 700 mil e 900 mil toneladas. 

Assim, o acumulado de vendas da temporada atual já soma 44,323 milhões de toneladas, contra 48,17 milhões estimadas pelo USDA para serem exportadas em todo o ano comercial 2014/15. 

Ainda nesta quinta-feira, o mercado recebeu as informações da Associação Nacional dos Processadores de Oleaginosas dos EUA) que trouxeram um aumento no esmagamento de soja nos EUA em dezembro. Foram processadas 4,5 milhões de toneladas e esse número ficou ligeiramente menor do que o esperado, de 4,52 milhões de toneladas. Ainda assim, o total foi bem maior do que o volume de soja processado em novembro, de 4,05 milhões de toneladas.

Paralelamente, há ainda as informações de clima e de perda de rendimento e produtividades irregulares não só no Brasil, mas na Argentina e no Paraguai também, onde as condições são adversas para o bom desenvolvimento e conclusão das lavouras. "Mas o mercado ainda não deu importância para esses problemas de clima na América do Sul e só deverá haver uma normalização das condições depois do dia 22 de janeiro", afirma Carlos Cogo. 

Mercado Interno e Comercialização

Para os preços no mercado interno, o consultor afirma que o diferencial ainda é o dólar e que tendências sinalizam um avanço da moeda norte-americana frente ao real, apesar das recentes baixas. Segundo Cogo, especialistas trabalham com um intervalo entre R$ 2,70 e R$ 2,80 para a divisa e isso, se confirmando, pode trazer melhores oportunidades de comercialização. 

Nesta quinta-feira, a despencada das cotações em Chicago pressionou severamente os preços no mercado brasileiro. Nem mesmo a pequena alta do dólar foi suficiente para compensar o forte recuo no cenário internacional. Entre as principais praças de comercialização, as baixas foram de 0,89 a 6,9%, com a saca de soja variando entre R$ 50,00 e R$ 56,00,  de acordo com o levantamento feito pelo Notícias Agrícolas. 

Nos portos, os preços também cederam. Em Rio Grande, a soja perdeu 1,25% no produto disponível, que fechou o dia a R$ 63,00, enquanto o produto com entrega em maio se manteve estável em R$ 61,50. Já em Paranaguá, a soja a ser entregue em abril terminou em R$ 60,00, perdendo 2,28%. 

Segundo Carlos Cogo, ainda há muito interesse comprador no mercado, entretanto, o interesse de venda se restringe cada vez mais diante desse quadro de um dólar mais fraco e de cotações pressionadas em Chicago. Para o consultor, melhores oportunidades estão por vir e os produtores poderão voltar às vendas na medida em que os preços se aproximam novamente dos US$ 10,50 na CBOT e que o dólar recupere os US$ 10,70, ou seja, valores praticados nos portos entre R$ 65,00 e R$ 67,00 por saca, pelo menos.  Até que isso aconteça, as negociações no Brasil seguem travadas. 

Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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