Após 3 quedas, Ibovespa fecha em alta de 0,75%, mesmo com baixa de Petrobras
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A Bovespa fechou no azul nesta terça-feira, apoiada nas ações de bancos, da Vale, de siderúrgicas, que compensaram a pressão do setor de educação e de Petrobras, que refletiu a queda do petróleo e dados fracos nos Estados Unidos.
Após três pregões no vermelho, o Ibovespa subiu 1,02 por cento, a 48.000 pontos, próximo da máxima de 48.061 pontos. Na mínima, chegou a cair 0,38 por cento. O volume financeiro totalizou 7,7 bilhões de reais.
A alta do minério de ferro e expectativas de investimentos em infraestrutura na China, um dia após dados fortes de exportações brasileiras de minério, beneficiaram Vale, enquanto especulações sobre recomposição no preço e movimentos técnicos impulsionaram as siderúrgicas.
Gerdau disparou 11 por cento, com profissionais do mercado citando relatório do Goldman Sachs comentando que a empresa planeja cortar despesas, além de analisar cenários para mudança de preços de produtos no primeiro trimestre.
O BTG Pactual disse que há dúvida sobre reajustes de preços, mas alguns operadores confirmaram informações de aumento.
"Conversando com a Gerdau, o prêmio para o vergalhão no Brasil esta abaixo de 5 por cento e, teoricamente, caberia um aumento nas próximas semanas", disse o BTG Pactual a clientes.
Ações com forte participação no Ibovespa como as dos bancos Itaú e Bradesco e da gigante de bebidas Ambev também deram suporte ao índice.
CONTRAPESO
Petrobras chegou a operar no azul, mas sucumbiu à queda expressiva do petróleo. Profissionais também citaram matéria da agência Bloomberg de que a empresa considera cortar os preços da gasolina para se proteger de competidores.
Em nota a clientes, o HSBC lembrou que o prêmio dos combustíveis no Brasil em relação ao preço no mercado externo está em 60 por cento para gasolina e 49 por cento para o diesel.
"Vemos dois pontos principais com essa situação. Poderíamos começar a ver alguns volumes importados de distribuidores de combustíveis, apesar dos gargalos de infraestrutura. Além disso, acreditamos que isso começa a chamar a atenção do governo para a possibilidade de reduzir os preços de refinaria para que a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) seja elevada sem impacto sobre os preços na bomba e nas taxas de inflação."
O mercado também segue na expectativa pelo resultado do terceiro trimestre da Petrobras, que está no centro de um escândalo de corrupção. A preferencial caiu 3,25 por cento, na mínima desde setembro de 2004, enquanto a ordinária cedeu 2,54 por cento, no piso desde maio de 2004.
Incertezas sobre a política de preços da estatal do petróleo também pressionou as ações do grupo de energia e infraestrutura Cosan, que terminaram em baixa de 3,94 por cento.
As ações do setor de educação voltaram a cair, em meio às mudanças nas regras de programas voltados ao financiamento do ensino superior, com Kroton e Estácio entre as maiores perdas do Ibovespa. Fora do índice, Anima Educação caiu 14,2 por cento e SER Educacional perdeu 12,9 por cento.
Outro destaque negativo foi JBS, maior produtora global de carnes, em baixa de 2,2 por cento, após reportagem de um jornal ligando a controladora da empresa à operação Lava Jato da Polícia Federal, que investiga denúncias de corrupção na Petrobras. A J&F Investimentos, controladora da JBS, negou qualquer conexão com a Operação Lava Jato.
Oi desabou 16,7 por cento. A Portugal Telecom SGPS, uma das principais acionistas da operadora brasileira, foi alvo de buscas policiais dentro de um inquérito sobre fraude qualificada.
Fora do Ibovespa, Eletropaulo avançou 3,6 por após liminar livrar a empresa de ter que devolver cerca de 626 milhões de reais a consumidores. A Aneel ainda definiu novo índice de reajuste tarifário anual para a empresa.
Em Wall Street, os principais índices estendiam a queda da véspera, com dados mostrando que o ritmo de expansão da economia norte-americana desacelerou. A queda do petróleo colocava os papéis de energia entre as principais baixas.