Dólar sobe mais de 1% e vai a R$2,64 com incertezas sobre BC e exterior

Publicado em 11/12/2014 16:08

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta de mais de 1 por cento nesta quinta-feira, encerrando a 2,64 reais pela primeira vez em quase dez anos, impulsionado por dúvidas sobre o futuro do programa de intervenções do Banco Central no câmbio e o ambiente externo mais desfavorável.

A moeda norte-americana subiu 1,34 por cento, a 2,6476 reais na venda, máxima de fechamento desde 1º de abril de 2005, quando ficou em 2,660 reais. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,5 bilhão de dólares.

"O cenário externo piorou bastante durante a tarde e o mercado, que já está nervoso porque não sabe o que vai acontecer com o programa do BC, bateu as máximas. O resultado é que todo mundo que estava vendido se apavora e foge", disse o gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho.

Uma rodada de dados fortes sobre a economia dos Estados Unidos, incluindo vendas no varejo, deixou investidores nervosos a uma semana da reunião do Federal Reserve, banco central norte-americano. Os agentes financeiros temem que o Fed abandone a promessa de manter os juros quase zerados por um "tempo considerável", o que tenderia a impulsionar o dólar.

Segundo operadores de importantes casas de câmbio, operações automáticas de compra de divisa foram ativadas quando o dólar atingiu cotações próximas de 2,63 reais. Investidores vendidos em dólares haviam montado essas operações ("stop-loss") para limitar suas perdas.

O avanço aumentou a pressão sobre o mercado de câmbio, que já vive as incertezas sobre a continuidade do programa de atuações diárias do BC no câmbio.

"O mercado está ansioso em relação a essa questão das atuações diárias e há incerteza sobre como vai ser a política econômica. O ambiente ainda não está tranquilo", resumiu o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira.

Atualmente, o BC oferta diariamente até 4 mil contratos de swap cambial tradicional, equivalentes a venda futura de dólares, em programa marcado para durar até pelo menos o fim deste ano. O presidente do BC, Alexandre Tombini, tem dito que o atual estoque de contratos, de cerca de 100 bilhões de dólares, dá conta da demanda por proteção cambial, alimentando expectativas de que a atuação pode perder força ano que vem.

Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 4 mil swaps cambiais pelas rações diárias, com volume correspondente a 197,9 milhões de dólares. Foram vendidos 1,7 mil contratos para 1º de junho e 2,3 mil para 1º de setembro de 2015.

O BC também vendeu a oferta integral de até 10 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de janeiro, equivalentes a 9,827 bilhões de dólares. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 45 por cento do lote total.

Investidores têm as atenções voltadas também para a nova equipe econômica, encabeçada por Joaquim Levy no Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa no Planejamento e Alexandre Tombini no BC. Os três têm sinalizado uma política econômica mais ortodoxa, o que tem agradado o mercado, mas os agentes financeiros querem ver agora quais medidas concretas serão tomadas.

"Mesmo sabendo que estamos caminhando na direção de melhorar, a jornada não vai ser fácil", disse o operador de uma corretora internacional.

(Por Bruno Federowski)

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Dow Jones atinge recorde de fechamento após dados econômicos favoráveis dos EUA
Dólar à vista fecha em alta pela 5ª sessão apesar de intervenções do BC
Ibovespa tem melhor mês do ano com expectativa sobre juros nos EUA
Taxas longas de juros futuros disparam com temor fiscal após alta da dívida bruta no Brasil
S&P fecha em alta após dados econômicos favoráveis dos EUA
Desemprego baixo não provoca "inflação grande" em serviços, mas preocupa, diz Campos Neto