Bovespa fecha estável, mas prudência com eleição no domingo reduz giro
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A Bovespa fechou praticamente estável nesta quarta-feira, em sessão marcada por volume reduzido, reflexo de um mercado cauteloso antes da definição da eleição presidencial no domingo.
A ausência de grandes novidades na cena eleitoral amparou uma trégua na forte queda dos últimos dois dias, de quase 6 por cento, por ajustes ao cenário com Dilma Rousseff (PT) à frente numericamente na corrida presidencial.
O Ibovespa encerrou com variação negativa de 0,04 por cento, a 52.411 pontos, renovando o menor patamar desde 5 de junho.
No melhor momento da sessão, o principal índice da bolsa paulista alcançou 53.229 pontos, com alta de 1,52 por cento, acompanhando a melhora de Wall Street. Mas as bolsas nos Estados Unidos enfraqueceram, respingando na Bovespa.
O volume financeiro do pregão somou 7 bilhões de reais, bem abaixo da média diária de outubro, de 10,9 bilhões de reais até o dia 21.
Pesquisa Datafolha publicada nesta quarta-feira manteve resultado de levantamento conhecido na segunda-feira: Dilma com 52 por cento dos votos válidos e Aécio Neves (PSDB) com 48 por cento, em empate técnico no limite da margem de erro.
O analista Marco Aurélio Barbosa, da CM Capital Markets, avalia que a liderança da presidente dentro da margem de erro já está bastante precificada, e que o Ibovespa não deve variar muito se novas pesquisas repetirem tal cenário.
Barbosa, contudo, avalia que novas quedas podem acontecer se a vantagem de Dilma aumentar, embora não vislumbre "o fim do mundo" na bolsa, mesmo no caso de reeleição da petista, pois o mercado já ajustou bastante.
"Agora, se reverter para o Aécio, (tanto em melhora na pesquisa, como eventual vitória na eleição), a bolsa sobe", disse.
Operadores e analistas têm manifestado insatisfação com as diretrizes econômicas do atual governo, e resultados de pesquisas sugerindo manutenção ou alternância do governo em Brasília têm refletido na bolsa.
A avaliação de profissionais no mercado é de que a volatilidade deve persistir, com a divulgação de uma bateria de novas pesquisas prevista para os próximos e a indefinição em relação ao pleito do dia 26.
As ações da Petrobras até experimentaram um alívio mais cedo nesta sessão, mas não sustentaram-se no azul na segunda etapa, um dia após a Moody's cortar os ratings da dívida da empresa, com perspectiva negativa.
BALANÇOS
Também mereceram atenção nesta quarta-feira os primeiros balanços trimestrais de empresas listadas no Ibovespa, como o da Fibria, que apresentou pela manhã um resultado melhor do que o esperado por analistas entre julho e setembro e valorizou-se 0,85 por cento.
Souza Cruz subiu 2,37 por cento, após a empresa divulgar na noite da véspera queda de cerca de 9 por cento no lucro no terceiro trimestre. Analistas consideraram os números fracos, mas alguns destacaram que o valor do papel começa a ficar atrativo e que pode ser um papel defensivo.
Após o fechamento, Cia Hering divulgou lucro líquido de 70,89 milhões de reais no terceiro trimestre e geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de 74,7 milhões de reais. Pesquisa da Reuters com analistas apontava lucro líquido de 69,8 milhões de reais e Ebitda de 78,2 milhões de reais.
Ainda é aguardado o balanço de Natura. Prévia da Reuters com analistas aponta lucro líquido de 221,5 milhões de reais para a empresa de cosméticos.
Eletropaulo esteve entre as maiores altas, após o Credit Suisse elevar a recomendação do papel de "underperform" para "neutra", com os analistas do banco vendo possibilidades favoráveis razoáveis no caso de mudanças em variáveis como WACC regulatório (custo de capital que reflete o retorno sobre o investimento das companhias), gastos operacionais e juro de longo prazo.